Muito se discute sobre a violência que impera em nossa sociedade,
mas pouco se fala em medidas para coibi-la ou combatê-la. Esse assunto só entra na pauta das
discussões do poder legislativo, executivo e judiciário, quando ocorrem fatos
gravíssimos provocando danos irreparáveis à vida e à sociedade.
Apesar das constantes manifestações de violência, percebemos uma
falta de interesse das nossas autoridades em discutirem medidas que minimizem
seus monstruosos efeitos sobre a população. Isso é lamentável, pois dos temas
em pauta no Congresso Nacional, nas assembleias estaduais e câmaras de
vereadores, nenhum outro é tão importante, para o conjunto da sociedade como
esse.
Infelizmente, poucas vozes se levantam, abordando tal assunto com a
devida seriedade que o assunto requer. Aqueles que assim o fazem, normalmente,
tentam transferir a responsabilidade sobre os atos de violência a outrem, não
se empenhando em buscarem soluções eficazes em favor daqueles que cumprem
honestamente as suas obrigações.
Será que os integrantes do legislativo, do executivo e do
judiciário estão satisfeitos com a situação? Certamente, uma vez que eles vivem
cercados de seguranças pessoais, por isso a criminalidade não os incomoda. Mas
essa indiferença de nossos políticos e dos integrantes do poder judiciário é
uma violência que nossas instituições praticam contra o cidadão de bem.
Em vez do empenho para a solução do problema, observamos
articulações políticas visando à blindagem dos poderosos. Todos agindo em causa
própria e não em favor do bem comum. Interessa aos políticos a manutenção do
voto secreto no Congresso Nacional, para que a população continue sem
ferramentas de controle das ações de nossos legisladores. Interessa a cobrança
de mais impostos dos brasileiros para sobrarem mais recursos a serem desviados
para fins particulares de quem detém poder. Interessa a fragilidade de nossa
legislação, pois assim há mais brechas para a prática da corrupção e da
impunidade.
Se nossa classe política e as demais autoridades desse país
quisessem o bem da população não ficariam presas a questões particulares. A
manutenção do voto secreto no Senado foi um golpe e uma violência contra os
princípios da lisura, da transparência e da democracia. O que o povo deseja de
fato não ocorre. Não se pensa nas reformas tributárias para aliviar um pouco o
exagero de impostos cobrados dos trabalhadores e da classe média brasileira.
Não se fazem as reformas políticas e eleitorais, segundo os princípios de uma
gestão verdadeiramente democrática. Não se reformula o Código de processo penal
brasileiro, visando por fim a impunidade para todos os tipos de crimes. Tudo
isso se resolveria muito facilmente, se o alvo fosse a justiça, a honestidade,
a transparência e as necessidades de segurança do povo brasileiro.
Todavia, uma legislação forte, clara e eficiente se torna um
poderoso instrumento nas mãos da sociedade. Da mesma forma que o fim do voto
secreto foi rejeitado no Senado, pois isso seria uma ameaça às artimanhas
políticas, as demais discussões de interesse popular vão sendo proteladas para
que os privilégios continuem. Desse modo, não sabemos o que é pior: a violência
das ruas ou o descaso das nossas autoridades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário