Gêneros literários
Nossa viagem pelos estudos literários parte do século V a.C. com os
filósofos gregos Platão e Aristóteles. Inicialmente, Platão apresentou uma
definição literária restrita, dividindo a poesia em três partes, épica,
mimética e dramática, uma relacionada ao aspecto narrativo, outra aos recursos
visuais e outra à representatividade. Podemos compreender essa definição
platônica, quando recitamos uma poesia, pois este exercício nos leva a
expressão do sentido da mensagem, que exprime uma força emotiva, realçada com a
combinação dos gestos e das expressões indispensáveis à arte da representação
de todo e qualquer texto.
Aristóteles, por sua vez, procurou ampliar a definição, já que, na sua
concepção, os estudos literários não se restringiam à poesia. Assim qualquer
tentativa de conceituação deveria levar em conta as outras espécies literárias.
Para ele, as obras de arte em literatura poderiam ser agrupadas em dois
gêneros, o épico e o dramático. No primeiro, estariam as obras narrativas, caso
das epopeias, e no segundo, as representativas, caso das tragédias, comédias e
outras em que personagens, em cena, vivenciassem, naquele contexto, a tensão
entre o homem e os problemas do mundo.
Essa conceituação permaneceu até a era cristã, quando o poeta latino,
Horácio, nos anos 60 d.C., acrescentou o gênero lírico à teoria aristotélica,
entendo que as obras de conteúdo sentimental, intimista, não estavam
contempladas. De lá para cá, como pressuposto metodológico, o agrupamento das
obras literárias, pelas suas características análogas ou semelhantes nos
gêneros épico, lírico, ou dramático é o que prevalece.
A título de ilustração, salientamos que pertencem, dentre outros, ao
gênero épico a epopeia, o romance, o conto, a crônica, a novela, a fábula; ao
lírico pertencem a ode (poesia de exaltação, alegre), a elegia (poema de tom
terno e triste), o idílio (poema pequeno de qualquer natureza), as canções, o
acalanto, balada (ritmo lento), acróstico (a 1ª letra formando nome, palavra ou
frase) e soneto, a espécie mais importante em toda história poética da
humanidade. E como exemplo do gênero dramático, citamos a tragédia, a comédia,
a tragicomédia (drama), o auto (representação teatral de um ato) e a farsa
(humor a partir das situações do cotidiano).
Trovadorismo
(século XII ao XIV)
CONTEXTO
A literatura na língua portuguesa surge em Portugal, no século XII. Os
primeiros estilos foram o trovadorismo (século XII, XIII e XIV), o humanismo
(século XV) e o classicismo (renascimento – século XVI). O primeiro foi marcado
pela presença da poesia trovadoresca, que era cantada ao som do instrumento
musical. Era uma literatura de qualidade discutível, com características
linguísticas próximas da oralidade, que apresentava uma visão teocêntrica do
mundo e trazia a mulher como fonte de lirismo. Havia dois tipos de cantigas, as
líricas e as satíricas. Tanto estas como aquelas poderiam ser de dois tipos,
sendo as primeiras de amigo e de amor e as últimas de escárnio e de maldizer.
CARACTERÍSTICAS DAS CANTIGAS
Nas cantigas de amigo, o trovador interpretava os sentimentos femininos,
como se fosse uma mulher fazendo uma confissão amorosa à mãe, à amiga, ou aos
elementos da natureza. A mulher se queixava pela ausência do namorado (amigo).
A canção apresentava estrutura simples com poucas variações de versos. Já as
cantigas de amor revelavam o sentimento do trovador por uma dama que lhe era
indiferente, por ser comprometida, ou por pertencer a uma classe social
elevada, diferente da sua. Prevalece, nessa cantiga, o caráter idealista do
amor, também conhecido como amor platônico.
As cantigas satíricas, de escárnio e de maldizer, fazem uma crítica
contra alguém ou alguma coisa, procurando ridicularizar pessoas, organizações,
ou costumes sociais. A diferença entre uma e outra é que, na primeira, faz-se
uma sátira indireta que se observa nas entrelinhas, enquanto, na segunda,
utiliza-se uma linguagem agressiva, com expressões grosseiras, com a intenção
de denegrir a imagem, ou diminuir a importância do ser, dos costumes, ou dos
hábitos sociais, objeto da sátira.
Humanismo (século
XV)
CONTEXTO
O século XV foi o período de transição entre as ideias teocentristas da
era medieval e as ideias antropocentristas do Renascimento. Essa transição
coincide com a expansão marítima portuguesa e início do mercantilismo europeu.
