O
tema “pontuação” nos remete aos recursos utilizados na escrita, para que as
estruturas linguísticas sejam pronunciadas com entonação de voz, melodia e ritmo
adequado. Diversos são os marcadores que pontuam esses aspectos na linguagem
verbal, daí a importância de sabermos empregá-los corretamente.
Os
sinais de pontuação aparecem na estrutura dos textos, cumprindo diferentes
funções. Eles reproduzem na escrita, nossas emoções, intenções e anseios,
substituindo recursos como pausa,
melodia, impostação de voz e até mesmo silêncio, que se fazem presentes na
oralidade. Além disso, os sinais de pontuação têm um papel fundamental no
discurso, pois servem para esclarecer ou dissipar qualquer tipo de ambiguidade
do processo comunicativo.
Regras de pontuação
1)
Emprego da Vírgula
a)
Separa
elementos de uma série, termos de mesma função sintática.
Ø Ele trouxe martelo,
serrote, plaina, esquadro e formões.
Ø Quero um
refrigerante, uma porção de arroz, um bife de boi e um cafezinho para rematar.
b)
Separa
orações coordenadas assindéticas e orações ligadas por conjunções coordenativas,
exceto as introduzidas por e, quando apresentarem o mesmo sujeito da oração
anterior.
Ø A bola entrou pela
janela, derrubou o vaso, ricocheteou na parede e voltou a sair pela janela.
Ø A vírgula é o sinal
de pontuação mais importante, e você
deve aprender a usá-lo corretamente.
c)
Separa
termos antecipados, expressões e orações adverbiais deslocadas.
Ø Em quatro anos de universidade, eu nunca tinha
visto um sujeito tão esquisito.
Ø Depois do saboroso almoço, o visitante parecia
disposto a estragar a digestão do conde.
d)
Separa
aposto e vocativo.
Ø Ismael, o pedreiro, é um bom sujeito.
Ø Pedreiro, começe a reforma pelo banheiro!
Ø A “Canção do Exílio”,
de Gonçalves Dias, é aquele poema
que fala da palmeira e do sabiá.
e)
Separa
expressões explicativas, corretivas, ou orações intercaladas.
Ø A lua, você sabe, não é o único satélite da
terra.
Ø O peixe pesava dez, digo, três quilos.
Ø Ele conhece, além disso, nossa verdadeira
identidade.
f)
Separa
orações adjetivas explicativas.
Ø O prefeito da cidade,
que não era tolo, mandou prender o
impostor.
Ø O IBDF, que está realizando uma pesquisa sobre a
fauna gaúcha, interditou à caça uma extensa área no município de Osório.
g)
Indica
supressão (elipse) de um elemento da oração.
Ø Maria colhia amoras,
e João, pitangas.
Ø Passei o Natal com
minha mãe, e minha esposa, com minha sogra.
h)
Separa
datas e endereços.
Ø
Patos
de Minas, 07 de julho de 2015.
Ø
Brasil,
30 de maio de 2009.
i)
Encerramento
de correspondência social e comercial.
Ø
Com
muito amor e carinho, Atenciosamente,
2)
Emprego do ponto-e-vírgula
a) Entre orações coordenadas que tenham um certo sentido
ou itens que já apresentam separação por vírgula.
Ø
Criança,
foi garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura,
tornou-se uma doidivanas.
Ø
Vermelho
é o sinal para parar; amarelo, para aguardar; e verde, para seguir.
b) Para
separar orações ligadas por certas conjunções e locuções conjuntivas (contudo,
entretanto, por conseguinte, consequentemente, portanto).
Ø A lebre corria muito;
contudo, a tartaruga fazia uma média melhor.
Ø Agora é que percebi
que não trouxe a carteira; logo, vou precisar de um empréstimo para pagar a conta.
Ø Ele trabalhou com
muito empenho; no entanto, não terminou o serviço.
3)
Emprego dos dois pontos
a)
Para
introduzir uma série de itens.
Ø Espero que ele
compre: pitanga, butiá, guabiroba, araçá e goiaba.
Ø Errado: As frutas de
que mais gosto são: pitanga, butiá, guabiroba, araçá e goiaba.
b)
Para
introduzir uma citação formal.
Ø Disse o Padre Vieira:
“Que importa que não adoreis o bezerro de ouro, se adorais o ouro do bezerro?”
Ø Quando entreguei o
bilhete, ele mandou-me dizer-te o seguinte: “Os galhos da figueira não balançam
em dezembro.”
c)
Para
introduzir uma explicação ou esclarecimento.
Ø Uma coisa era certa:
ele não iria trazê-lo outra vez.
Ø Vieram os parentes,
com todas as crianças, cachorros e passarinhos: uma verdadeira horda.
d)
Para
invocação em correspondência social ou comercial, usam-se preferencialmente os
dois pontos ou a vírgula.
Ø Querida amiga:
Ø Prezados senhores,
4)
Emprego do travessão
a)
Para
ligar palavras que formam uma relação espacial.
Ø O voo Rio – Paris foi
suspenso.
Ø A ponte Rio – Niterói
necessita de reparos urgentes.
Ø A estrada Patos de
Minas – Uberlândia estava muito movimentada.
b)
Para
indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor.
Ø – Por que não vamos
ao cinema?
Ø – Porque vou assistir
ao jogo pela TV.
c)
Para
separar expressões intercaladas (função da vírgula e do parêntese)
Ø Três de meus melhores
colegas – João, Pedro e Israel – esperavam-me no ponto combinado.
Ø Todos os objetos –
livros, cadernos e outros – foram guardados.
5)
Emprego das aspas
a)
Para
indicar a citação de alguém.
Ø “Ninguém
nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por
sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a
odiar, elas podem ser ensinadas a amar.” (N. Mandela)
Ø “Não importa onde
você parou, em que momento da vida você cansou, o que importa é que sempre é
possível e necessário “Recomeçar”. Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo.
É renovar as esperanças na vida e o mais importante: acreditar em você de
novo.” (Recomeçar, Paulo Roberto Gaefke)
b)
Para
destacar expressões estrangeiras, neologismos ou gírias.
Ø “sine qua non”, “outdoor”; “ipsis literis”; “sine die”;
6)
Emprego das reticências
a)
Para indicar a supressão de um trecho.
Ø
(...)
onde está ela, amor, a nossa casa,/ o bem que neste mundo mais invejo?/ O
brando ninho aonde o nosso beijo/ será mais puro e doce que uma asa? (...)
Ø
Quem
sabe faz a hora, não espera acontecer...
b) Para indicar a interrupção ou dar ideia de
continuidade ao que se estava falando.
Ø Então, veio um
sentimento de alegria, paz, felicidade...
Ø Eu gostei da nova
casa, mas do quintal...
7)
Emprego dos parênteses
Para explicar melhor algo que foi dito ou
para fazer simples indicações.
Ø Ele comeu, e almoçou,
e dormiu. (usou-se a vírgula por da repetição do “e”).
Ø O português é uma das
línguas românicas (neolatinas).
8)
Emprego da pontuação final
a) Final comum:
assinala o final de uma frase, ou de um parágrafo.
Ø Todos ficaram sabendo
da notícia.
Ø Ninguém compareceu ao
jantar de noivado.
b) De exclamação:
exprime um alto grau de surpresa.
Ø Perdoa-me, Senhor,
pelo que fiz!
Ø Não posso acreditar
no que vejo!
c) De interrogação: conclui uma frase
interrogativa direta.
Ø Quem começou a briga? Vocês
sabem quem começou a briga?
Ø Por que vocês fizeram
isso? Vocês fizeram isso, por quê?