quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Uso da vírgula - pontuação

Uma dúvida muito comum que pode surgir ao produzirmos um texto diz respeito à utilidade dos sinais de pontuação. A falta de domínio no emprego de uma vírgula, por exemplo, pode alterar o sentido do que se quer comunicar. Por isso é fundamental saber usá-la corretamente no momento da produção escrita.
De início, podemos dizer que os sinais de pontuação representam pausas na fala, nos casos do ponto, vírgula e ponto-e-vírgula; ou entonações, nos casos do ponto de exclamação e de interrogação. Com isso, não afirmamos que eles são colocados sempre que houver uma variação no ritmo e na pronúncia das palavras, pois cada pessoa tem um modo próprio de falar; assim as pausas e as entonações podem não coincidir exatamente com o emprego da pontuação.
Todavia é plausível ressaltar que os recursos da oralidade como pausa, melodia, entonação e até mesmo silêncio, possam ser representados, na escrita, pelos sinais de pontuação. De igual modo, eles podem reproduzir graficamente a expressão de sentimentos, emoções e desejos, além de serem usados para esclarecer, desfazer mal-entendidos ou dissipar ambiguidades dos enunciados linguísticos.
A pontuação, portanto deve ocorrer, quando houver uma clara justificativa, daí a importância de saber aplicar bem as regras que fundamentam seu uso. A pontuação pode ser interna ou externa. No primeiro caso, ela separa elementos de uma oração ou período; no segundo, marca o final de um enunciado de forma interrogativa, exclamativa ou com a enunciação descendente. Devido à sua importância na escrita, em caso de dúvida, é aconselhável uma boa revisão sobre os casos em que se usa a pontuação, principalmente, a vírgula, cuja utilização é muito variável.

1) Emprego da Vírgula

a) Separa elementos de uma série, termos de mesma função sintática.

Ele trouxe martelo, serrote, plaina, esquadro e formões.
Naquele livro são ruins os personagens, o enredo, o desfecho, a linguagem, a impressão, o papel e a capa.
Quero um refrigerante, uma porção de arroz, um bife de boi e um cafezinho para rematar.
João, Pedro, Maria e José chegaram cedo para o almoço.

b) Separa orações coordenadas assindéticas e orações ligadas por conjunções coordenativas, exceto as introduzidas por e, quando apresentarem o mesmo sujeito da oração anterior.

A bola entrou pela janela, derrubou o vaso, ricocheteou na parede e voltou a sair pela janela.
A vírgula é o sinal de pontuação mais importante, e você deve aprender a usá-lo corretamente.
Não vou dar presente algum neste Natal, nem espero receber coisa alguma.
Tentei demonstrar-lhe as falhas de seu modo de pensar, mas ele não quis aceitar minha argumentação.
Gostaria muito de que vocês fizessem silêncio, pois nosso convidado vai falar.
Vamos evitar que o inimigo tome a ponte, ou vamos resguardar os poucos soldados que temos?

c) Separa termos antecipados, expressões e orações adverbiais deslocadas.

Em quatro anos de universidade, eu nunca tinha visto um sujeito tão esquisito.
Eu nunca tinha visto, em quatro anos de universidade, um sujeito tão esquisito.
Depois do saboroso almoço, o visitante parecia disposto a estragar a digestão do conde.
O visitante, depois do saboroso almoço, parecia disposto a estragar o jantar do conde.
Se você quer subir na vida, terá de trabalhar com seriedade.
Sempre que cai essa chuva fina, a praia fica muito perigosa para os automóveis.
Como o combustível estivesse no fim, tratei de parar para abastecer.

d) Separa aposto e vocativo.

Ismael, o pedreiro, é um bom sujeito.
A “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, é aquele poema que fala da palmeira e do sabiá.
Não sei, amigo, se isso vai dar certo.
Menino, corra ao armazém e traga um pacote de açúcar.
Só tem uma maçã na geladeira, mãe.

e) Separa expressões explicativas, corretivas, ou orações intercaladas.

A lua, você sabe, não é o único satélite da terra.
O Rei, ninguém duvida, está ficando louco.
Esta turma, vocês vão concordar, é muito disciplinada.
O peixe pesava dez, digo, três quilos.
Sairei amanhã, aliás, depois de amanhã.
Ele conhece, além disso, nossa verdadeira identidade.
Jaime, ao contrário de todos os mordomos, não era assassino.
Gastamos R$5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que tínhamos economizado durante anos.
Eles viajaram para a América do Norte, ou melhor, para o Canadá.

f) Separa orações adjetivas explicativas.

O prefeito da cidade, que não era tolo, mandou prender o impostor.
O IBDF, que está realizando uma pesquisa sobre a fauna gaúcha, interditou à caça uma extensa área no município de Osório.
Os cangurus, que são originários da Oceania, reproduzem-se bem no cativeiro.

g) Indica supressão (elipse) de um elemento da oração.

Maria colhia amoras, e João, pitangas.
Pedro gosta de Português, e Paulo, de Geografia.
Eu fui a Salvador, e minha esposa, a Maceió.
Passei o Natal com minha mãe, e minha esposa, com minha sogra.

h) Separa datas e endereços.

