Mandela
está de partida levando consigo a certeza do dever cumprido. Sua luta foi
marcante e seu exemplo nos revela a certeza de que sempre é possível realizar
algo de bom em favor do semelhante. Basta termos coragem, determinação e força
de vontade que as coisas acontecem.
Madiba,
como era carinhosamente chamado pelos seus compatriotas, simboliza a esperança
de justiça que raiou, esplendorosamente, em terras sul-africanas. Um ser
perseguido por um regime cruel que massacrou, durante décadas, homens e
mulheres sedentos de liberdade. Uma nação que produziu quase 70% de sua
população sem direitos e sem cidadania. Pessoas segregadas por causa da
negritude da pele, uma gente sofrida, submissa e de voz inaudível.
45
anos de sofrimentos envergonharam as páginas da história de além-mar. Tudo por
causa dos perversos ensinamentos disseminados pela semente do mal daqueles que,
com o tempo, aprenderam a odiar. Para Mandela, as pessoas odeiam porque são
instruídas a isso, mas em vez de odiar, as pessoas poderiam ser ensinadas a
amar.
Aí,
a gente se lembra do ensinamento maior deixado por Cristo: amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Penso que Mandela praticou
muito bem a segunda parte desse ensinamento. Daí os motivos de tanta admiração.
Acusado
de subversivo, de agitador, de terrorista, pelos defensores do Apartheid,
Mandela foi penalizado, condenado, ficando preso durante 27 anos. Mesmo nos
momentos mais difíceis, em cada oportunidade que tinha, abria um sorriso
tranquilo, sereno, na certeza de que sua luta não seria em vão.
Ele
acreditava que o momento chegaria. A libertação das algemas do Apartheid era
uma questão de tempo. Era preciso paciência. Nem a prisão nos cárceres
subumanos d’ África o impossibilitou de avançar na conquista do grande sonho. Assim
que liberto, prosseguiu sua luta em favor de sua gente segregada, discriminada
e desrespeitada.
Sua
linguagem, suas ações e coragem o fizeram triunfar sobre o medo. Os
sul-africanos compreendiam-no, pois suas palavras atingiam o coração daquela
gente sofrida. Tudo o que Mandela queria era que todos se respeitassem e
vivessem verdadeiramente como irmãos. Em sua caminhada, a coragem suplantava o
medo, os acordos venciam conflitos e a esperança acalmava o desespero.
Sua
mente aberta e seu bom coração se volviam na direção dos sonhos, abrindo
brechas para o alicerce da liberdade. Mandela não foi vingativo. Mesmo quando
esteve no poder zelou pelo respeito e pela integridade de todos, inclusive dos
que o perseguiam e o condenaram injustamente. Para ele, o ser humano não é
amado porque é bom, mas é bom por ser amado, logo amava a todos, pois desejava
dotar o mundo pessoas melhores.
Hoje
o mundo reverencia Mandela, relembra seus feitos, enaltece sua vida. Muito
merecidamente, pois nenhum outro foi tão significativo na luta que pôs fim aos
45 anos de Apartheid na África do Sul. Mas essas belas manifestações não
implicam grandes mudanças. Esperamos, pois, que nossos líderes e nossas
autoridades coloquem em prática os ensinamentos de Mandela. Desse modo, sua
imagem seguirá em paz, sob os acenos de nossas mãos, dizendo adeus.
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