Foi uma época importante para o desenvolvimento comercial e material, para
ampliação do conhecimento do mundo e dos costumes de outros povos por meio das
grandes navegações. Nesse período, desenvolveram-se a historiografia, com
Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurra e Rui de Pina, a poesia palaciana, com João
Ruiz de Castelo Branco e o teatro, com o criador do teatro popular português,
Gil Vicente, cujas obras principais são "Monólogo do Vaqueiro", ou
"Auto da Visitação" (1502), "Auto da Barca do Inferno"
(1517), "Auto da Barca do Purgatório" (1518), "Auto da Barca da
Glória" (1519), "Farsa de Inês Pereira" (1523) e "O Velho
da Horta" (1512).
A obra de Gil Vicente reflete a passagem da Idade
Média para o Renascimento, época em que as hierarquias e a ordem
social eram regidas por regras inflexíveis. Era o início da subversão da ordem
instituída, que colocava em xeque o poder da aristocracia portuguesa e marcava
o início da ascensão da burguesia. Gil Vicente foi o principal representante da
literatura lusitana, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua
escrita e influenciando a cultura popular de Portugal.
Classicismo (século
XVI)
CONTEXTO
No século XVI, dentro do movimento renascentista, surge, na Europa, o
Classicismo, corroborando as ideias humanistas de valorização e autoafirmação
do homem. De certa forma, foi o resgate dos ideais da antiguidade clássica e
assimilação da cultura Greco-latina. Foi um período de turbulência religiosa,
marcado pelas ideias reformista, de Martinho Lutero, que provocaram a cisão da
igreja, originando o protestantismo. Curioso é que ao mesmo tempo em que o
renascimento procurava valorizar a razão humana, a igreja criava o tribunal da
inquisição para julgar e condenar aqueles que discordavam da sua orientação
religiosa.
Figuram como principais autores do classicismo português Sá de Miranda,
João de Barros, Bernadim Ribeiro, Antônio Ferreira, Fernão Mendes Pinto, Fernão
Cadim e Luiz Vaz de Camões, o mais importante de todos. Camões se destacou como
autor lírico e épico, sendo sua obra mais conhecida, Os Lusíadas.
3) Origens da
literatura brasileira (século XVI)
Com a chegada dos portugueses ao Brasil, no ano de 1500 d.C., surgiram
as primeiras manifestações literárias em terras brasileiras. Nesse período, não
se pode dizer em literatura brasileira, pois os textos eram escritos pelos
cronistas europeus, num primeiro momento, depois, pelos jesuítas. No primeiro caso,
a finalidade era informar à Coroa portuguesa sobre o Brasil, sua fauna e flora
e sobre o homem brasileiro.
Essa literatura de informação sobre a realidade do país tupiniquim
recém-descoberto prevaleceu na primeira metade do século XVI, até a chegada dos
jesuítas em 1548. A partir de então surge a literatura de catequese
praticada pelos missionários portugueses, com finalidade religiosa e
pedagógica. Era preciso ensinar o idioma português aos índios e incuti-lhes os
valores religiosos.
Merecem destaques, na literatura do Quinhentismo brasileiro, os
seguintes autores e obras: A Carta a El-Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha;
Diário de Navegação, de Pero Lopes de Sousa; Tratado da Terra do Brasil, de
Pero Magalhães Gândavo; Narrativa epistolar e tratados da Terra e da Gente do
Brasil, do jesuíta Fernão Cardim; Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel
Soares de Sousa ;História do Brasil, de Frei Vicente de Salvador; Cartas dos
missionários jesuítas enviadas à Europa.
4) Barroco
Brasileiro (século XVII)
CONTEXTO
Somente podemos falar em literatura brasileira a partir dos anos 1600, quando
começa a surgir uma literatura feita no Brasil, sobre o Brasil e para os
brasileiros. Enquanto a nobreza perdia espaço em Portugal, com o fortalecimento
da burguesia, o Barroco brasileiro se desenvolveu, no período em que se
consolidava a aristocracia nacional. A base da economia nacional era a
cana-de-açúcar, cuja exploração era também cobiçada por holandeses e franceses
que acabaram invadindo o país, mexendo com a vida da sociedade brasileira,
ainda fragilizada no processo de consolidação social.
O início do Barroco no Brasil se deu com a publicação do poema épico,
Prosopopeia, de Bento Teixeira. O surgimento de uma poesia com características
brasileiras ocorreu na 2ª fase, com a participação do grupo baiano, constituído
por Gregório de Matos Guerra, Eusébio de Matos, Domingos Barbosa e outros.
