Quando abordamos o tema saúde, logo
deparamos com inúmeros problemas que nos deixam totalmente perplexos
diante da magnitude que os envolve.
O primeiro problema o cidadão
enfrenta ao procurar uma unidade de saúde para tratamento médico.
Às vezes padece horas e horas na fila, sendo obrigado a retornar às
suas casas sem conseguir uma simples consulta. Se o cidadão for
insistente, perseverante, pode até conseguir um atendimento
precário, depois de amargar um grande tempo de aflição nas filas
de espera.
Argumentos que justificam a
precariedade na saúde nós temos de sobra: falta de profissionais,
de infraestrutura, de equipamentos atualizados; os baixos salários;
falta de investimento dos governos federal, estadual e municipal. São
questões que nada tem que ver com o pobre que, apesar de a lei
assegurar que ele tem direito à saúde, não consegue nem ter o
diagnóstico da doença por falta de exames adequados. Se a doença
for grave, a pessoa morre, sem conhecer as causas que a levaram ao
óbito. Conseguindo atendimento, dentro da habitual precariedade em
que ocorre, o médico prescreve uma medicação para minimizar os
efeitos doloridos. Passado o tempo de alívio, propiciado pela
medicação recomendada, os sintomas da enfermidade reaparecem,
levando o (a) paciente à impressão de que padece de um mal
totalmente incurável.
Assim, o (a) paciente procura uma
unidade de atendimento e entra numa fila durante horas, dias e
semanas, sem conseguir alívio para o seu sofrimento. Se ele carece
de atenção especial, precisa ficar em corredores de hospitais ou
clínicas, aguardando vagas para internação, independente da
gravidade do caso. Essa situação caótica atinge os usuários do
SUS e também aqueles que pagam planos de saúde privados. Não há
privilégios, quando se trata de um atendimento especializado ou de
urgência. Não adianta ter plano de saúde, se não há vagas nos
CTIs, se não há leitos para a internação. O (a) paciente, mesmo
em estado grave, precisa entrar na fila e aguardar a sua vez de ser
atendido.
Os problemas da saúde vão além dos
já conhecidos, relacionados aos baixos salários, à falta de
equipamentos nas unidades hospitalares e ausência de medicamentos na
rede pública. Mesmo quem paga por todo o serviço, através de um
plano de saúde, fica sem a garantia da assistência médica.
Hoje, falta algo muito mais sério
para que o brasileiro tenha um atendimento digno. Faltam hospitais
bem estruturados e com equipamentos modernos funcionando. Falta
investimento em pessoal, não só para a melhoria salarial dos
profissionais, mas também para prepará-los, a fim de prestarem um
bom serviço ao cidadão e assim pôr fim à humilhação que este
sofre, quando precisa de atendimento em uma unidade de saúde, quer
pelo SUS, ou por um convênio particular.
É preciso rever, com urgência, toda
a política de saúde. Os hospitais reclamam, dizendo que os recursos
repassados pelo SUS, pelos convênios e pelos planos de saúde são
insuficientes. Os médicos reclamam dos valores que recebem pelos
atendimentos. Os demais funcionários dos serviços de saúde se
sentem igualmente desvalorizados e sobrecarregados. Portanto, tudo
isso justifica o mal atendimento e, em muitos casos, a falta de um
tratamento digno a quem, por motivo de enfermidade, já se acha
fragilizado.
Para que essa situação caótica não
perdure, é preciso uma mudança de atitude. Se não houver uma ação efetiva de
todos, principalmente, de nossas autoridades, mergulharemos cada vez mais nesse
caos, até chegarmos a um abismo sem fim. Enquanto há tempo, seria bom que nossa
“classe política”, seja do legislativo, do executivo, ou do judiciário, saísse
da retórica e partisse para a prática. Solução há, basta que todos queiram e
trabalhem pelo bem comum.
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