4) Barroco Brasileiro (século XVII)
Contexto
Somente
podemos falar em literatura brasileira a partir dos anos 1600, quando começa a
surgir uma literatura feita no Brasil, sobre o Brasil e para os brasileiros. Enquanto
a nobreza perdia espaço em Portugal, com o fortalecimento da burguesia, o
Barroco brasileiro se desenvolveu, no período em que se consolidava a
aristocracia nacional. A base da economia nacional era a cana-de-açúcar, cuja
exploração era também cobiçada por holandeses e franceses que acabaram
invadindo o país, mexendo com a vida da sociedade brasileira, ainda fragilizada
no processo de consolidação social.
O
início do Barroco no Brasil se deu com a publicação do poema épico,
Prosopopéia, de Bento Teixeira. O surgimento de uma poesia com características
brasileiras ocorreu na 2ª fase, com a participação do grupo baiano, constituído
por Gregório de Matos Guerra, Eusébio de Matos, Domingos Barbosa e outros. Destes,
Gregório de Matos merece maior destaque por ter escrito poemas líricos,
satíricos e religiosos. Foi como poeta satírico que ganhou notoriedade,
criticando, em seus poemas, os costumes sociais da época, o clero e os
colonizadores. Na 3ª fase, aparecem algumas academias literárias e os autores
Manuel Botelho de Oliveira, Frei Manuel de Santa Maria Itaparica, entre outros,
também importantes nesse processo de afirmação da Literatura Brasileira.
O
jesuíta português, Padre Antônio Vieira, teve também importante participação no
Barroco Brasileiro. Atuou ativamente na busca de soluções para os problemas
sociais da época, no Brasil. Notável intelectual, exímio orador sacro, deixou
sua marca indelével na estética barroca tanto no Brasil como em Portugal. Ele e
Gregório de Matos são os dois expoentes desta escola literária baiana que tão
bem representa a literatura do Brasil daquela época.
Características
As
principais características são o cultismo e o conceptismo. O primeiro pode ser
observado pela linguagem cheia de ornatos, enfeites, obscura, com inversões
sintáticas, pelas metáforas excessivas e exageradas, pelo vocabulário
sofisticado, pouco comum e pela presença de trocadilhos, de figuras como
hipérbato, hipérbole e antítese. O segundo se caracteriza pela preocupação com
o desenvolvimento lógico das idéias, com o uso de uma linguagem explicativa,
reinterativa, e valorização mais do pensamento que da forma. A linguagem
extravagante, carregada de metáforas (dizer uma coisa com outras palavras),
paradoxos (contradições lógicas) e antíteses (idéias opostas) revelam os
conflitos entre e alma e corpo, espírito e matéria, enfim, o dualismo entre o
cristianismo e o paganismo.
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