Para quem deseja tornar-se um bom comunicador, é indispensável uma preparação contínua, pois só a prática é capaz de melhorar o desempenho na arte de falar. O domínio e o conhecimento de técnicas comunicativas ajudam, mas, sem treinamento, não resolvem. Somente o empenho, a dedicação e a disciplina aos estudos a ao treinamento transformam o usuário da língua em um orador eloquente, equilibrado e seguro.
Na expressão oral, ganha ponto aquele que, com simplicidade, procura sempre pronunciar as palavras corretamente, articulando a linguagem, sem ser prolixo, pedante, ou exagerado. Quem não capricha na pronúncia ou fala demais, sem saber o que está dizendo, torna-se cansativo, repetitivo e antipático. Por outro lado, quem fala com acerto, moderação e cuidado, conquista, com suas palavras, postura, atitudes e exemplos, a simpatia do público, condição indispensável para o sucesso na transmissão da mensagem.
O modo de se comunicar deve ser o mais natural possível. Ninguém precisa querer imitar ou ser igual a outras pessoas. Essa estratégia não é aconselhável, pois as pessoas são diferentes e nem sempre o que funciona com uma se aplica a outras. Daí a importância de cada orador, com simplicidade, buscar naturalmente o seu estilo próprio de falar, transmitindo suas mensagens, com objetividade, elegância e eficiência.
Abaixo, chamamos a atenção para alguns cuidados que o comunicador deve tomar para o êxito de sua comunicação.
Problemas da fala
Na exposição oral, o comunicador deve ficar atento aos problemas que comprometem a qualidade de sua intervenção. Eis os mais comuns:
• Transposição do som de uma sílaba para outra da mesma palavra (hipértese) - “Trigue” (em vez de tigre); “drento” (em vez de dentro).
• Omissão de sílabas – “Pcisa” (em lugar de precisa).
• Transposição de um som dentro de uma mesma sílaba (metástese) -“Troce” (em vez de torce); “proque” (em lugar de porque).
• Troca do “L” pelo “R” (rotacismo) - “Crássico” (em vez de clássico); “Cráudio” (em vez de Cláudio).
• Troca do “R” pelo “L” (lambidacismo) - “talde” (em vez de tarde); “folte” (em vez de forte).
• Flexão indevida de algumas palavras - “sou membra da família” (em vez de sou membro da família); “menas confiança” (em vez de menos confiança).
• Dificuldades na pronúncia do “M” final – “garage” (em vez de garagem); “Contage” (em vez de Contagem); “orige” (em vez de origem).
• Falta de concordância verbal - “nóis vai”, “nóis fica” (em vez de nós vamos, nós ficamos); “nóis fais” (em vez de nós fazemos); “vocês arruma” (em vez de arrumam); “vocês fala” (em vez de falam).
• Falta de concordância nominal - “os menino pequeno” (em vez de meninos pequenos); “os obreiro da igreja” (em vez de os obreiros da igreja); “os professor da escola municipal” (em vez de os professores da escola municipal).
Outros cuidados
Além do cuidado com a pronúncia, o comunicador deve ter a consciência de que a educação, a cordialidade, a linguagem simples, o tom moderado de voz são indispensáveis, pois revelam segurança e causam uma boa impressão às pessoas envolvidas no processo comunicativo. Por isso é importante respeitá-las, demonstrando na prática apreço, carinho e atenção por elas. Os ouvintes precisam perceber isso nas atitudes do orador.
Em relação à postura, o comunicador deve buscar sempre o equilíbrio, não relaxando em demasia o corpo, nem erguendo muito a cabeça, para não passar uma imagem de arrogância e prepotência. Ele deve se apresentar, naturalmente, com os braços ao longo do corpo, ou acima da linha da cintura, gesticulando-se moderadamente. Durante a fala, o peso do seu corpo deve-se apoiar nas duas pernas por igual e não ora sobre uma, ora sobre outra. Se estiver parado, o comunicador não deve abrir muito as pernas e, se estiver em movimento, suas ações devem ser cadenciadas e ordenadas. Vale dizer que o bom comunicador normalmente se movimenta, quando se pretende aproximar dos ouvintes, ou enfatizar uma determinada informação.
Expressão
O modo de expressão é muito importante no desempenho do comunicador. Alguns se empolgam, outros acham que falam bem e se esquecem de dar a devida atenção aos ouvintes. O orador deve olhar em todas as direções do auditório, valorizando assim a presença do público. Se estiver lendo, o cuidado tem que ser redobrado, pois existe sempre a tendência de o leitor olhar o tempo todo para o texto, esquecendo-se da assistência.
O orador deve ainda manter o semblante descontraído. Sua expressão deve ser coerente com o teor de sua fala. Seu semblante deve refletir os aspectos gerais de seu discurso. Assim, ele não pode falar de coisas alegres, com a cara fechada, nem de coisas tristes, com expressão de alegria. É preciso haver coerência entre o modo como se fala e o que revela sua fisionomia.
Outros cuidados como a intensidade da fala, o ritmo e a impostação da voz são indispensáveis. Se o comunicador falar muito baixo, os ouvintes podem não prestar a atenção; se falar alto demais, ele pode parecer mal-educado, ou descontrolado. A altura da voz deve ser adequada ao ambiente. Além disso, a fala deve denotar entusiasmo e vibração, pois esses ingredientes contagiam a assistência, despertando-lhe o interesse pela mensagem.
Às vezes, devido à ansiedade, o orador começa a falar, sem observar o ritmo e o timbre da voz, evidenciando assim uma dicção deficiente. Uma boa estratégia de treinamento, para o comunicador que deseja melhorar seu desempenho, pode ser gravar a própria fala e ouvi-la atentamente, observando os pontos a serem aperfeiçoados. Assim, ele saberá escolher o ritmo próprio, a pronúncia correta e o timbre de voz adequado às suas características físico-motoras que interferem no seu desempenho comunicativo.
Adequação linguística
Uma boa comunicação pressupõe a utilização de um vocabulário claro, correto, mas sem sofisticação. Um vocabulário repleto de palavras difíceis e incompreensíveis torna a comunicação desinteressante e sem eficácia. O orador deve evitar também o vocabulário específico da sua profissão, diante de pessoas não familiarizadas com tal área de atuação. Do mesmo modo, sua fala deve ser isenta de termos pobres, ou vulgares, como palavrões e gírias.
O orador, falando com naturalidade e simplicidade, não incorrerá em erros gramaticais graves, não comprometendo sua apresentação, nem denegrindo sua imagem. O bom emprego da linguagem, a pronúncia correta das palavras, a elegância no modo de falar merecem cuidados, pois quanto maior o domínio linguístico do comunicador, maior será a sua credibilidade.