terça-feira, 24 de abril de 2012

CPI Carlinhos Cachoeira


Os últimos acontecimentos envolvendo a relação de Carlinhos Cachoeira e o senador goiano Demóstenes Torres (ex-DEM) nos revelam a grande dificuldade que é acabar com a impunidade no país, já que ela se enraíza em diferentes direções da vida pública brasileira.
Enfim, depois de algumas dificuldades e muitas dúvidas, a CPI foi instalada para apurar esse escândalo que uma vez mais denigre a imagem da nossa amada pátria. Vejamos agora se as investigações não tomem um rumo diferente daquele que esperamos, pois no Congresso Nacional e na política brasileira prevalece o corporativismo e os interesses pessoais em detrimento da seriedade e lisura dos processos investigativos.
Basta lembrar que, antes, tanto na Câmara dos deputados quanto no Senado, todos os parlamentares apoiavam a instalação da CPI, mas os últimos fatos mostraram que o problema é mais sério do que se imagina. A ligação do contraventor Carlinhos Cachoeira com o senador Demóstes Torres parece ser apenas um sintoma desse terrível mal que tem outras causas e efeitos, envolvendo também outras pessoas, instituições e empresas prestadoras de serviços aos entes federados.
Hoje, o que nos parece é que a instalação da CPI tinha como objetivo principal apostas pessoais tanto da oposição quanto de governistas, cada qual vendo nesta a oportunidade de provocar maior desgaste no outro. A questão da transparência, da seriedade e da honestidade aprece em segundo plano.
De início, apesar de o denunciado ser da oposição, seus aliados e correligionários viam a possibilidade de apunhalar o governo, uma vez que, querendo ou não, toda CPI dessa natureza, acaba provocando inúmeras feridas. Por outro lado, parte de parlamentares governistas estava com a faca e o queijo nas mãos para desmascarar a imagem daqueles que tentam desqualificar as ações do governo sob qualquer pretexto. Ou seja: para a base governista, as investigações poderiam evoluir de Demóstenes Torres, hoje sem partido, até o governador de Goiás, Marconi Perilo, eleito pelo PSDB. Por sua vez, a oposição apostava no desgaste do governo com a CPI, por causa das evidências de que a máfia de Cachoeira havia alcançado a administração de Agnelo Queiroz, no Distrito Federal, além de outras possíveis ligações com alguns parlamentares petistas e com A Delta, principal prestadora de serviços nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Independente do resultado dos trabalhos da CPI, que terá como relator o deputado petista Odair Cunha, fica claro que os parlamentares colocam em segundo plano o compromisso em apurar irregularidades. Cada um quer defender a sua imagem, mesmo que isto implique o recuo diante de propostas benéficas ao povo brasileiro. E esse comportamento vai fazendo perpetuar em nosso meio o sentimento de impunidade. Desse modo, o crime vai se organizando cada vez mais e ganhando força nos aliados do meio político.
Por tudo isso, o cidadão comum já perdeu a referência do político honesto, já não consegue diferenciá-lo do corrupto, do bandido e até do mafioso. Assim, o conceito de política muda, vira sinônimo de desvio de dinheiro público, de negociatas sujas, de acordos espúrios, de enriquecimento ilícito, de esbanjamento, ostentação, suntuosidade e improbridade. Lamentável, mas é assim que no meio político as coisas funcionam.

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