Destes, Gregório de Matos merece maior destaque por ter escrito poemas líricos,
satíricos e religiosos. Foi como poeta satírico que ganhou notoriedade,
criticando, em seus poemas, os costumes sociais da época, o clero e os
colonizadores. Na 3ª fase, aparecem algumas academias literárias e os autores
Manuel Botelho de Oliveira, Frei Manuel de Santa Maria Itaparica, entre outros,
também importantes nesse processo de afirmação da Literatura Brasileira.
O jesuíta português, Padre Antônio Vieira, teve também importante participação
no Barroco Brasileiro. Atuou ativamente na busca de soluções para os problemas
sociais da época, no Brasil. Notável intelectual, exímio orador sacro, deixou
sua marca indelével na estética barroca tanto no Brasil como em Portugal.
Ele e Gregório de Matos são os dois expoentes desta escola literária
baiana que tão bem representa a literatura do Brasil daquela época.
CARACTERÍSTICAS
As principais características são o cultismo e o conceptismo. O primeiro
pode ser observado pela linguagem cheia de ornatos, enfeites, obscura, com
inversões sintáticas, pelas metáforas excessivas e exageradas, pelo vocabulário
sofisticado, pouco comum e pela presença de trocadilhos, de figuras como
hipérbato, hipérbole e antítese. O segundo se caracteriza pela preocupação com
o desenvolvimento lógico das ideias, com o uso de uma linguagem explicativa,
reinterativa, e valorização mais do pensamento que da forma. A linguagem
extravagante, carregada de metáforas (dizer uma coisa com outras palavras),
paradoxos (contradições lógicas) e antíteses (ideias opostas) revelam os
conflitos entre e alma e corpo, espírito e matéria, enfim, o dualismo entre o
cristianismo e o paganismo.
5) Arcadismo
Brasileiro (século XVIII)
CONTEXTO
O arcadismo brasileiro foi uma escola literária que se realizou
basicamente em terras mineiras. Com a descoberta do ouro, o foco econômico do
país se deslocou do nordeste para Minas Gerais. A base da economia brasileira
deixou de ser o cultivo da cana-de-açúcar e passou a ser a extração mineral.
Os principais representantes do arcadismo brasileiro participaram
ativamente dos grandes acontecimentos das minas de então. Influenciados pelo
pensamento liberal europeu, o Iluminismo, os intelectuais mineiros de Vila Rica
se organizaram em torno dos ideais de Liberdade. O lema, “Liberdade ainda que
tardia”, estava presente nas ações de todos que lutavam por uma nação
independente e por uma profunda mudança social, política e econômica da
Colônia.
Vila Rica se agitou com a intensa exploração do ouro que, por
consequência, promovia a exploração humana e do país. As injustiças decorrentes
da ambição dos colonizadores portugueses, dos traficantes e donos de escravos,
da tirania das autoridades portuguesas no Brasil reforçavam o sentimento
nacionalista de parte da elite intelectual mineira.
Assim surge a revolta dos Inconfidentes, movimento político de
resistência contra as arbitrariedades do governo português no Brasil. Dentre os
articuladores da Inconfidência Mineira destacam-se seus mentores intelectuais,
Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. Estes dois poetas são os
expoentes do arcadismo brasileiro que tem ainda como representes Alvarenga
Peixoto, Basílio da Gama, Santa Rita Durão e Silva Alvarenga.
“Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa, marca o início do
arcadismo brasileiro. Além desta, destacamos ainda o lirismo de “Marília de
Dirceu” e a sátira de “Cartas Chilenas”, de Tomás Antônio Gonzaga, “O Uraguai”
e “Caramuru”, poemas épicos de Basílio da Gama e de Frei José de Santa Rita
Durão.
CARACTERÍSTICAS
As principais características deste estilo de época se relacionam ao
próprio sentido do substantivo que o nomeia. A palavra arcadismo se origina de
Arcádia, região da Grécia onde se dizia que os pastores e os poetas viviam sob
o domínio do deus Pan, em paz com a natureza com a vida e com o amor. Daí a
preferência pelos temas ligados à natureza, ao campo e à vida simples.
Enfim, o Arcadismo representou e representa a busca da simplicidade e do
equilíbrio. Para isso, valorizava a convivência saudável com a natureza,
buscava a harmonia em ambientes bucólicos, utilizava uma linguagem comedida em
oposição aos exageros do Barroco. Segundo os ideais clássicos e de liberdade
dos árcades, a fuga na natureza, convivência com o bucolismo, era a melhor
saída para uma vida plena, feliz, simples e equilibrada.
6) Romantismo
(século XIX)
CONTEXTO
O marco inicial do Romantismo no Brasil foi a
publicação do livro “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães,
em 1836. Nesse período, houve uma intensa produção literária marcada por
diversos movimentos de grande riqueza para a literatura brasileira.
