O 2º turno das eleições 2010 mostrou, por um lado, a desconfiança de grande parte do eleitorado brasileiro e, por outro, a força e o prestígio do presidente Lula. As urnas revelaram também maturidade dos eleitores que não se deixaram levar por tentativas de imposição da vontade de lideranças religiosas sobre a liberdade de escolha de cada um. Um avanço, realmente.
A desconfiança dos eleitores devia-se ao fato de a então candidata, Dilma Rousselff, nunca ter disputado uma eleição, nunca ter exercido um mandato, no legislativo ou no executivo, por isso havia dúvidas sobre o desdobramento de sua conduta política. Mas à medida que a campanha evoluía e que o presidente Lula intensificava seu apoio a ela, sua força política, seu carisma e sua aceitação popular foram superando o clima de desconfiança dos eleitores.
Alguns estrategistas e analistas políticos defendiam que, no segundo turno das eleições, Dilma Rousselff deveria realizar sua campanha desgarrada da imagem do presidente Lula. Todavia, em vez disso, a participação dele foi ainda mais intensa. Lógico que Dilma fez a sua parte, senão 56% do eleitorado brasileiro não teriam confiado seu voto a ela.
O acirramento da disputa, em determinados momentos, acabou trazendo à tona uma enxurrada de boatos, de acusações infundadas, de denúncias sem provas, misturando princípios religiosos com discussão política, manchando assim a nossa caminhada democrática.
Infelizmente, alguns setores da igreja católica e de evangélicos perderam a razão, deixando-se levar pelas emoções, como que querendo transformar nosso Estado Laico em Estado Teocrático. Felizmente, os fiéis, tanto católicos quanto evangélicos, deram uma prova de maturidade política ao votar, desconsiderando a determinação das autoridades religiosas que se expuseram dessa maneira, tentando monopolizar a discussão, valendo-se de temas que, por natureza, são polêmicos até mesmo no universo das religiões.
Hoje, fazendo a leitura do resultado das urnas, é possível perceber a consciência do eleitor, na escolha da candidata Dilma Rousselff. As tentativas dos líderes religiosos em influírem na decisão dos eleitores "cristãos" não surtiram os efeitos desejados. Estes, talvez até com mais clareza do que seus líderes sectários, souberam separar política de princípios religiosos. Eles não cederam ao medo disseminado e optaram pela candidata que representava a continuidade do governo do presidente Lula. Isso demonstra a autonomia do eleitor no momento de decidir sobre o destino de seu voto.
Considerando que, no Brasil, a maioria do eleitorado brasileiro professa o cristianismo, como fundamento religioso, foi uma lição para as lideranças que ainda se valem de artimanhas como boatos, acusações infundadas e outras estratégias, cujo propósito é única e exclusivamente desqualificar o adversário. Acho que todos devem participar, discutindo propostas de interesse da sociedade, porém sendo propositivos, pois a crítica pela crítica, o sectarismo e o radicalismo não contribuem para os avanços democráticos, nem para a construção de uma sociedade melhor.
Resta-nos agora desejar boa sorte à presidente Dilma Rousselff e esperar que, nos próximos pleitos, a discussão e o debate de propostas prevaleçam sobre as tentativas de desqualificar adversários. Com o eleitor, cada vez mais consciente, essa estratégia não rende votos a ninguém. Felizmente, está sendo assim. Parabéns, eleitor! E viva a democracia!
(Professor Doniseti)
Proposta de redação
Com base no texto acima, redija uma dissertação, discutindo a importância da realização de uma campanha eleitoral, em que se priorize o debate de propostas em vez dos ataques pessoais contra adversários políticos.
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