O Brasil ficou em penúltimo lugar no
ranking global que avaliou a qualidade de educação em 40 países. Trata-se de
uma pesquisa realizada pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit
(EUA), encomendada pela Pearson, com o objetivo de apresentar uma visão geral
do desempenho escolar de alunos da educação básica até os 15 anos.
Os pesquisadores compilaram dados do
Programa Internaconal de Avaliação de Estudantes (PISA), do documento
Tendências em Estudo Internacional de Matemática e Ciências (TIMSS) e do
Progresso no estudo Internacional de Alfabetização (PIRLS), avaliando
fundamentalmente habilidades cognitivas e realizações educacionais, no período
de 2006 a 2010.
Mesmo com essa defasagem estatística
de três anos, creio que hoje o resultado não seria diferente, pois pouco se fez
em termos de nação, para provocar uma mudança significativa na educação
brasileira. Muitas de nossas autoridades não veem a educação como prioridade e
não se empenham para melhorá-la. Assim, não desenvolvem ações concretas,
visando à mudança do atual quadro em que ela se insere.
A análise dos resultados da pesquisa
nos faz compreender que a qualidade da educação tem muito que ver com o olhar
de cada país sobre a importância do ensino. Os dois melhores sistemas
educacionais do mundo, segundo o ranking, estão na Finlândia e na Coreia do
Sul, o que nos pode dar uma falsa ideia de que eles se organizam da mesma
forma. Apenas para ilustrar, na Coreia do Sul, há uma rigidez muito grande no
modo de organização e funcionamento escolar, enquanto, na Finlândia, há mais
flexibilidade e liberdade no desenvolvimento educacional.
Essa diferença mostra que a qualidade
da educação está ligada à cultura que valoriza o aprendizado e não aos modelos
educacionais. E essa valorização é um ponto comum aos sistemas finlandês e sul
coreano. Em ambos, há um grande esforço para fomentar a cultura nacional do
aprendizado, valorizando professores, escolas e educação como um todo. Talvez
essa seja a razão do alto desempenho das nações asiáticas, no ranking, já que
as melhores classificadas estão naquele continente.
Esse banco de dados, chamado pela
Pearson de “Curva do Aprendizado”, mostra o quanto temos que fazer para
alcançarmos uma educação realmente de boa qualidade. Um país com a grandeza do
Brasil deveria aparecer entre os 27 melhores do ranking, já que os demais, da
28ª classificação em diante, figuram abaixo da média. Todavia, em vez disso, vergonhosamente,
estamos no grupo dos piores, ocupando o penúltimo lugar, superando apenas a
Indonésia.
Está na hora, portanto, de a
sociedade e autoridades brasileiras fazerem alguma coisa para mudar esse quadro
no futuro. Penso que deveríamos começar, atraindo bons professores, como fazem
a Finlândia e Coreia do Sul, dando-lhes uma boa formação e encontrando maneiras
de motivá-los, melhorando as condições de trabalho e pagando-lhes um salário
condizente com a grandeza e a qualidade dos serviços prestados. Se assim
funciona na Finlândia e na Coreia do Sul, certamente, funcionará no Brasil
também.
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