O momento histórico em que ocorre o Romantismo, no Brasil, pode ser observado a
partir da vinda da corte portuguesa que, fugindo de Napoleão Bonaparte, chegou
ao Rio de Janeiro, em 1808. Com a vinda da família real, o Rio de Janeiro viveu
um processo de urbanização, tornando-se um campo favorável à divulgação das
novas ideias do velho mundo, fazendo a então colônia caminhar na direção da sua
independência.
Após o ano de 1822, o sentimento de nacionalismo cresceu, buscou-se o passado
histórico, exaltando-se a natureza da pátria. Na realidade, foi um ufanismo
herdado da Europa que se encaixava perfeitamente à necessidade brasileira de
ofuscar as profundas crises sociais, financeiras e econômicas. Apenas para
ilustrar, de 1823 a 1831, o Brasil experimentou um período conturbado
como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I. Ou seja: a dissolução da
Assembleia Constituinte, a constituição outorgada; a Confederação do Equador; a
luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado
assassinar Líbero Badaró; e, finalmente, a abdicação, seguida do período
regencial e a maioridade prematura de Pedro II. Justamente, nesse ambiente
confuso, surgiu o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e de
nacionalismo.
Didaticamente falando, o período romântico no Brasil, durou 45 anos, desde a
publicação do livro “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães,
em 1836, até a publicação de “Memórias Póstuma de Brás Cubas”, de Machado de
Assis, em 1881, obra esta que marca o início do Realismo no Brasil.
A Revolução Industrial ocorrida na segunda metade do século XVII trouxe consigo
a necessidade de especialização e, consequentemente, o surgimento de novas
universidades e o fortalecimento da imprensa. Nesse contexto, o desenvolvimento
da indústria se acelera, fazendo crescer o capitalismo no mundo, elevando assim
a burguesia ao poder que passa a ser a nova classe patrocinadora das artes.
Outrossim, a Revolução Francesa (1788 e 1789) influenciou sobremaneira a
produção literária do romantismo, uma vez que os ideais de liberdade, igualdade
e fraternidade inspiravam toda a classe artística a se manifestar, livremente.
No Brasil, a Independência do país em de 1822, despertou a consciência
nacional, evidenciando a necessidade de uma divulgação positiva da realidade
brasileira, o que se fez, para o mundo inteiro, por meio da valorização dos elementos
naturais (fauna e flora) em detrimento da problemática social e econômica do
Brasil Império. Desse modo, na Corte, Rio de Janeiro, em 1808, surgem as
primeiras manifestações jornalísticas, exibindo diariamente, em folhetins,
capítulos dos romances dos nossos principais autores da época.
CARACTERÍSTICAS
1. Destaque para a personalidade do
autor que coloca em evidência uma visão particular da sociedade em que vive, ou
seja, o seu modo de vê-la, de contemplá-la e de descrevê-la. Subjetivismo.
2. Foco no sentimento dos
personagens, com a exploração da temática amorosa e os dramas do amor. O autor
usa a literatura para evidenciar os sentimentos comuns como o amor, a cólera, a
paixão e outros. Sentimentalismo.
3. Necessidade de criação de uma
cultura genuinamente brasileira. Os autores procuravam autenticidade na
expressão literária, distanciando-se dos traços da literatura europeia. Nacionalismo,
ufanismo.
4. O autor poderia ficar livre para
criar suas obras, dando ênfase à expressão, sem preocupação com a estrutura do
verso, da frase ou do texto. Liberdade formal.
5. O espírito de brasilidade deveria
prevalecer, logo os autores se inspiravam nas raízes pré-coloniais, utilizando
palavras da cultura indígena e do regionalismo brasileiro para a criação de uma
linguagem com a feição nacional. Nacionalismo.
6. A literatura romântica evidencia a
fé, como meio de mostrar austeridade e espiritualidade, expressando aspectos da
divindade no ambiente natural. Religiosidade.
7. A figura do índio era fonte de
inspiração na criação literária romântica brasileira. Ele foi tomado como herói
nacional (bom selvagem), símbolo de patriotismo e brasilidade. Indianismo.
8. Pertencem a essa geração poética
do romantismo autores que utilizavam em suas criações literárias temas como a
morte, a dor, a solidão, o sofrimento pelos amores impossíveis e outros. Essa
geração é também denominada byroniana e ultrarromântica. Mal do século.
9. A realidade era vista de forma
pessoal e superficial, logo era idealizada, imaginada. O autor partia de seus
sonhos e desejos para pintar a realidade, conforme o mundo da subjetividade e
das fantasias. Idealização
da realidade.
