segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Literatura

Queridos alunos!
Abaixo segue uma pequena exposição sobre as questões aos gêneros literários, trovadorismo, humanismo e classicismo. Façam bom proveito!


LITERATURA

1) Gêneros literários

Nossa viagem pelos estudos literários parte do século V a.C. com os filósofos gregos Platão e Aristóteles. Inicialmente, Platão apresentou uma definição literária restrita, dividindo a poesia em três partes, épica, mimética e dramática, uma relacionada ao aspecto narrativo, outra aos recursos visuais e outra à representatividade.

Podemos compreender essa definição platônica, quando recitamos uma poesia, pois este exercício nos leva a expressão do sentido da mensagem, que exprime uma força emotiva, realçada com a combinação dos gestos e das expressões indispensáveis à arte da representação de todo e qualquer texto.

Aristóteles, por sua vez, procurou ampliar a definição, já que, na sua concepção, os estudos literários não se restringiam à poesia. Assim qualquer tentativa de conceituação deveria levar em conta as outras espécies literárias. Para ele, as obras de arte em literatura poderiam ser agrupadas em dois gêneros, o épico e o dramático. No primeiro estariam as obras narrativas, caso das epopéias, e no segundo, aquelas para serem encenadas, caso das tragédias, comédias e outras em que personagens, em cena, vivenciavam, naquele contexto, a tensão entre o homem e os problemas do mundo.

Essa conceituação permaneceu até a era cristã, quando o poeta latino, Horácio, nos anos 60 d.C., acrescentou o gênero lírico à teoria aristotélica, entendo que as obras de conteúdo sentimental, intimista, não estavam contempladas. De lá para cá, como pressuposto metodológico, o agrupamento das obras literárias, pelas suas características análogas ou semelhantes, nos gêneros épico, lírico, ou dramático é o que prevalece.

A título de ilustração, salientamos que pertencem, dentre outros, ao gênero épico a epopéia, o romance, o conto, a crônica, a novela, a fábula; ao lírico pertencem a ode (poesia de exaltação, alegre), a elegia (poema de tom terno e triste), o idílio (poema pequeno de qualquer natureza), as canções, o acalanto, balada (ritmo lento), acróstico (a 1ª letra forma palavra ou frase) e soneto, a espécie mais importante em toda história poética da humanidade. E como exemplo do gênero dramático, citamos a tragédia, a comédia, a tragicomédia (drama), o auto (representação teatral de um ato) e a farsa (humor a partir das situações do cotidiano).

2) Antecedentes da Literatura Brasileira

Trovadorismo (século XII ao XIV)

A literatura na língua portuguesa surge em Portugal, no século XII. Os primeiros estilos foram o trovadorismo (século XII, XIII e XIV), o humanismo (século XV) e o classicismo (renascimento – século XVI). O primeiro foi marcado pela presença da poesia trovadoresca, que era cantada ao som do instrumento musical. Era uma literatura de qualidade discutível, com características lingüísticas próximas da oralidade, que apresentava uma visão teocêntrica do mundo e trazia a mulher como fonte de lirismo. Havia dois tipos de cantigas, as líricas e as satíricas. Tantos estas como aquelas poderiam ser de dois tipos, sendo as primeiras de amigo e de amor e as últimas de escárnio e de maldizer.

Nas cantigas de amigo, o trovador interpretava os sentimentos femininos, como se fosse uma mulher fazendo uma confissão amorosa à mãe, à amiga, ou aos elementos da natureza. A mulher se queixava pela ausência do namorado (amigo). A canção apresentava estrutura simples com poucas variações de versos. Já as cantigas de amor revelam o sentimento do trovador por uma dama que lhe é indiferente, por ser comprometida, ou por pertencer a uma classe social elevada, diferente da sua. Prevalece, nessa cantiga, o caráter idealista do amor, também conhecido como amor platônico.

As cantigas satíricas, de escárnio e de maldizer, fazem uma crítica contra alguém ou alguma coisa, procurando ridicularizar pessoas, organizações, ou costumes sociais. A diferença entre uma e outra é que, na primeira, faz-se uma sátira indireta que se observa nas entrelinhas, enquanto, na segunda, utiliza-se uma linguagem agressiva, com expressões grosseiras, com a intenção de denegrir a imagem, ou diminuir a importância do alvo temático, objeto da sátira.

Humanismo (século XV)

O humanismo, século XV, período de transição entre as idéias teocentristas do medievo e as idéias antropocentristas do Renascimento, coincide com a expansão marítima e início do mercantilismo europeu. Foi uma época importante para o desenvolvimento comercial e material, para ampliação do conhecimento do mundo e dos costumes de outros povos por meio das grandes navegações. Nesse período, desenvolveram-se a historiografia, com Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurra e Rui de Pina, a poesia palaciana, com João Ruiz de Castelo Branco e o teatro, com o criador do teatro popular português, Gil Vicente, cujas obras principais são o Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação (1502, Auto da Barca do Inferno (1517), Auto da Barca do Purgatório(1518), Auto da Barca da Glória (1519), Farsa de Inês Pereira (1523), O Velho da Horta (1512).

A obra de Gil Vicente reflete a mudança dos tempos, passagem da Idade Média para o Renascimento, época em que as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis. Era o início da subversão da ordem instituída, que colocava em xeque o poder da aristocracia portuguesa e marcava o início da ascensão da burguesia. Gil Vicente foi o principal representante da literatura lusitana, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita e influenciando a cultura popular portuguesa.

Classicismo (século XVI)

No século XVI, na Europa, dentro do movimento renascentista, surge o Classicismo, corroborando as idéias humanistas de valorização e autoafirmação do homem. De certa forma, foi o resgate dos ideais da antiguidade clássica e assimilação da cultura Greco-latina. Foi um período de turbulência religiosa, marcado pelas idéias reformista, de Martinho Lutero, que provocaram a cisão da igreja, originando o protestantismo. Curioso é que ao mesmo tempo em que o renascimento procurava valorizar a razão humana, a igreja criava o tribunal da inquisição para julgar e condenar aqueles que discordavam da sua orientação religiosa.

Figuram como principais autores do classicismo português Sá de Miranda, João de Barros, Bernadim Ribeiro, Antônio Ferreira, Fernão Mendes Pinto, Fernão Cadim e Luiz Vaz de Camões, o mais importante de todos. Camões se destacou como autor lírico e épico, sendo sua obra mais conhecida, Os Lusíadas.

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