O 1º de abril,
popularmente difundido como dia da mentira, me fez pensar nas inverdades que
ouviremos nesse ano de 2014. Certamente, vamos conviver com as habituais
falácias que matizam os discursos em épocas de campanhas eleitorais. Tudo
ocorrerá como de costume, muitas críticas, um vendaval de promessas, um monte
de sofismas e total falta de credibilidade. Para ludibriar o povo, a maioria
dos argumentos vão depreciar o trabalho de quem se acha do lado
oposto. Assim, vamos deparar com uma série de acusações, calúnias, difamações
e nenhuma proposição coerente.
Falando de saúde, nossas
autoridades pouco se importam com a garantia de assistência médica ao povo
brasileiro. E quando questionadas, se levantam com falácias, dizendo que o SUS
é um Sistema Público de Saúde exemplar, sendo inclusive referência para outros
povos e nações. Isso é muito bom, muito nos engrandece. Mas o paciente, quando
procura um hospital, fica horas, dias e até semanas em corredores, sem ser
atendido. Às vezes, ele desiste de esperar, volta para casa, se automedica, não
tendo sequer o diagnóstico da doença. E quando se trata de algo mais grave, a
família peregrina de hospital em hospital, implorando por um atendimento, que
raramente acontece. Logo, não basta o SUS ser o melhor "Sistema", ele
tem que funcionar, na prestação de um bom serviço àqueles que o procuram.
No campo educacional,
fala-se dos avanços em relação à democratização da gestão escolar, à
acessibilidade, à inclusão e à universalização do ensino. Os governos,
geralmente, apresentam números que impressionam, passando uma imagem de que a
educação vai bem. Mas quem está no dia a dia das salas de aula sabe que os
profissionais são mal remunerados, vivem ilhados no espaço escolar e sem amparo
de nossas autoridades. Todos sobrecarregados, com excesso de atividades a que
são obrigados para garantirem o sustento de seus familiares. Nessa luta
incansável pela sobrevivência, se desgastam e muitos caem num processo sério de
adoecimento. Só para se ter uma ideia, o piso salarial de um professor no
Brasil, por uma jornada de 40 horas semanais, R$1.697,00, não paga o aluguel de
uma moradia simples em uma cidade de médio ou grande porte.
Além da baixa remuneração
dos educadores, vêm as péssimas condições de trabalho, a precariedade dos
prédios escolares, a superlotação das turmas, a violência de alunos contra os
educadores, a falta de amparo das autoridades, das leis e dos órgãos
competentes. Na sala de aula, o professor é um soldado em campo de batalha,
lutando, sem armas, contra a negligência, a ganância, a omissão e o
descompromisso de nossas autoridades.
Na área da Segurança,
somente se pensa na dignidade do infrator, no relaxamento das penas, nas
brechas das leis, que precisam existir para a proteção de todos, incluindo
nisto as autoridades que se deslizam para a prática de crimes. No ambiente
escolar, se o aluno pratica delitos, a responsabilidade é dos educadores, dos coordenadores,
supervisores e diretores. Se os alunos brigam, se machucam, matam, usam e
traficam drogas, é porque faltou pulso dos gestores educacionais; se são
coibidos, de modo veemente, por um educador, este agiu na contramão das leis
que amparam e protegem o menor. Com tudo isso, ainda dizem que a educação no
Brasil vai muito bem.
Nesse 2014, por ser ano de
eleições, vamos ouvir muitos candidatos repetindo as mentiras de sempre. Todos
vão dizer que têm propostas para resolver os problemas do país. Em especial,
alegarão que, com o apoio e o voto do eleitor, darão prioridade à educação, à
saúde e à segurança. Essa será simplesmente mais uma versão da mentira, que
voltará no próximo pleito, daqui a dois anos. Tudo continuará como “dantes no
quartel de Abranches”. Os eleitos e os privilegiados se fecharão no ambiente da
"Casa Grande", usufruindo das benesses da realeza, enquanto o povo
continuará submerso nas "senzalas" da humilhação, sem uma educação de
qualidade, sem assistência médica decente, vivendo num ambiente de total
insegurança. Para muitos, esse processo eleitoral não passará de uma simples
brincadeirinha de 1º de abril, o que nos trará, certamente, graves consequências.
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