terça-feira, 23 de outubro de 2012

Fim das eleições 2012

O pleito eleitoral 2012 se encerrou no dia 28/10, com a eleição dos prefeitos e dos vices, que vão administrar as cidades, nos próximos quatro anos, a partir de janeiro de 2013. Muitas surpresas apareceram, mostrando acordos feitos, mais em função da conveniência pessoal e dos partidos do que da coerência política. O exemplo da cidade mineira de Contagem ilustra bem essa afirmação, já que as alianças do primeiro turno não se mantiveram no segundo. 
Como a prefeita Marília Campos está concluindo o seu 2º mandato de forma bem positiva, conforme demonstram as pesquisas de opinião que avaliam o seu governo, seria plausível acreditar que o candidato apoiado por ela chegasse ao segundo turno das eleições. Até aí, tudo bem, nenhuma novidade. A grande surpresa, porém, foi o fato de dois candidatos de legendas da base de apoio ao governo Dilma chegarem à disputa final. Talvez a maioria dos contagenses acreditasse na disputa, envolvendo um candidato da base aliada e o Ex-prefeito Ademir Lucas, do PSDB, principal partido de oposição aos governos petistas em todas as instâncias de poder, o que não ocorreu.
De alguma forma, esse panorama mexeu com a cidade, transformando o segundo turno numa nova eleição. Partidos e candidatos que apoiaram uma candidatura, rediscutiram o assunto e, revendo suas posições, fizeram novos acordos e até mudaram de lado, na reta final da campanha. Certamente, isso gerou muita confusão na cabeça das pessoas que, de repente, precisaram optar entre dois caminhos, sem um antagonismo aparente.
Esse fato inusitado, na história de Contagem, representou um grande desafio para os eleitores que, por estarem satisfeitos com o governo da prefeita Marília Campos, naturalmente apoiariam o candidato indicado por ela. Ocorre que o PC do B, partido do candidato concorrente, também fez parte de seu governo, até o período da desincompatibilização. Essa situação deixou o eleitor indeciso, pois, apesar dos discursos contundentes, na prática, ele não conseguiu estabelecer o  confronto entre as duas candidaturas.
Veja que complicação: de um lado, a prefeita Marília Campos apoiando o deputado Durval Ângelo, do outro, o vice-prefeito, Agostinho Silveira, trabalhando pelo também deputado Carlin Moura; o prefeito re-eleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), apoiando o candidato Carlin Moura, que concorreu com o petista, Durval Ângelo,  que teve como vice na chapa, Leo Antunes, do PSB, mesmo partido de Lacerda; candidatos a vereadores, eleitos, re-eleitos ou não, que estavam com um candidato, no primeiro turno, no segundo, mudaram de lado, deixando o eleitor com a responsabilidade de tomar uma decisão difícil diante de uma situação complexa.
Um fato incrível foi a presença dos ex-prefeitos, Newton Cardoso e Ademir Lucas, adversários históricos, na política de Contagem, ficarem juntos, no segundo turno, apoiando o candidato Carlin Moura. Muitos acharam estranha essa aliança e a usaram como critério de escolha. Outros, não deram importância a ela, pois as alianças são normais por mais improváveis que pareçam. Apenas para ilustrar, os candidatos do PSOL, Edmilson Rodrigues, de Belém, e Clécio Luís, de Macapá, na disputa do segundo turno, receberam apoios do PT e do DEM, respectivamente. Este último, do ponto de vista da coerência político-partidária, seria um apoio totalmente injustificável. Mas aconteceu.
Assim, com tantas novidades, o eleitor, de um modo geral, teve muitos motivos para ficar desconfiado. Como acreditar nos políticos, se ao final são os interesses pessoais, ou dos partidos que prevalecem e não a vontade ou as necessidades da população? Por isso, não podemos acusar o povo, dizendo que ele tem o governo que merece. Sem uma reforma política profunda, ele continuará tendo o governo possível, mesmo que seja o indesejado.

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