quarta-feira, 14 de abril de 2010

Escolas literárias brasileiras

Queridos alunos, segue uma síntese dos estudos literários. Fiquem atentos, pois é muito importante para o êxito nos exames diversos e nos concursos vestibulares. Um abraço do professor Doniseti.

1) Origens da literatura brasileira (século XVI)
Com a chegada dos portugueses ao Brasil, no ano de 1500 d.C., surgiram as primeiras manifestações literárias em terras brasileiras. Considerando  esse período, não é correto falar em literatura brasileira, pois os textos foram escritos pelos cronistas europeus, num primeiro momento, depois, pelos jesuítas. No primeiro caso, a finalidade era informar à Coroa portuguesa sobre o Brasil, sua fauna e flora e sobre o homem brasileiro.
Essa literatura de informação sobre a realidade do país tupiniquim recém-descoberto prevaleceu na primeira metade do século XVI, até a chegada dos jesuítas em 1548. A partir de então surge a literatura de catequese praticada pelos missionários portugueses, com finalidade religiosa e pedagógica. Era preciso ensinar o idioma português aos índios e incuti-lhes os valores religiosos, a fim de que eles pudessem ser usados nos trabalhos de colonização do país.
Merecem destaques, na literatura do Quinhentismo brasileiro, os seguintes autores e obras: A Carta a El-Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha; Diário de Navegação, de Pero Lopes de Sousa; Tratado da Terra do Brasil, de Pero Magalhães Gândavo; Narrativa epistolar e tratados da Terra e da Gente do Brasil, do jesuíta Fernão Cardim; Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa; História do Brasil, de Frei Vicente de Salvador; Cartas dos missionários jesuítas enviadas à Europa.

2) Barroco Brasileiro (século XVII)
Somente podemos falar em literatura brasileira a partir dos anos 1600, quando começa a surgir uma literatura feita no Brasil, sobre o Brasil e para os brasileiros. Enquanto a nobreza perdia espaço em Portugal, com o fortalecimento da burguesia, o Barroco brasileiro se desenvolveu, no período em que se consolidava a aristocracia nacional. A base da economia nacional, a cana-de-açúcar, cuja exploração era também cobiçada por holandeses e franceses, que acabaram invadindo o país, mexia com a vida da sociedade brasileira, ainda fragilizada no processo de consolidação social.
O início do Barroco no Brasil se deu com a publicação do poema épico, Prosopopéia, de Bento Teixeira Pinto. O surgimento de uma poesia com características brasileiras ocorreu na 2ª fase, com a participação do grupo baiano, constituído por Gregório de Matos Guerra, Eusébio de Matos, Domingos Barbosa e outros. Destes, Gregório de Matos merece maior destaque por ter escrito poemas líricos, satíricos e religiosos. Foi como poeta satírico, criticando, em seus poemas, os costumes sociais da época, o clero e os colonizadores,  que ganhou notoriedade. Na 3ª fase, apareceram algumas academias literárias e os autores Manuel Botelho de Oliveira, Frei Manuel de Santa Maria Itaparica, entre outros, também importantes nesse processo de afirmação da Literatura Brasileira.
O jesuíta português, Padre Antônio Vieira, teve também importante participação no Barroco Brasileiro. Atuou ativamente na busca de soluções para os problemas sociais da época, no Brasil. Notável intelectual, exímio orador sacro, deixou sua marca indelével na estética barroca tanto no Brasil como em Portugal. Ele e Gregório de Matos são os dois expoentes desta escola literária baiana que tão bem representa a literatura do Brasil daquela época.
O cultismo e o conceptismo são as principais características do Barroco. O primeiro pode ser observado pela linguagem obscura, cheia de ornatos, de enfeites, com inversões sintáticas, pelas metáforas excessivas e exageradas, pelo vocabulário sofisticado, pouco comum e pela presença de trocadilhos, de figuras como hipérbato, hipérbole e antítese. O segundo se caracteriza pela preocupação com o desenvolvimento lógico das idéias, com o uso de uma linguagem explicativa, reinterativa, e valorização mais do pensamento que da forma. A linguagem extravagante, carregada de metáforas (dizer uma coisa com outras palavras), paradoxos (contradições lógicas) e antíteses (idéias opostas) revelam os conflitos entre e alma e corpo, espírito e matéria, enfim, o dualismo entre o cristianismo e o paganismo.

3) Arcadismo Brasileiro (século XVIII)
O arcadismo brasileiro foi uma escola literária que se realizou basicamente em terras mineiras. Com a descoberta do ouro, o foco econômico do país se deslocou do nordeste para Minas Gerais. A base da economia brasileira deixou de ser o cultivo da cana-de-açúcar e passou a ser a extração mineral.
Os principais representantes do arcadismo brasileiro participaram ativamente dos grandes acontecimentos das minas de então. Influenciados pelo pensamento liberal europeu, o Iluminismo, os intelectuais mineiros de Vila Rica se organizaram em torno dos ideais de Liberdade. O lema, “Liberdade ainda que tardia”, estava presente nas ações de todos que lutavam por uma nação independente e por uma profunda mudança social, política e econômica da Colônia.
Vila Rica se agitou com a intensa exploração do ouro que, por conseqüência, promoveu a exploração humana e do país. As injustiças decorrentes da ambição dos colonizadores portugueses, dos traficantes e donos de escravos, da tirania das autoridades portuguesas no Brasil reforçavam o sentimento nacionalista de parte da elite intelectual mineira.
Assim surge a revolta dos Inconfidentes, movimento político de resistência contra as arbitrariedades do governo português no Brasil. Dentre os articuladores da Inconfidência Mineira destacam-se seus mentores intelectuais, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. Estes dois poetas são os expoentes do arcadismo brasileiro que tem ainda como representes Alvarenga Peixoto, Basílio da Gama, Santa Rita Durão e Silva Alvarenga.
“Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa, marca o início do arcadismo brasileiro. Além desta, destacamos ainda o lirismo de “Marília de Dirceu” e a sátira de “Cartas Chilenas”, de Tomás Antônio Gonzaga, “O Uraguai” e “Caramuru”, poemas épicos de Basílio da Gama e de Frei José de Santa Rita Durão.
As principais características deste estilo de época se relacionam ao próprio sentido do substantivo que o nomeia. A palavra arcadismo se origina de Arcádia, região da Grécia onde se dizia que os pastores e os poetas viviam em paz com a natureza, com a vida e com o amor. Daí a preferência pelos temas ligados à natureza, ao campo e à vida simples.
Enfim, o Arcadismo representou e representa a busca da simplicidade e do equilíbrio. Para isso, valorizava a convivência saudável com a natureza, buscava a harmonia em ambientes bucólicos, utilizava uma linguagem comedida em oposição aos exageros do Barroco. Segundo os ideais clássicos e de liberdade dos árcades, a fuga na natureza, convivência com o bucolismo, era a melhor saída para uma vida plena, feliz, simples e equilibrada.

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