10. Os artistas, no
período romântico, fugiam da opressão gerada pela revolução industrial. Eles
não podiam criticar abertamente a burguesia, pois eram os burgueses mercenários
de sua literatura. Logo evadiam para o mundo da fantasia, fugindo da
realidade. Assim, o escapismo compreendia a fuga no tempo, no sonho, na
imaginação, na loucura, no espaço e na morte. Escapismo.
11. Os elementos do ambiente natural, cultuados pelos
índios, eram observados como algo divino e puro, por isso eram valorizados e
compunham o cenário e a temática do idealismo romântico que apareciam com liberdade
e criatividade nas obras dos autores. Culto à natureza.
12. A figura feminina era concebida como um ser
especial, sobrenatural, intocável. A mulher era retratada como o ser puro,
angelical fonte de toda a inspiração dos autores românticos. Idealização da mulher.
13. 1ª geração - nacionalista, indianista e religiosa;
2ª geração (Mal do Século, Ultrarromântica. byroniana): Culto da dor, da
solidão,das trevas e da morte; 3ª geração (condoreira): engajamento nas causas
sociais, abolicionistas. As gerações românticas.
14. José de Alencar, Gonçalves Dias, Álvares de
Azevedo, Casimiro de Abreu e Castro Alves. Autores destaques.
7) Realismo /
Naturalismo / Parnasianismo
7.1) Realismo
O Realismo, como o próprio nome indica, sugere ações, pensamentos e
atitudes que se desenvolvem a partir da observação da realidade. O julgamento
ou avaliação dos fatos se dá de modo objetivo, claro, sem lhes alterar a
essência real. Trata-se de uma doutrina filosófica que concebe a existência do
ser, independente de seus aspectos cognitivos.
Na literatura, essa teoria estética, racionalista, surgiu no fim do séc.
XIX, em oposição ao romantismo, cuja característica principal, era a
idealização da realidade, da natureza, do amor, da mulher e a exaltação do
nacionalismo, do indianismo e da religiosidade. Podemos dizer que o realismo
consiste na imitação da realidade, mostrando a vida cotidiana e seus
personagens, com seus defeitos, suas virtudes, desvios de conduta, limitações,
etc. Ou seja, a vida como é realmente, sem fantasias ou idealização.
Com a perda de espaço das concepções norteadoras do romantismo,
desenvolveu-se o realismo, baseado na trama psicológica, envolvendo personagens
inspirados na realidade. No Brasil, isso se deu com frequência nas obras de
Machado de Assis como Dom Casmurro (1891), Quincas Borba (1881), Esaú e Jacó
(1899) e Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), que marca o início do realismo
em terras brasileiras.
7.2) Naturalismo
Em termos pragmáticos, podemos dizer que há uma evolução na forma de ver
a realidade, passando da observação à investigação. Nesse sentido, o
naturalismo se caracteriza pela possibilidade de explicação do mundo exterior,
sem levar em consideração os aspectos metafísicos ou transcendentais. É uma
doutrina que concebe as leis e os fenômenos naturais capazes de explicar o
comportamento, tendo a satisfação fisiológica como o fim único da vida
individual ou social
Esse movimento literário do fim do séc. XIX teve a influência dos
estudos da biologia, logo retrata com objetividade a natureza do ser humano, na
interação de sua personalidade com o meio em que vive. Esse aspecto
determinista é a principal característica do naturalismo que, ao mesmo tempo em
que defende a volta à natureza e à simplicidade primitiva, considera que os
valores da realidade que envolve cada ser humano são determinantes na formação
do seu caráter. Os livros, O Cortiço (1890), Casa de Pensão (1884) e O Mulato
(1881), de Aluízio Azevedo, são as obras principais do naturalismo brasileiro.
7.3) Parnasianismo
O
parnasianismo foi uma tendência literária, iniciada na França, no séc. XIX, por
Théophile Gautier, Charles Baudelaire e Leconte de Lisle. Esse movimento se
preocupou especialmente com a forma poética. Para seus autores, o toque
artístico, a perfeição poética é que interessava. A finalidade da arte estava
em si mesma, arte pela arte.
A
exemplo do realismo, os temas são tratados na poesia parnasiana, com base na
observação da realidade, de modo impessoal, sem subjetivismo e sem emoção.
Nesse sentido, a poesia é valorizada pela beleza, elaborada a partir de uma
seleção criteriosa de palavras, utilizando vocabulário culto, rimas ricas,
linguagem rebuscada e fazendo referências a temas da cultura clássica e da
mitologia grega.
