terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dissertação

O texto dissertativo pode ser elaborado para desenvolver, expor, explicar um assunto, ou para persuadir o receptor a respeito do ponto de vista defendido pelo autor. No primeiro caso, dizemos que ele pertence ao grupo dos textos informativos como a apresentação científica, relatórios, textos didáticos, por exemplo; no segundo, enquadram-se no grupo dos textos opinativos, cuja finalidade é convencer o interlocutor sobre a maneira como o autor se posiciona em relação ao assunto.
A dissertação informativa prioriza a transmissão de conhecimentos, fazendo uma abordagem do assunto de forma impessoal. Nesse tipo de produção textual, o autor se limita ao papel de abordar determinado tema, sem a preocupação de convencer ou persuadir o receptor.
Por sua vez, a dissertação argumentativa visa a persuadir o receptor, leitor ou ouvinte, sobre a tese apresentada pelo autor. O texto argumentativo, além de expor, explicar, explicitar, procura influir o interlocutor, para que os argumentos desenvolvidos sejam aceitos como verdadeiros ou, no mínimo, procedentes. Ao final desse tipo de texto, espera-se que o receptor se convença de que o modo como o autor se posiciona diante do assunto tenha razão de ser. Essa mudança no comportamento do interlocutor é o principal fundamento de um texto dissertativo-argumentativo.
Essa modalidade dissertativo-argumentativa se caracteriza pela defesa da opinião do autor sobre o tema proposto. Inicialmente, ele apresenta ao receptor a idéia principal que vai ser fundamentada com argumentos que explicitam, justificam, comprovam, ou negam a idéia geral apresentada.
Após essa introdução, vem o desenvolvimento, etapa em que o autor elabora argumentos, reforçando sua discussão apontada na proposição inicial, tentando convencer o receptor a concordar com seu ponto de vista sobre o tema ou, na pior das hipóteses, aceitar como coerente sua linha de raciocínio.
Por último, vem a conclusão, confirmação do ponto de vista do autor, que retoma a idéia apresentada na introdução, agregando-lhe valores, com a intenção de mostrar ao receptor que há fundamento no seu modo de pensar sobre o assunto.
O discurso abaixo, apesar de a mensagem parecer absurda, é coerente com o seu propósito de livrar o homicida da condenação. Os argumentos apresentados conduzem para o desfecho, evidenciando que o criminoso, em vez de culpado, é uma vítima, já que o estado de embriaguês em que vive é uma conseqüência de ações de pessoas que o influenciaram, levando-o ao abismo do vício.
“Senhoras e Senhores!
 
"Como pode um cidadão brasileiro ser condenado pela prática de um crime, num momento de total descontrole e de fragilidade humana? Foi um ato criminoso, desagradável, contudo sua gravidade nem pôde ser percebida pelo criminoso, devido ao desequilíbrio emocional em que, no momento, se encontrava.
Zé Reis jamais teve problemas de convivência com as pessoas, embora sua visão da realidade se revelasse diferente da nossa, que auto-intitulamos pessoas normais. Justamente pelo se jeito diferente de ser, Zé Reis foi constantemente motivo de chacota por onde passou, foi o tempo todo desrespeitado.
A causa do crime desse pobre cidadão foi a cachaça. Mas é preciso lembrar que ele não bebia; as pessoas ofereciam-lhe bebida, só para se divertirem com suas reações esquisitas, inesperadas, e foi assim que ele enveredou pelos caminhos do álcool.
Antes, Zé Reis era uma pessoa sã, do ponto de vista mental, levava uma vida normal, trabalhando e convivendo com as pessoas. Tanto é verdade que ele namorou, com a intensidade de um amor puro, até se casar e ter filhos. Por sinal, muitos filhos, dez no total. Com o tempo, Zé Reis se tornou um bêbado por influência de pessoas más, que o levaram ao abismo em que se encontra hoje.
Por essa razão, Zé Reis não é criminoso, ele é sim uma vítima de todas as maldades que lhe fizeram ao longo dos anos. Sendo assim, antes de condená-lo, é preciso entender que a culpa maior cabe às pessoas que o seduziram aos caminhos do vício. Portanto, ouçam a voz da consciência e julguem senhores jurados.”

Observamos que no primeiro parágrafo desse texto, o autor apresenta uma opinião sobre o assunto sem, contudo, desenvolvê-la. No segundo, terceiro e quarto parágrafos, ele desenvolve argumentos que justificam sua opinião, que é a de convencer os receptores a absolverem o criminoso. Depois de desenvolver os argumentos, o autor finaliza seu raciocínio, afirmando que Bacurau não é culpado e sim uma vítima das maldades humanas; logo, antes de condená-lo, é preciso considerar as atitudes criminosas das pessoas que fizeram dele um alcoólatra.
Com esse arremate, o autor reforça seu ponto de vista a respeito do tema que é inocentar o assassino. Mesmo que a gente não concorde com a tese do autor, ela procede, uma vez que se sustenta por meio de uma argumentação consistente.
 
Atividade
Para as questões de 1 a 8, marque:
A, se as duas proposições forem verdadeiras;
B, se as duas forem falsas;
C, se a primeira for verdadeira e a segunda falsa;
D, se a primeira for falsa e a segunda verdadeira.
1
  1. A função da narração é representar para o leitor um fato e não um objeto.
  2. A função da descrição é representar para o leitor um ser, um lugar, uma paisagem, um processo (procedimento), ou um objeto.
2
1. A dissertação caracteriza-se pela defesa de uma idéia, de um ponto de vista acerca de um determinado assunto.
2. A descrição não pode ser técnica, apenas literária.
3
  1. Não é correto dizer que a descrição é o retrato verbal de pessoas, objetos, cenas, processos, paisagens, ou ambientes.
  2. As dissertações para exames e concursos devem ser redigidas em 3ª pessoa, ou na 1ª do plural.
4
  1. A linguagem de um texto descritivo não pode ser denotativa.
  2. A linguagem de um texto narrativo não pode ser conotativa.
5
  1. Na descrição técnica, a linguagem não é subjetiva.
  2. Na descrição literária, a linguagem não é objetiva.
6
  1. São elementos da dissertação: o fato, o tempo, o lugar, o narrador e os personagens do acontecimento.
  2. A narração destaca as características de um ser, de um objeto ou de outra coisa qualquer.
7
  1. Chamamos de enredo, trama, ou intriga, o desenrolar dos acontecimentos de uma narração.
  2. A linguagem de uma descrição técnica é conotativa.
8
  1. O narrador protagonista é aquele que narra um acontecimento do qual ele mesmo é o personagem principal.
  2. Narrador onisciente é uma espécie de testemunha invisível do que ocorre em todos os lugares e em todos os momentos, demonstrando saber inclusive o que os personagens falam, fazem, pensam ou sentem.

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