Patos de Minas, 07 de julho de 2009.
Belo Horizonte, 22 de junho de 2009.
Brasil, 30 de maio de 2009.
Av. Presidente Prudente, 262.
Rua Joaquim Nabuco, 333.

i) Encerramento de correspondência social e comercial

Com muito amor e carinho,
Cordialmente,
Atenciosamente,
Respeitosamente,

2) Emprego do ponto-e-vírgula
a) Entre orações coordenadas que tenham um certo sentido ou itens que já apresentam separação por vírgula.
Nós não quisemos resistir; a situação parecia tensa demais.
Criança, foi garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tornou-se uma doidivanas.
Estou certo de que você gostará do vestido; ele cai-lhe como uma luva.
Vermelho é o sinal para parar; amarelo, para aguardar; e verde, para seguir adiante.
Poucas pessoas compareceram ao funeral: Maria, sua irmã; João, seu cunhado; Helena, sua fiel enfermeira.

b) Para separar orações ligadas por certas conjunções e locuções conjuntivas (contudo, entretanto, por conseguinte, conseqüentemente, portanto).

A lebre corria muito; contudo, a tartaruga fazia uma média melhor.
Agora é que percebi que não trouxe a carteira; por conseguinte, vamos sair correndo.

3) Emprego dos dois pontos

a) Para introduzir uma série de itens.

Espero que ele compre: pitanga, butiá, guabiroba, araçá e goiaba.
Errado: As frutas de que mais gosto são: pitanga, butiá, guabiroba, araçá e goiaba.

b) Para introduzir uma citação formal.

Disse o Padre Vieira: “Que importa que não adoreis o bezerro de ouro, se adorais o ouro do bezerro?”
Quando entreguei o bilhete, ele mandou-me dizer-te o seguinte: “Os galhos da figueira não balançam em dezembro.”

c) Para introduzir uma explicação ou esclarecimento.

Uma coisa era certa: ele não iria trazê-lo outra vez.
Vieram os parentes, com todas as crianças, cachorros e passarinhos: uma verdadeira horda.
Tenho um grande sonho: que todos passem no vestibular.

d) Para invocação em correspondência social ou comercial, usam-se preferencialmente os dois pontos ou a vírgula.

Querida amiga:
Caro colega:
Prezados senhores,

4) Emprego do travessão

a) Para ligar palavras que formam uma relação espacial.

O vôo Rio – Paris foi suspenso.
A ponte Rio – Niterói necessita de reparos urgentes.
A pista BH – Betim está interditada.
A estrada Patos de Minas – Uberlândia está sendo recuperada.

b) Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor.

– Por que não vamos ao cinema?
– Porque vou assistir ao jogo pela TV.
– Você vem amanhã?
– Não sei. Talvez sim, talvez não.

c) Para separar expressões intercaladas (função da vírgula e do parêntese)

Três de meus melhores colegas – João, Pedro e Israel – esperavam-me no ponto combinado.
Todos os objetos – livros, cadernos e outros – foram guardados.

5) Emprego das aspas

a) Para indicar a citação de alguém.

“Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou, o que importa é que sempre é possível e necessário “Recomeçar”. Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo. É renovar as esperanças na vida e o mais importante: acreditar em você de novo.” (Recomeçar, Paulo Roberto Gaefke)

b) Para destacar expressões estrangeiras, neologismos ou gírias.

“sine qua non”, “outdoor”.
“ipsis literis”.
“sine die”.
“Ad hoc”.

6) Emprego das reticências

a) Para indicar a supressão de um trecho.

(...) onde está ela, amor, a nossa casa,/ o bem que neste mundo mais invejo?/ O brando ninho aonde o nosso beijo/ será mais puro e doce que uma asa? (...)
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer...
Dançar, pintar, cantar, tocar, representar, escrever, ler... Há várias maneiras de brincar de ser outra pessoa e viajar...

b) Para indicar a interrupção ou dar idéia de continuidade ao que se estava falando.

Então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade...
Eu gostei da nova casa, mas do quintal...

7) Emprego dos parênteses

Para explicar melhor algo que foi dito ou para fazer simples indicações.

Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (o e aparece repetido e, por isso, usa-se vírgulas).


8) Emprego da pontuação final

a) Final comum: assinala o final de uma frase.

Todos ficaram sabendo da notícia.
Ninguém compareceu ao jantar de noivado.

b) De exclamação: exprime um alto grau de surpresa.

Perdoa-me, Senhor, pelo que fiz!
Não posso acreditar no que vejo!

c) De interrogação: conclui uma frase interrogativa direta.

Quem começou a briga?
Vocês sabem quem começou a briga?

Armadilhas da pontuação no texto escrito

Pontue corretamente os períodos abaixo;.

1) O fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro também era o pai do bezerro

2) Irás Voltarás Não ficarás lá

3) Joana quando toma banho quente sua mãe diz ela quero água fria


Observe a seguinte situação linguística: um homem estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim:

'Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.” '
Antes que pontuasse a frase, o homem morreu. A quem caberia a fortuna?

1) O sobrinho, interessado na herança, fez a seguinte pontuação:

Deixo meus bens à minha irmã Não A meu sobrinho Jamais será paga a conta do padeiro Nada dou aos pobres

2) A irmã, de olho na fortuna, chegou em seguida e pontuou assim o período:
Deixo meus bens à minha irmã Não a meu sobrinho Jamais será paga a conta do padeiro Nada dou aos pobres

3) O padeiro, que não queria ficar no prejuízo, pediu cópia do original, puxou a brasa para a sua sardinha:
Deixo meus bens à minha irmã Não A meu sobrinho Jamais Será paga a conta do padeiro Nada dou aos pobres
4) Aí, um representante dos pobres, homem sabido, chegou e fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã Não A meu sobrinho Jamais Será paga a conta do padeiro Nada Dou aos pobres

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