sexta-feira, 27 de maio de 2011

Kit gay ou kit contra a homofobia

No dia 25 de maio de 2011, os brasileiros foram surpreendidos com a polêmica em torno da decisão da presidente Dilma Rousseff, desautorizando a distribuição do kit contra homofobia nas escolas públicas. Uma medida, para mim, acertada, pois a maioria dos compatriotas não acompanhou essa discussão, já que ficou restrita a algumas autoridades brasileiras e aos representantes de grupos interessados em sua aprovação.

Essa prática de articulação de propostas e de tentar implementá-las, sem amadurecimento da sociedade em torno de assuntos para os quais não há convergência de opiniões, dificilmente termina do modo como seus proponentes desejam. Engana-se aquele que pensa que, com um pouquinho mais de astúcia, teria conseguido a distribuição do kit, porque depois, o estrago seria ainda maior. Lógico que a sociedade se mobilizaria, já que estaria em jogo o rompimento de padrões morais e comportamentais que mexem profundamente com valores culturais e religiosos dos brasileiros.

O deputado federal, Jean Wyllys, do PSOL, ex-BBB, defensor do kit, acusa a presidente Dilma Rousseff de ter agido precipitadamente ao suspender a distribuição do material nas escolas. Mas é preciso levar em conta que a presidente governa para todos os brasileiros e não para grupos, quer de minorias, quer de maiorias. E como o assunto, de certa forma, mexe com todos, escolas, alunos, pais, educadores, religiões e grupos organizados da sociedade civil, não havia atitude mais sensata do que essa tomada pela presidente Dilma.

O que me chama a atenção nessa polêmica toda não é o conteúdo do material elaborado, nem a suspensão de sua distribuição, mas a falta de um projeto educacional coerente que realmente faça a diferença na qualidade do ensino e na formação de nossos alunos. Enquanto o Brasil ocupa apenas a 88ª posição no ranking do Relatório de Monitoramento Global de 2011 da UNESCO, a mesma do relatório anterior, no universo de 127 países, longe, portanto, de alcançar as metas do compromisso Educação Para Todos até 2015, gastam-se milhões com a produção de um material polêmico e depois, perde-se um tempo imenso debatendo sobre a pertinência ou não de sua distribuição.

Em vez de uma discussão limitada como essa, o país deveria discutir alternativas para ampliar a oferta de educação para a primeira infância, para universalizar o acesso à educação básica, garantir o atendimento de jovens em programas de aprendizagem profissional, reduzir a taxa de analfabetismo dos brasileiros, eliminar as disparidades de gênero no acesso ao ensino e melhorar a qualidade da nossa educação. Esse debate, sim, é indispensável ao desenvolvimento do país, mas qualquer outro feito com sectarismo em nada contribuirá para nos tirar da vergonhosa posição em que nos encontramos, pois, conforme aponta o relatório da UNESCO, o Brasil pode estar longe de alcançar as metas do compromisso Educação Para Todos (EPT) até 2015.

Para o coordenador educacional da UNESCO, Paolo Fontani, o Brasil deixou de avançar, principalmente porque a permanência de crianças na escola é de apenas 75%, bem distante da taxa dos países desenvolvidos. Para ele, o país tem que superar os anos de descaso com a educação e, logicamente, essa superação não se limita ao investimento de milhões em kits disso ou daquilo, para contemplar interesses dessa ou daquela causa. Hoje é Kit contra homofobia, amanhã, contra heterofobia, depois, contra a discriminação religiosa, e por aí vai.

Certamente, há outros grupos, outras minorias que também gostariam de apresentar um kit para ser trabalhado nas nossas escolas públicas, mas a educação não pode ficar refém deles por mais justas e legítimas que sejam suas reivindicações. A educação tem que ser para todos indiscriminadamente, por isso precisa ser repensada, redimensionada, para que os avanços se tornem realidade e o direito de todos seja respeitado. O desafio de melhorar o nível da educação brasileira para colocar o país na posição que merece implica mudança na atitude de todos, minorias e maiorias, trabalhando não em favor de grupos, de bandeiras específicas, mas do bem comum.

4 comentários:

  1. Bacana, essa discussão. Tanta coisa importante que as autoridades brasileiras deveriam debater, ficam perdendo tempo e dinheiro com coisa sem importância.

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  2. Professor, o senhor não quis avaliar o conteúdo do material, por educação, mas de fato é muito ruim. Mas o senhor está de parabéns, pois em vez de ficar apenas na crítica, aponta em seu texto o eixo de um debate que todos deveríamos fazer para melhorar a nossa educação.

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  3. Eu vi os vídeos e fiquei muito preocupado. Em um aparece um garoto, cujo sonho do pai era que ele fosse jogador de futebol. De repente, se sente mulher,se comporta como mulher e quer inclusive usar o banheiro feminino na escola. Assim, em vez de José Carlos quer ser chamado de Bianca. Em outro aparecem duas meninas que se apaixonam, e depois ver fotos das duas postadas na internet, resolvem assumir a relação homoafetiva. O outro mostra a história de um menino (Leonardo) que, mudando-se de escola, torna-se amigo de Matheus, que em uma festa o apresenta a seu primo Rafael; Leonardo que já gostava de menina se apaixona por Rafael, descobrindo assim sua bissexualidade. O pior ´se que ele conclui que por ser assim tem mais chances de ser feliz porque tanto pode ficar com homem quanto com mulher. Horrível! Não há nada educativo; pelo contrário induz os adolescentes a tal prática. Dessa forma, Senhor Ministro da Educação, a qualidade do ensino em vez de melhorar, vai piorar ainda mais. Como educador, estou envergonhado.

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  4. Estou de acordo com decisão da Presidente DILMA,SOBRE ESSE ASSUNTO.isso jamais deve acontecer,isso só levaria nossas crianças ah irem por esse caminho."E o SENHOR FEZ O HOMEM PARA CASAR COM MULHER E NÃO AO CONTRARIO"SE NÃO TINHA FEITO ADÃO COM ADÃO E EVA COM EVA.

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