quarta-feira, 2 de abril de 2014

Eleições 2014 e o 1º de abril


O 1º de abril, popularmente difundido como dia da mentira, me fez pensar nas inverdades que ouviremos nesse ano de 2014. Certamente, vamos conviver com as habituais falácias que matizam os discursos em épocas de campanhas eleitorais. Tudo ocorrerá como de costume, muitas críticas, um vendaval de promessas, um monte de sofismas e total falta de credibilidade. Para ludibriar o povo, a maioria dos argumentos vão depreciar o trabalho de quem se acha do lado oposto. Assim, vamos deparar com uma série de acusações, calúnias, difamações e nenhuma proposição coerente.
Falando de saúde, nossas autoridades pouco se importam com a garantia de assistência médica ao povo brasileiro. E quando questionadas, se levantam com falácias, dizendo que o SUS é um Sistema Público de Saúde exemplar, sendo inclusive referência para outros povos e nações. Isso é muito bom, muito nos engrandece. Mas o paciente, quando procura um hospital, fica horas, dias e até semanas em corredores, sem ser atendido. Às vezes, ele desiste de esperar, volta para casa, se automedica, não tendo sequer o diagnóstico da doença. E quando se trata de algo mais grave, a família peregrina de hospital em hospital, implorando por um atendimento, que raramente acontece. Logo, não basta o SUS ser o melhor "Sistema", ele tem que funcionar, na prestação de um bom serviço àqueles que o procuram.
No campo educacional, fala-se dos avanços em relação à democratização da gestão escolar, à acessibilidade, à inclusão e à universalização do ensino. Os governos, geralmente, apresentam números que impressionam, passando uma imagem de que a educação vai bem. Mas quem está no dia a dia das salas de aula sabe que os profissionais são mal remunerados, vivem ilhados no espaço escolar e sem amparo de nossas autoridades. Todos sobrecarregados, com excesso de atividades a que são obrigados para garantirem o sustento de seus familiares. Nessa luta incansável pela sobrevivência, se desgastam e muitos caem num processo sério de adoecimento. Só para se ter uma ideia, o piso salarial de um professor no Brasil, por uma jornada de 40 horas semanais, R$1.697,00, não paga o aluguel de uma moradia simples em uma cidade de médio ou grande porte.
Além da baixa remuneração dos educadores, vêm as péssimas condições de trabalho, a precariedade dos prédios escolares, a superlotação das turmas, a violência de alunos contra os educadores, a falta de amparo das autoridades, das leis e dos órgãos competentes. Na sala de aula, o professor é um soldado em campo de batalha, lutando, sem armas, contra a negligência, a ganância, a omissão e o descompromisso de nossas autoridades.
Na área da Segurança, somente se pensa na dignidade do infrator, no relaxamento das penas, nas brechas das leis, que precisam existir para a proteção de todos, incluindo nisto as autoridades que se deslizam para a prática de crimes. No ambiente escolar, se o aluno pratica delitos, a responsabilidade é dos educadores, dos coordenadores, supervisores e diretores. Se os alunos brigam, se machucam, matam, usam e traficam drogas, é porque faltou pulso dos gestores educacionais; se são coibidos, de modo veemente, por um educador, este agiu na contramão das leis que amparam e protegem o menor. Com tudo isso, ainda dizem que a educação no Brasil vai muito bem.
Nesse 2014, por ser ano de eleições, vamos ouvir muitos candidatos repetindo as mentiras de sempre. Todos vão dizer que têm propostas para resolver os problemas do país. Em especial, alegarão que, com o apoio e o voto do eleitor, darão prioridade à educação, à saúde e à segurança. Essa será simplesmente mais uma versão da mentira, que voltará no próximo pleito, daqui a dois anos. Tudo continuará como “dantes no quartel de Abranches”. Os eleitos e os privilegiados se fecharão no ambiente da "Casa Grande", usufruindo das benesses da realeza, enquanto o povo continuará submerso nas "senzalas" da humilhação, sem uma educação de qualidade, sem assistência médica decente, vivendo num ambiente de total insegurança. Para muitos, esse processo eleitoral não passará de uma simples brincadeirinha de 1º de abril, o que nos trará, certamente, graves consequências.

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