A
poesia parnasiana revela nítida preferência dos autores por poemas
metrificados, com descrição de cenas e objetos, valorizando especialmente o
soneto, uma composição poética constituída de dois quartetos e três tercetos,
normalmente com versos decassílabos ou alexandrinos.
Os
principais poetas do parnasianismo brasileiro são Olavo Bilac (Poesias, 1888,
Conferências literárias, 1906, Dicionário de rimas,1913, Tratado de versificação,1910),
Raimundo Correia (Primeiros sonhos, 1879, Sinfonias, 1883, Versos e Versões,
1887, Aleluias, 1891, Poesias, 1898) e Alberto de Oliveira (Meridionais, 1884,
Versos e Rimas, 1895, Poesias, 1900, Céu, Terra e Mar, 1914, Culto da Forma na
Poesia Brasileira, 1916).
Além
dessa Tríade parnasiana, temos ainda autores importantes como Francisca Júlia
(Mármores, 1895, Livro da Infância, 1899, Esfinges, 1903, Alma Infantil, 1912)
e Vicente de Carvalho (ardentias 1885, Relicário, 1888, Poemas e Canções,
1908,Versos da mocidade, 1909, A voz dos Sinos, 1916).
8) Simbolismo
O movimento simbolista surgiu, na França, final de século XIX, em
oposição ao naturalismo, ao realismo e ao parnasianismo. Na literatura, a
escola simbolista explora o poder das palavras, exprimindo por meio de figuras
e símbolos situações e fatos da realidade. A visão que os autores desse
movimento tinham da realidade era simbólica, subjetiva e espiritual.
O estilo simbolista, na poesia, valoriza a musicalidade, a sugestividade
a sutileza estética, explorando figuras como aliterações, assonâncias,
sinestesias, dentre outras, sempre numa atitude reflexiva e afetiva.
Para os simbolistas, os conflitos e as tendências inconscientes são
representados na linguagem, nos mitos e costumes, de forma indireta e figurada,
quer no nível individual, quer no cultural. Eles desconsideravam as
questões de cunho social, a lógica, a razão, utilizando-se da intuição no
desenvolvimento místico da literatura.
Os principais autores brasileiros do simbolismo são Cruz e Souza (Missal
e Broqueis, 1893) e Alphonsus de Guimaraens (Dona Mística, Câmara ardente,
Setenário das dores de Nossa Senhora, 1999 e Kyriale, 1902).
9) Tendências
literárias dos tempos modernos (Séc. XX e XXI)
9.1)Pré-Modernismo (Séc. XX)
Até o ano de 1920, o mundo passava por movimentos sociais e políticos
significativos, levando as pessoas engajadas nos movimentos sociais, de um modo
geral, a repensarem a visão de mundo, em busca de uma sociedade igualitária,
que assegurasse a todos melhores condições de vida. O pensamento socialista
estava em voga, influenciando artistas, estudantes e intelectuais que
acreditavam na força do povo que lutava pela transformação social e política.
Na Europa, o Clima era tenso, com as superpotências brigando pela
conquista de mais espaços. As nações se preparavam para a guerra e as forças
pró-capitalista e pró-socialista preparavam suas estratégias para o combate.
Nesse período, aconteceram a Primeira Guerra Mundial (1914) e a Revolução Russa
(1917), como marcos importantes da história mundial. No Brasil, a revolta da
vacina (1904) e da chibata (1910), no Rio de Janeiro, as greves operárias em
São Paulo (1907), as imigrações estrangeiras do início de séc. XX e a política
café com leite, davam o tom das agitações sociais.
Nesse contexto, surgiram novos conceitos e uma literatura
problematizadora, fazendo crítica à sociedade brasileira, pregando o rompimento
com o passado. Esse rompimento se deu com a valorização dos temas do cotidiano,
com a redescoberta do interior, com a defesa do nacionalismo, sem ufanismo e
com a demonstração de interesse pelas pessoas que viviam à margem da sociedade.
Os principais autores desse período são Euclides da Cunha, Graça Aranha,
Lima Barreto, Monteiro Lobato, Coelho Neto, Afonso Arinos, Simões Lopes Neto,
Afrânio Peixoto, Farias Brito e Nestor Victor.
9.2) Modernismo (Séc. XX)
As profundas mudanças na sociedade europeia, o progresso tecnológico, as
disputas das grandes potências por mercados, os movimentos nacionalistas, a
busca de novos conceitos nas artes e na literatura fizeram surgir as correntes
de vanguarda do modernismo. Em síntese, buscava-se a liberdade de criação
artística, a interpretação pessoal da realidade, a ilogicidade e novas formas
de expressão. E toda essa inquietação e irreverência determinaram o espírito da
Semana de Arte Moderna de 1922.
