As
manifestações populares que tomam as ruas das grandes cidades brasileiras,
apoiadas por muitos e condenadas por alguns, têm um significado especial para
todos que acreditam em um país melhor para todos. Esse é um recado sério para nossas
autoridades, um sinal de que o povo está no limite diante dos desmandos que
assolam a vida dos brasileiros.
Esse
movimento evidencia a insatisfação com a qualidade dos serviços prestados aos
cidadãos na área da saúde, da educação, da segurança, dos transportes coletivos,
que ficam longe de atenderem o mínimo necessário a que a população tem direito.
Faltam profissionais e equipamentos atualizados nas redes hospitalares, faltam
hospitais, faltam condições de trabalho para os professores nas escolas, faltam
escolas com infraestrutura adequada ao ensino, falta valorização profissional,
falta segurança nas ruas, nos ambientes de trabalho e de convivência social e
familiar. Faltam condições de trabalho para as forças de segurança, nos
estados, falta combate à impunidade, à corrupção. Enfim, faltam empenho e
seriedade de nossas autoridades.
Quando
há um protesto contra o aumento no preço da tarifa de ônibus, o cidadão está
denunciando, com esse ato, a precariedade do transporte coletivo, a
superlotação, o longo tempo de espera para o embarque e desembarque, ou seja, a
total falta de respeito aos trabalhadores que, diariamente sofrem com a demora
e com as dificuldades de deslocamento de casa para o trabalho e deste para suas
residências. Ainda mais um aumento que ocorre logo após o governo federal
anunciar a isenção dos impostos do PIS e do Confins, que deveria reduzir em até
7% o valor das passagens em todo o Brasil. Essa isenção de impostos, seguida de
reajuste é uma conta que realmente não fecha na cabeça do trabalhador.
Do
mesmo modo, a população não aceita os argumentos de nossos governantes que
alegam faltar dinheiro para a saúde, educação e segurança, enquanto gastam
bilhões com a reforma e construção de estádios para a disputa de uma Copa do
Mundo que, em nada melhorará as condições de vida dos brasileiros. Não adianta
belos estádios, se as pessoas continuam morrendo nas filas de hospitais por
falta de atendimento, as escolas funcionam precariamente, os professores, os
policiais, nos estados e a maioria dos trabalhadores brasileiros continuam
recebendo salários insuficientes para a sobrevivência e o sustento de seus
familiares.
Não dá
para aceitar o fato de haver bilhões e bilhões para investimento nas obras da
Copa do Mundo e nada para dar uma vida digna aos brasileiros, para combater a
corrupção e a impunidade. O judiciário brasileiro, com todo seu conhecimento,
fica imóvel, assistindo mulheres e crianças sendo estupradas, vendo bebês sendo
mortos nos braços de seus pais, vendo menores matando e latrocínios acontecendo
o tempo todo, sem agir em busca de alternativas que traga tranquilidade aos
cidadãos de bem. O que o povo quer é um judiciário atuante, que coloque seus
conhecimentos em favor da nação, que apresente diretrizes para a elaboração de
uma legislação moderna e justa para o país.
Para
mim, esse fenômeno da mobilização social, que movimenta as cidades brasileiras,
significa um grito de quem não aguenta mais o descaso de nossas autoridades,
que cruzam os braços diante das atrocidades que violentam os cidadãos de bem. E
de agora em diante se elas não mudarem de atitude, cumprindo o seu papel de
trabalhar pelo povo, este vai buscar a solução, utilizando a força e o poder de
mobilização legitimados no calor e euforia das ruas.
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