quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Adeus a Nelson Mandela

Mandela está de partida levando consigo a certeza do dever cumprido. Sua luta foi marcante e seu exemplo nos revela a certeza de que sempre é possível realizar algo de bom em favor do semelhante. Basta termos coragem, determinação e força de vontade que as coisas acontecem.
Madiba, como era carinhosamente chamado pelos seus compatriotas, simboliza a esperança de justiça que raiou, esplendorosamente, em terras sul-africanas. Um ser perseguido por um regime cruel que massacrou, durante décadas, homens e mulheres sedentos de liberdade. Uma nação que produziu quase 70% de sua população sem direitos e sem cidadania. Pessoas segregadas por causa da negritude da pele, uma gente sofrida, submissa e de voz inaudível.
45 anos de sofrimentos envergonharam as páginas da história de além-mar. Tudo por causa dos perversos ensinamentos disseminados pela semente do mal daqueles que, com o tempo, aprenderam a odiar. Para Mandela, as pessoas odeiam porque são instruídas a isso, mas em vez de odiar, as pessoas poderiam ser ensinadas a amar.
Aí, a gente se lembra do ensinamento maior deixado por Cristo: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Penso que Mandela praticou muito bem a segunda parte desse ensinamento. Daí os motivos de tanta admiração.
Acusado de subversivo, de agitador, de terrorista, pelos defensores do Apartheid, Mandela foi penalizado, condenado, ficando preso durante 27 anos. Mesmo nos momentos mais difíceis, em cada oportunidade que tinha, abria um sorriso tranquilo, sereno, na certeza de que sua luta não seria em vão.
Ele acreditava que o momento chegaria. A libertação das algemas do Apartheid era uma questão de tempo. Era preciso paciência. Nem a prisão nos cárceres subumanos d’ África o impossibilitou de avançar na conquista do grande sonho. Assim que liberto, prosseguiu sua luta em favor de sua gente segregada, discriminada e desrespeitada.
Sua linguagem, suas ações e coragem o fizeram triunfar sobre o medo. Os sul-africanos compreendiam-no, pois suas palavras atingiam o coração daquela gente sofrida. Tudo o que Mandela queria era que todos se respeitassem e vivessem verdadeiramente como irmãos. Em sua caminhada, a coragem suplantava o medo, os acordos venciam conflitos e a esperança acalmava o desespero.
Sua mente aberta e seu bom coração se volviam na direção dos sonhos, abrindo brechas para o alicerce da liberdade. Mandela não foi vingativo. Mesmo quando esteve no poder zelou pelo respeito e pela integridade de todos, inclusive dos que o perseguiam e o condenaram injustamente. Para ele, o ser humano não é amado porque é bom, mas é bom por ser amado, logo amava a todos, pois desejava dotar o mundo pessoas melhores.
Hoje o mundo reverencia Mandela, relembra seus feitos, enaltece sua vida. Muito merecidamente, pois nenhum outro foi tão significativo na luta que pôs fim aos 45 anos de Apartheid na África do Sul. Mas essas belas manifestações não implicam grandes mudanças. Esperamos, pois, que nossos líderes e nossas autoridades coloquem em prática os ensinamentos de Mandela. Desse modo, sua imagem seguirá em paz, sob os acenos de nossas mãos, dizendo adeus. 

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