quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Preparando o discurso

Planejamento

Ao preparar uma exposição para ser lida ou pronunciada oralmente, o comunicador deve ficar atento a alguns cuidados indispensáveis ao êxito de sua apresentação. Primeiro, ele deve fazer uma autoavaliação para verificar o nível de conhecimento que tem sobre o assunto; em seguida, ter clareza dos objetivos de sua exposição e do resultado que espera alcançar, ao concluir sua mensagem; por último, ter ciência do perfil do público e do possível interesse e motivação dele pelo assunto.

Feito isso, o passo seguinte é escolher a forma de abordagem do assunto, o método a ser adotado e as estratégias que serão empregadas para o envolvimento dos ouvintes. Esses elementos são indispensáveis para pontilhar o pensamento do orador na direção das expectativas dos participantes. Somente com esse caminho será possível uma comunicação eficiente e eficaz, já que ele propiciará a evolução natural da leitura ou da fala, assegurando a sintonia entre comunicador e assistência.

No planejamento do discurso, o orador deve-se orientar a partir de questões do tipo: Qual o tema abordado? Qual a finalidade da exposição? Qual o número de pessoas presentes? Qual o feedback esperado? O que motiva as pessoas a se interessarem pela exposição? Quanto tempo deve durar a exposição? Quais os recursos disponíveis? Em que parte do auditório ficar? Qual a postura adequada para esse tipo de evento?

Introdução

Definidos os pontos acima, o orador pode então montar o seu discurso, seja redigindo o texto para ser lido, ou fazendo um esquema para a fala planejada. Assim, no início do discurso, ele deve despertar o interesse dos ouvintes, aguçando a curiosidade deles pela mensagem que será dita. Nessa etapa da intervenção do orador, que deverá durar de dois a três minutos, ele pode iniciar com a apresentação pessoal, revelando o essencial sobre sua pessoa, qualificação profissional e algo de seu perfil que tenha relação com o tema da mensagem que será ministrada.
  
No início, o comunicador deve intervir com simpatia, pro­curando conquistar a assistência. Uma estratégia interessante seria ele destacar os pontos principais da exposição, os objetivos e os passos que serão seguidos na abordagem do assunto.Dependendo da situação, o orador pode iniciar, fazendo o relato de uma pequena história (ou caso) que tenha estreita relação com o conteúdo da mensagem. Pode ainda ressaltar a importância da presença de todos, citar um autor respeitado, relatar um fato bem humorado, ou levantar uma reflexão sobre o assunto, de­monstrando sutilmente que o conhece e que o domina. Se essa introdução for feita com objetividade, segurança e vibração, sem dúvida, o orador conseguirá preparar o ânimo dos expectadores para receber bem o discurso.

Não é recomendável contar piadas, fazer perguntas que provoquem respostas indesejadas, pedir desculpas por problemas físicos como rouquidão, dor de cabeça, gripe, ou resfriado. Do mesmo modo, o orador não deve demar­car sua posição sobre assuntos polêmicos, nem iniciar a fala com chavões, ou frases muito usadas do tipo: “a união faz a força”, “uma andorinha só não faz verão”.  Essa parte da fala não pode passar a ideia de falta de objetividade do orador, logo precisa ser densa, concisa e objetiva.

Desenvolvimento

Ao começar o desenvolvimento da exposição, uma boa estratégia pode ser a intervenção do orador anunciando, em uma frase, o assunto a ser abor­dado. Por exemplo: “Vamos tratar aqui da violência que apavora as pessoas nos grandes centros urbanos”. Ele pode também fazer um relato histórico do tema ou levantar um problema para o qual apresentará no final a solução.

Na sequência da exposição, os argumentos devem ser direcionados cada vez mais para o ponto de vista que o orador vai sustentar sobre o as­sunto. É importante que ele seja claro e objetivo ao explicitar, justificar e com­provar sua opinião. Para isso, de forma comedida, ele pode usar comparações, exemplos, dados estatísticos, testemunhos; enfim, tudo que puder confirmar e elucidar o conteúdo de sua exposição.

Durante o desenvolvimento, o orador deverá ser coerente na abordagem dos pontos destacados na introdução. Isso fará com que a plateia se renda completamente ao poder sedutor de suas palavras, aumentando assim o grau de confiabilidade. A linguagem do orador deve ser vibrante, porém clara, com frases não muito longas, ritmo suave, fazendo a transição lógica entre os pontos destacados. Para isso, é preciso que os argumentos sejam ordenados criteriosamente, apoiados, se possível, em dados ou exemplos que levem o auditório a compreender com tranquilidade a mensagem transmitida.

Por ser essa etapa a mais longa da exposição, a preocupação com o público deve ser constante para mantê-lo sempre interessado no desenvolvimento da mensagem. Para cativar o público, o orador deve ler ou falar movimentando comedidamente a cabeça, de modo que seu olhar se direcione prioritariamente ao centro da plateia, alternando, de vez em quando, para a direita e para a esquerda, a fim de que todos se sintam contemplados e valorizados.

Outra forma de valorizar o público e de mobilizar sua atenção consiste na adoção de recursos visuais. Como o cérebro retém apenas parte da informação auditiva, o orador pode-se valer de transparência com os registros dos tópicos principais da exposição. Essa estratégia funciona bem, pois ajuda a plateia a fixar os tópicos principais da apresentação, permitindo que os objetivos do orador sejam mais facilmente alcançados.

Conclusão

Da mesma forma que a introdução e o desenvolvimento, o fechamento do discurso deve-se dar com entusiasmo e vibração. Não devem ser usadas fórmulas mínimas para concluir o discurso. Expressões do tipo, “por hoje é só”, “era isso que eu queria dizer”, “espero que vocês tenham gostado” matam qualquer discurso. Não se pode correr o risco de deixar uma imagem negativa, logo é questão de honra terminar bem a exposição.

Para um arremate em alto nível, o orador pode fazer uma síntese do conteúdo principal da exposição, reforçando o que ele deseja que os expectadores guardem nos arquivos da memória. Pode ainda abrir espaço para tirar algumas dúvidas da plateia, fazer um agradecimento sincero e encerrar com uma história interessante, bem humorada e adequada ao tema. Se preferir pode terminar com uma citação de autor importante, ou com uma frase de efeito apropriada. 

Se o clímax do discurso for bem preparado, o sucesso da apresentação será evidente. Recomendamos, então, que o orador faça uma breve recapitula­ção acerca do que foi explanado. Nessa parte, podem ser usados os mesmos recursos do início da apresentação. Sem perder de vista a simpatia com au­ditório, com bom humor, sensatez e equilíbrio, o orador retoma a ideia central do assunto abordado, procurando persuadir os ouvintes a concordarem com o ponto de vista manifesto ao longo da exposição. Feito isso, a missão estará cumprida com sucesso.


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