sexta-feira, 11 de março de 2011

Dia nacional da poesia

Em 14 de março de 1847, nasceu Antônio Frederico de Castro Alves, poeta da 3ª geração romântica que, pela sua luta abolicionista, tornou-se conhecido como o “poeta dos escravos”. Devido à sua importância para a cultura e a história brasileira, esse 14 de março foi escolhido como “dia nacional da poesia”, fazendo jus ao que esse poeta baiano representa para nós.

Quando falamos em poesia, pensamos na arte de representar, por meio de um arranjo lingüístico especial, situações existenciais, líricas ou sociais. Assim, temos poesias que retratam experiências de vida, morte, angústias, velhice, solidão; outras que colocam em evidência as emoções e os sentimentos do autor; e aquelas engajadas que abordam principalmente temas sociais e políticos como é o caso da poesia condoreira de Castro Alves.

Castro Alves não foi apenas um poeta como muitos que enfileiram versos sem uma finalidade maior. Sua opção foi valer-se da poesia para combater as injustiças praticadas contra a gente pobre e simples de sua época. Sua obra “Navio Negreiro” é um registro inconteste da sua indignação contra o preconceito racial e um protesto contra a situação precária e desumana em que viviam os negros de além mar em terras tupiniquins.

A poesia de Castro Alves se destaca pela riqueza de suas figuras, de sua temática, pela força expressiva e crença num futuro de progresso da América, em especial, do Brasil. Ela reflete um contexto cultural e histórico em que a exploração humana parecia não ter fim. Sua voz corajosa se levantou através de seus versos e ecoou pela terra, suspirando liberdade.

Assim, o principal e mais popular representante do estilo romântico do século XIX, no Brasil, com sua retórica poética repleta de hipérboles e antíteses, metáforas e comparações, deixou-nos a lição de que a poesia, além de arte, pode ser uma poderosa arma contra os exploradores e em defesa dos pobres, fracos e excluídos dos direitos de cidadania.

O título incomum de Espumas flutuantes (publicado em 1870) nos remete à idéia de transitoriedade como se o poeta em seu desalento sentisse a vida passar, embalada pelas espumas do mar agitado e abalada pela fúria sangrenta que açoitava os corpos negros em chama. Retomando a temática do amor, em sentido carnal, diferente do idealismo romântico, o poeta baiano foca na realidade humana, exprimindo um sentimento amoroso real de prazer, alegria, frustrações, dor e sonhos.

Em seu poema mais famoso, Navio Negreiro, Castro Alves contempla os atos violentos da escravidão. Fazendo uma alusão às asas do albatroz, ave que percorre grandes distâncias, em grandes alturas, e sem esforço, o poeta verseja, dando-nos uma visão clara da realidade, desde a captura dos escravos, passando pela viagem forçada até o cativeiro.

Por essas e outras razões, o “Dia Nacional da Poesia” significa também relembrar o grande feito desse poeta baiano que, apesar de sua morte prematura, deixou esse grande legado à cultura, à história e à literatura brasileira. Não se trata de uma coincidência e sim de uma justa homenagem a quem viveu e lutou, fazendo versos, movido pelo amor, pelo sentimento de justiça e desejo de liberdade.

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