Os modernistas preconizavam a liberdade de expressão, exploravam o poder
sugestivo das palavras, defendiam a libertação do idioma para uma produção
literária, sem o rigor das convenções clássicas. Na poesia, uma das principais
inovações dos modernistas foi a instituição do verso livre, acentuando a libertação
do ritmo, mostrando que este não depende de uma metrificação rígida.
Depois da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São
Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, que debateu profundamente as
novas diretrizes para a implantação de um projeto artístico nacional, baseado
nas inovações das vanguardas europeias, surgiu uma geração de poetas e
romancistas que contribuíram sobremaneira para o fortalecimento e afirmação
definitiva da literatura brasileira do século XX.
Mário de Andrade e Oswald de Andrade e os demais modernistas da primeira
fase como Manuel Bandeira, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Cassiano Ricardo, Raul Bopp e Alcântara Machado, na década de 20, desbravaram as trilhas literárias para que as novas
gerações de escritores pudessem avançar, à margem das exigências acadêmicas. Para eles, a preocupação deveria ser o combate ao formalismo parnasiano e a consolidação dos novos pressupostos das correntes
de vanguarda e com a realidade brasileira.
Passada a euforia dos pioneiros modernistas, na década de 30, surgiram
escritores importantes como Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado,
Raquel de Queiroz, Érico Veríssimo e Dionélio Machado, que abordaram, em suas
obras, temas relacionados aos problemas sociais dos lugares mais pobres do
país, praticando sempre uma linguagem simples e carregada de matizes regionais.
Dentre os poetas da geração de 30, destacam-se: Carlos Drummond de
Andrade, sendo que o seu poema "No meio do caminho", representa e
exemplifica o rompimento total com as tendências literárias do passado; Cecília
Meireles, com sua doce sensibilidade, exprimindo os nobres sentimentos humanos,
especialmente os femininos; Vinicius de Moraes, com o encantamento de seu
romantismo poético; Murilo Mendes, com seu surrealismo poético, fazendo refletir em suas obras as várias experiências pessoais, relacionadas à religiosidade, à prática da poesia e à militância social e política, Jorge de Lima, com sua expressão moderna, revelando os
matizes da influência parnasiana e religiosa e Cassiano Ricardo, com seu espírito nacionalista permeando sua vasta e diversificada produção poética.
Depois dessa geração, surgiu a terceira fase do modernismo,
desenvolvendo uma literatura regionalista, acrescida de preocupações sociais.
Essa geração de 1945, por apresentar tendência ao intelectualismo, ao
hermetismo e uma aguda consciência crítica e estética, promoveu importantes
mudanças na arte do fazer literário. Houve renovação da estrutura narrativa, valorização
do aspecto formal e da essência poética, utilização da linguagem, explorando
todas as suas possibilidades e o desenvolvimento do teatro e da crítica
literária.
Os principais representantes dessa terceira fase do modernismo são João
Cabral de Melo Neto, Carlos Drumond de Andrade, Décio Pignatari, Tiago de Melo,
na poesia, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Adonias Filho, Autran
Dourado e Osman Lins, na prosa e Nelson Rodrigues, Ariano Suassuna, Dias Gomes
e Maria Clara Machado, no teatro.
As alterações na prática do fazer literário, foram se sucedendo, dando
origem a uma geração de escritores que avançaram da sondagem interior, 3ª fase,
para a análise psicológica dos personagens. Além disso, a literatura passou a
explorar o imaginário, o fantástico, o humor, a poesia concreta e a crítica
social e humana. Essas características, para efeitos didáticos e pedagógicos,
nos leva a conceber uma geração de modernistas, muito marcante no final de
século XX e virada o século XXI, a qual poderíamos denominá-la de 4ª fase do modernismo brasileiro.
Destacamos como principais autores dessa época Lygia Fagundes Telles,
Autran Dourado, Osman Lins, Mário Palmério, Josué Montelo, Fernando Sabino,
Luís Fernando Veríssimo, Paulo Mendes Campos, Dalton Trevisan, Mário Prata,
João Ubaldo Ribeiro, Affonso Romano de Sant'Ana, Thiago de Mello, Haroldo e
Augusto de Campos.
O modernismo pela sua diversidade estética representa a síntese da
riqueza cultural, política e social por que passou o mundo, a partir da segunda
metade do século XIX até os dias atuais. As transformações tecnológicas, o
surgimento do automóvel, do avião, a invenção e evolução do cinema e os avanços
científicos do final de século XIX e início do século XX, influenciaram o surgimento
dos movimentos de vanguarda vindos da Europa. Essas correntes vanguardistas,
conhecidas como impressionismo, expressionismo, futurismo, cubismo, dadaísmo e
surrealismo, no conjunto, formam toda a beleza, a diversidade e a complexidade
da arte literária dos tempos modernos.
