segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Família

A crescente modernização por que passa o mundo tem afetado muito o convívio das pessoas em casa, provocando o isolamento delas que, dividindo o mesmo espaço, não conseguem viver familiarmente.

Há um passado não muito remoto, as pessoas se encontravam, e se divertiam mediante qualquer situação. Nos finais de tarde, um banco de madeira improvisado à frente de uma residência era o suficiente para as pessoas pararem, conversarem e conviverem socialmente.

Essa prática gostosa ocorria também dentro de casa, no seio das famílias, que se reuniam para conversarem, contar histórias, piadas e causos. Cada um participava a seu modo, uns com melhor desenvoltura, outros com certo acanhamento, mas participavam e eram igualmente respeitados por todos.

Em geral, as pessoas não eram escolarizadas, mas demonstravam boa competência em oralidade, porque aquela convivência, aquela interação constante possibilitavam um desenvolvimento notável na realização da linguagem falada.

Hoje, esse modo de convivência mudou. Dentro de uma mesma casa, as pessoas se isolam. Uns gostam de televisão, vão para um quarto assistir às suas programações de preferência. Outros gostam de videogames, vão para outro quarto. Quem gosta de computador permanece noutro local da residência para buscar a satisfação de sua necessidade individual.

Esse processo de isolamento das pessoas dentro de casa é tão sério que quase não se acha tempo para nada. Às vezes, nem para deixar um recado importante ou discutir uma questão essencial à dinâmica da vida familiar. Há um desencontro constante e quase nenhum convívio no seio familiar.

Essa realidade torna as famílias vulneráveis. A falta de diálogo, de comunicação e de interação familiar levam à perda da solidariedade e do espírito fraterno. Os equipamentos com os quais as pessoas interagem dentro de casa são frios, perversos e desalmados. Todos exigem atenção exclusiva. Ver televisão, jogar videogame, operar computador, envolvem o aspecto visual, auditivo e tátil, logo não permite acompanhar o que se passa fora dessas potentes e dominadoras máquinas. Mas a família faz falta, muita falta, na vida de todos.

Precisamos resgatar o seu verdadeiro significado e seu real valor. Pelo menos, alguns momentos precisam ser dedicados ao convívio familiar. Seria importante que todos se encontrassem no café da manhã, no almoço, no jantar e nos finais de semana. Esses instantes devem ser da família e não das máquinas que escravizam as pessoas no ambiente doméstico.

Não sendo possível conciliar os horários de todos para esse convívio familiar, é necessário estabelecer algumas regras, determinando limites que possibilitem o encontro uns com os outros pelo menos para os diálogos e comunicações indispensáveis à dinâmica familiar.Clarificando esses limites, nós adultos estaremos ensinando os filhos, os netos, bisnetos e até os tetranetos a conviverem familiarmente.

Essa prática na fase pueril dá um retorno impressionante, já que as crianças aprendem com o testemunho dos adultos e o que aprendem praticam com naturalidade, sem segredos e sem hipocrisia.Observando os exemplos dos adultos, as crianças vão aprendendo, praticando, amadurecendo e fazendo escolhas. Sendo bom ou positivo o testemunho, este será para elas o melhor ensinamento.

A boa educação, portanto, tem sua origem no berço da própria família, razão por que precisamos fortalecê-la, instruindo os pequeninos, principalmente, com o nosso modo de ser e de viver. Assim, a semente será plantada e, confiando que cada um colhe segundo o que semeia, se cuidarmos bem dessa plantinha, no futuro, colheremos os resultados positivos para o fortalecimento de nossas famílias e conseqüentemente para o bem da nossa sociedade.

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