terça-feira, 19 de junho de 2012

Carência de bons exemplos


Não há nada mais impressionante do que a capacidade que temos de julgar as pessoas como se todas fossem igualmente ruins. A razão para isso pode estar na descrença que temos no outro, em conseqüência da natureza corrupta do ser humano.
Não é difícil enumerarmos exemplos de situações em que nosso julgamento se dá apenas pelas aparências. Sem conhecermos as pessoas, avaliamos precipitadamente algum comportamento delas e já formulamos uma conclusão definitiva sobre o que elas são ou deixam de ser.
É interessante observar que, quando pequenos, não nos preocupamos com as atitudes do outro. A criança, em princípio, não tem maldade, não é corrupta e, mesmo com o egocentrismo que lhe é peculiar, posiciona-se em favor do que é correto.
À medida que o tempo passa, ela aprende com o que vivencia em casa, na escola, ou vê pela mídia. Se os testemunhos são maus, ela começa a achar que é normal usar argumentos falaciosos, artimanhas e mentiras, em ações que levam à prática da desonestidade.
Quando pegamos um jornal para ler, quando ligamos o rádio, ou a televisão, inconscientemente já nos indagamos sobre qual o novo espetáculo criminoso que está sendo anunciado. Talvez o de um especialista contratado para este fim; talvez a participação do próprio criminoso, mentindo para salvar a sua pele; talvez a revelação de uma falsa testemunha, que se submete a esta prática em troca de dinheiro; ou pode ser a presença de um (a) chantagista que se vale do deslize de alguém para tirar proveito da situação.
Tudo isso ofusca os bons exemplos e o trabalho daqueles que lutam por uma sociedade melhor. Muitos professores nas salas de aula, líderes religiosos sérios e outras pessoas de bem falam do que é belo, do que é justo e correto, mas quando a criança, o (a) adolescente, ou o (a) jovem liga a televisão, o rádio, o computador, abre os periódicos, observa o noticiário, vê coisas estupendas acontecendo: uma quadrilha que assalta um banco e foge com milhões de reais; um cidadão renomado que age na falsificação de documentos, em benefício próprio; um (a) jovem que vende sua integridade, sua imagem e seu corpo em troca de dinheiro; um político, ou autoridade importante, que se faz de vítima diante da acusação de desvio de verba, de corrupção e formação de quadrilha; um assaltante à mão armada que subtrai de um idoso o minguado salário que saca de um caixa eletrônico; alguém que dirige embriagado, com imprudência, que avança sinal, colocando vidas em risco de morte; outro que pratica um latrocínio para levar um automóvel, ou até mesmo algo mesquinho, de somenos importância; filhos (as) que se envolvem em assassinatos de pais para ficarem com a herança; homens e mulheres que matam seus companheiros por ciúmes, maldade, ou ganância.
Infelizmente, são esses os ensinamentos que bombardeiam nossas crianças, adolescentes e a nossa juventude. Essa é a grande escola que influencia a nossa gente, desconstruindo as ideias disseminadas por aqueles que trabalham e cultivam os valores indispensáveis à boa formação do caráter e ao salutar crescimento da sociedade. Assim, vamos vivendo, julgando as pessoas, com o sentimento de que todos são igualmente ruins. Uma pena, mas somos carentes de bons exemplos.

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