9.1)Pré-Modernismo (Séc. XX)
Passada a euforia dos pioneiros modernistas, na década de 30, surgiram
escritores importantes como Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado,
Raquel de Queiroz, Érico Veríssimo e Dionélio Machado, que abordaram, em suas
obras, temas relacionados aos problemas sociais dos lugares mais pobres do
país, praticando sempre uma linguagem simples e carregada de matizes regionais.
Dentre os poetas da geração de 30, destacam-se: Carlos Drummond de
Andrade, sendo que o seu poema "No meio do caminho", representa e
exemplifica o rompimento total com as tendências literárias do passado; Cecília
Meireles, com sua doce sensibilidade, exprimindo os nobres sentimentos humanos,
especialmente os femininos; Vinicius de Moraes, com o encantamento de seu
romantismo poético; Murilo Mendes, com seu surrealismo poético, fazendo refletir em suas obras as várias experiências pessoais, relacionadas à religiosidade, à prática da poesia e à militância social e política, Jorge de Lima, com sua expressão moderna, revelando os
matizes da influência parnasiana e religiosa e Cassiano Ricardo, com seu espírito nacionalista permeando sua vasta e diversificada produção poética.
Depois dessa geração, surgiu a terceira fase do modernismo,
desenvolvendo uma literatura regionalista, acrescida de preocupações sociais.
Essa geração de 1945, por apresentar tendência ao intelectualismo, ao
hermetismo e uma aguda consciência crítica e estética, promoveu importantes
mudanças na arte do fazer literário. Houve renovação da estrutura narrativa, valorização
do aspecto formal e da essência poética, utilização da linguagem, explorando
todas as suas possibilidades e o desenvolvimento do teatro e da crítica
literária.
Os principais representantes dessa terceira fase do modernismo são João
Cabral de Melo Neto, Carlos Drumond de Andrade, Décio Pignatari, Tiago de Melo,
na poesia, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Adonias Filho, Autran
Dourado e Osman Lins, na prosa e Nelson Rodrigues, Ariano Suassuna, Dias Gomes
e Maria Clara Machado, no teatro.
As alterações na prática do fazer literário, foram se sucedendo, dando
origem a uma geração de escritores que avançaram da sondagem interior, 3ª fase,
para a análise psicológica dos personagens. Além disso, a literatura passou a
explorar o imaginário, o fantástico, o humor, a poesia concreta e a crítica
social e humana. Essas características, para efeitos didáticos e pedagógicos,
nos leva a conceber uma geração de modernistas, muito marcante no final de
século XX e virada o século XXI, a qual poderíamos denominá-la de 4ª fase do modernismo brasileiro.
Destacamos como principais autores dessa época Lygia Fagundes Telles,
Autran Dourado, Osman Lins, Mário Palmério, Josué Montelo, Fernando Sabino,
Luís Fernando Veríssimo, Paulo Mendes Campos, Dalton Trevisan, Mário Prata,
João Ubaldo Ribeiro, Affonso Romano de Sant'Ana, Thiago de Mello, Haroldo e
Augusto de Campos.
O modernismo pela sua diversidade estética representa a síntese da riqueza cultural, política e social por que passou o mundo, a partir da segunda metade do século XIX até os dias atuais. As transformações tecnológicas, o surgimento do automóvel, do avião, a invenção e evolução do cinema e os avanços científicos do final de século XIX e início do século XX, influenciaram o surgimento dos movimentos de vanguarda vindos da Europa. Essas correntes vanguardistas, conhecidas como impressionismo, expressionismo, futurismo, cubismo, dadaísmo e surrealismo, no conjunto, formam toda a beleza, a diversidade e a complexidade da arte literária dos tempos modernos.
O modernismo pela sua diversidade estética representa a síntese da riqueza cultural, política e social por que passou o mundo, a partir da segunda metade do século XIX até os dias atuais. As transformações tecnológicas, o surgimento do automóvel, do avião, a invenção e evolução do cinema e os avanços científicos do final de século XIX e início do século XX, influenciaram o surgimento dos movimentos de vanguarda vindos da Europa. Essas correntes vanguardistas, conhecidas como impressionismo, expressionismo, futurismo, cubismo, dadaísmo e surrealismo, no conjunto, formam toda a beleza, a diversidade e a complexidade da arte literária dos tempos modernos.