Os professores da rede estadual de ensino de Minas gerais, permaneceram, em 2011, 112 dias em greve, lutando para que o governo corrigisse as injustiças praticadas contra eles na implantação do piso salarial do magistério mineiro.
O plano de carreira da educação adotado pelo governo prejudicou principalmente aqueles que ao longo dos anos se dedicaram ao exercício da nobre missão de ensinar. Foi um golpe contra os abnegados educadores que viram suas vantagens obtidas com a progressão vertical e horizontal, mais auxílio pó-de-giz e outras, acabarem num piscar de olhos.
A equação utilizada pelo executivo mineiro foi medonha e por isso a greve durou mais de meio ano letivo, um fato jamais visto na história da educação em Minas. Pela proposta do governo, os mais antigos perderam tudo, na medida em que seus assessores somaram o que havia de vantagens, para achar um valor superior ao piso nacional do magistério estabelecido pelo MEC.
Durante toda a greve, os representantes dos educadores bateram forte, alegando que as vantagens previstas em um plano de carreira não poderiam ser engolidas, sendo seus valores convertidos em piso salarial. Uma crueldade, pois se assim o fosse, não precisaria de o governo federal estabelecer um piso, pois onde há um plano de carreira, somando-se as vantagens nele previstas, por menores que sejam, certamente ultrapassará o valor mínimo.
Quando o governo federal estabeleceu o piso nacional para o magistério, logicamente, ele não pensou no Estado de Minas Gerais, de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Santa Catarina, dentre outros, e sim naqueles rincões do Norte e Nordeste do país, onde os professores recebiam até menos de meio salário mínimo para o exercício da docência. Por isso é hilário o argumento do governo, dizendo que paga mais que o piso nacional. Se pagasse menos seria uma tremenda vergonha.
Nossas autoridades mineiras, incluindo nestas os deputados estaduais da base aliada deveriam se envergonhar de tal argumento. Deveriam, isto sim, procurar alternativas para valorização do professor da rede estadual mineira, antecipando a futuros impasses como esse, que tanto prejuízo causa aos alunos, principalmente àqueles que estão no fim da educação básica, que se preparam para o Enem, vestibulares e concursos.
Mas não. Essa página já está escrita. Com o fim da greve, todos vão fechar os olhos, fazendo de conta que os alunos não serão prejudicados, que tudo que não foi visto será recuperado, quando, na verdade, isso não vai acontecer. O prejuízo foi grande e os danos não serão reparados. Aqueles que sonham com o sucesso em seus estudos terão um pouco de paz até o próximo movimento grevista. Como está, certamente não fica. Os professores continuam sendo mal-pagos, as autoridades não dão bola para isso, logo o levante será inevitável. Assim, seria prudente que nossas autoridades zelasse pela qualidade do ensino, começando pela valorização do professor.
O verdadeiro compromisso de nossas autoridades com a educação deve sair dos discursos e ir para a prática. Todos concordamos que a educação deve ser de qualidade, mas para isso, precisamos dar condições aos educadores de trabalharem com um mínimo de dignidade. Nossas autoridades precisam lançar um olhar de mestre sobre nossos educadores para enxergarem a sua realidade. Enquanto isso não ocorrer, a educação continuará não sendo prioridade. Acorda, Minas! Acorda, Brasil!
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