Não há nada mais impressionante do que
a capacidade que temos de julgar as pessoas como se todas fossem igualmente
ruins. A razão para isso pode estar na descrença que temos no outro, em
conseqüência da natureza corrupta do ser humano.
Não é difícil enumerarmos exemplos de situações
em que nosso julgamento se dá apenas pelas aparências. Sem conhecermos as
pessoas, avaliamos precipitadamente algum comportamento delas e já formulamos
uma conclusão definitiva sobre o que elas são ou deixam de ser.
É interessante observar que, quando
pequenos, não nos preocupamos com as atitudes do outro. A criança, em
princípio, não tem maldade, não é corrupta e, mesmo com o egocentrismo que lhe
é peculiar, posiciona-se em favor do que é correto.
À medida que o tempo passa, ela aprende
com o que vivencia em casa, na escola, ou vê pela mídia. Se os testemunhos são
maus, ela começa a achar que é normal usar argumentos falaciosos, artimanhas e
mentiras, em ações que levam à prática da desonestidade.
Quando pegamos um jornal para ler,
quando ligamos o rádio, ou a televisão, inconscientemente já nos indagamos
sobre qual o novo espetáculo criminoso que está sendo anunciado. Talvez o de um
especialista contratado para este fim; talvez a participação do próprio criminoso,
mentindo para salvar a sua pele; talvez a revelação de uma falsa testemunha, que
se submete a esta prática em troca de dinheiro; ou pode ser a presença de um (a)
chantagista que se vale do deslize de alguém para tirar proveito da situação.
Tudo isso ofusca os bons exemplos e o
trabalho daqueles que lutam por uma sociedade melhor. Muitos professores nas
salas de aula, líderes religiosos sérios e outras pessoas de bem falam do que é
belo, do que é justo e correto, mas quando a criança, o (a) adolescente, ou o
(a) jovem liga a televisão, o rádio, o computador, abre os periódicos, observa
o noticiário, vê coisas estupendas acontecendo: uma quadrilha que assalta um
banco e foge com milhões de reais; um cidadão renomado que age na falsificação
de documentos, em benefício próprio; um (a) jovem que vende sua integridade,
sua imagem e seu corpo em troca de dinheiro; um político, ou autoridade
importante, que se faz de vítima diante da acusação de desvio de verba, de
corrupção e formação de quadrilha; um assaltante à mão armada que subtrai de um
idoso o minguado salário que saca de um caixa eletrônico; alguém que dirige
embriagado, com imprudência, que avança sinal, colocando vidas em risco de
morte; outro que pratica um latrocínio para levar um automóvel, ou até mesmo
algo mesquinho, de somenos importância; filhos (as) que se envolvem em
assassinatos de pais para ficarem com a herança; homens e mulheres que matam seus
companheiros por ciúmes, maldade, ou ganância.
Infelizmente, são esses os
ensinamentos que bombardeiam nossas crianças, adolescentes e a nossa juventude.
Essa é a grande escola que influencia a nossa gente, desconstruindo as ideias
disseminadas por aqueles que trabalham e cultivam os valores indispensáveis à
boa formação do caráter e ao salutar crescimento da sociedade. Assim, vamos
vivendo, julgando as pessoas, com o sentimento de que todos são igualmente ruins.
Uma pena, mas somos carentes de bons exemplos.
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