Com
grande tristeza, sentei-me diante do computador e comecei a escrever. Tristeza
porque preferia dizer algo que confortasse os corações daqueles que vivem a
esperança de paz entre as pessoas. Muitos trabalham para isso, mas outros agem
como se a vida não tivesse nenhum valor.
Dói
fundo o coração, toda vez que ligo a televisão ou abro um jornal e deparo com
cenas de violência resultantes de atos de criminosos, que os praticam, na
certeza da impunidade. Assim, o trânsito continua matando incessantemente,
assaltantes seguem fazendo vítimas, crianças são abusadas sexualmente, idosos
são desrespeitados no ambiente doméstico, pessoas são traficadas e forçadas e
se prostituírem, pacientes morrem nas filas das unidades de saúde por falta de
atendimento. Isso sem falar das organizações criminosas que atuam no campo e
nas cidades, ceifando vidas, ou aliciando pessoas para o mundo das drogas.
Curioso
é que não dá pra saber que tipo de violência assusta mais. Apenas para ilustrar,
há tempos tive um carro roubado, contatamos a polícia que o recuperou na mesma
noite. Quando a polícia me comunicou, fui até o local para as devidas
providências. Chegando lá, para minha surpresa, deparei com um adolescente de
16 anos, que tinha sido meu aluno no Ensino Fundamental. Quando o olhei, grande
foi meu espanto. Sem palavras, apenas indaguei se tudo que a gente havia
estudado em sala de aula não tinha feito diferença em sua vida. Ele me olhou,
com os olhos lacrimejantes, apenas disse: “desculpa, professor! Foi mal! Não
tive saída; era o carro, ou a vida”. Diante disso, de algum modo, por alguma
razão, eu percebi que ele também era uma vítima da violência.
Frequentemente,
deparamos com educadores, escolas, organizações religiosas e instituições que
defendem a igualdade de direitos, o respeito às diferenças, que trabalham
valores fundamentais à formação do caráter humano. Se tudo isso é feito, não
deveria haver assassinatos, estupros, torturas, espancamentos, assaltos e
outras atrocidades que massacram a existência humana. É triste constatar o
descaso com que muitos tratam a vida.
Apesar
da Lei Seca, das campanhas educativas, muitos condutores continuam dirigindo
bêbados, atropelando e matando inocentes; torcidas organizadas marcam duelos
pelas redes sociais e distribuem pancadarias e balas, criando verdadeiros
cenários de guerra; jovens são mortos por causa de droga e do tráfico; crianças
são abandonadas e violentadas cruelmente; idosos são despejados em asilos para
viverem isoladamente, sem nenhum contato com os familiares; doentes perambulam
pelas ruas em busca de atendimentos nas unidades de saúde; além das ações de
gangues organizadas que matam sem piedade, violência verbal, bullyng e tantas
outras perversidades.
Apesar
do esforço de tanta gente em formar cidadãos de bem, as pessoas continuam
matando, assaltando, estuprando, traficando e se drogando. Assim, a violência
cresce, os grupos se organizam, se especializam, tornando-se verdadeiros
profissionais do crime, sem nada temerem, uma vez que acreditam na impunidade.
E nós, sob o olhar de descaso de nossas autoridades, ficamos impotentes,
expostos aos perigos. Não somos criminosos, nem omissos, somos vítimas
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