A
reflexão sobre direitos de cidadania não é simples, pois ela tem como
complicador a concentração de riqueza e poder nas mãos de uns, enquanto outros
vivem na pobreza e muitos na miséria.
A
começar pelas diferenças econômicas, constatamos que elas criam um abismo entre
uns e outros. Os ricos, quando querem, ocupam sempre espaços na sociedade, o
que lhes confere status de superioridade em relação à grande maioria, que vive
na pobreza, abandonados à própria sorte.
Essa
disparidade sinaliza um distanciamento entre aqueles que têm acesso aos
serviços oferecidos à sociedade, aos bens de consumo, em contraposição aos
outros que se acham sem as condições mínimas de sobrevivência.
Desse
modo, vem o sentimento de injustiça, pois os privilegiados querem sempre mais e
essa ganância os faz esquecer que os outros também merecem uma vida digna. Os objetivos
daqueles são a busca de mais espaços, de mais poder, de mais ostentação e
dinheiro, enquanto os outros sonham com um modesto emprego, com uma boa escola
pública, com assistência médica, com moradia própria, com água tratada, energia
elétrica, saneamento básico e alimentação saudável.
Houve
um tempo em que muito se falava na possibilidade de construção de uma sociedade
igualitária, porém hoje se fala em ações, visando a uma convivência salutar com
as diferenças, a uma prática solidária, o que representa um avanço, já que os
homens, talvez em função da sede de poder, da ambição pelo dinheiro, ou da
vaidade pessoal, demonstram, através de inúmeras experiências mundo afora, sua
incapacidade de superar as desigualdades sociais e econômicas.
Não
é fácil mudar essa realidade, pois para levarem vantagem, os poderosos se
acertam, fazendo acordos que, no final, beneficiam a todos do grupo de interesse.
Para ampliarem seus espaços de atuação, poderio econômico e força política, eles
se entendem, fazendo prevalecer a garantia de privilégios ao segmento ou à
categoria profissional a que pertencem. Essa prática corporativista em si já
representa um obstáculo à luta de muitos pela conquista de seus direitos.
A
construção de uma sociedade mais justa para todos pressupõe o desenvolvimento
de um espírito solidário, visando à conquista e a garantia dos direitos
fundamentais à existência humana. Somente, quando formos capazes de defendermos
o bem do outro, avançaremos, aprimorando a qualidade da nossa convivência com
os outros. Desse modo, mudaremos nosso olhar sobre a realidade, apagando em nós
o individualismo, a visão preconceituosa, a ambição, a sede de poder, a
rejeição dos mais pobres e, consequentemente, o sentimento de exclusão.
Saber
conviver com as diferenças significa cumprir um dever e garantir o direito do
outro, independente da condição social, econômica, da aparência física, da
experiência de vida, da capacidade visual, auditiva, tátil e da situação psicológica
e cognitiva do sujeito. Precisamos entender que a conquista da cidadania é
dever de todos, privilegiados ou não, que desejam uma sociedade mais justa,
fraterna e humana. Fato é que só construiremos um mundo
melhor, se fizermos alguma coisa em favor daqueles que precisam de apoio para
conquistarem uma vida com amor e dignidade.
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