Apesar da disposição daqueles que levantam a bandeira da inclusão social, procurando garantir direitos de cidadania a todos, as diferenças continuam incomodando os que são movidos pelo senso de justiça em nossa sociedade.
As diferenças são assustadoras, na medida em que criam um abismo intransponível entre uns e outros. Os ricos, quando querem, ocupam sempre espaços na sociedade, o que lhes confere status de superioridade em relação à grande maioria, que se acha na linha da pobreza ou submerso nos bolsões de miséria humana, abandonados à própria sorte.
Essas disparidades gritantes trazem como conseqüência o estabelecimento de uma marca divisória, sinalizando a separação de uns e outros. Aqueles têm acesso aos serviços oferecidos à sociedade, aos bens de consumo, enquanto os outros não se acham nem em condições de lutarem pelos seus direitos.
Desse tratamento diferenciado, vem o sentimento de exclusão social, o que ocasiona dificuldades nos relacionamentos entre uns e outros. Os objetivos daqueles são a busca de mais espaços, de mais poder, de mais privilégios e de mais dinheiro; os outros sonham com emprego, com uma boa educação, com assistência médica, com uma moradia e com uma alimentação saudável. Enquanto uns ampliam suas conquistas, os outros lutam, a fim de não perderem o pouco daquilo que lhes resta.
Houve um tempo em que muito se falava na possibilidade de construção de uma sociedade igualitária, utopia que ainda existe; porém hoje se fala em ações visando a uma convivência salutar com as diferenças. Isso, sem dúvida, representa um avanço, já que os homens, talvez em função da sede de poder, da ambição pelo dinheiro, ou da vaidade pessoal, demonstram, através de inúmeras experiências mundo afora, sua incapacidade de superar as desigualdades sociais e econômicas. Isso se pode ver pelas ações daqueles que se credenciam para a tomada de decisões por meio dos cargos que ocupam em nossa sociedade. Quando é para levarem vantagens, as diferenças ideológicas se desfazem, prevalecendo assim o corporativismo ou a garantia de privilégios ao grupo, ao segmento ou à categoria profissional a que pertence.
Essa realidade somente mudará, quando visualizarmos melhor o outro, desenvolvendo um espírito solidário e, conseqüentemente, aprimorando nossa capacidade de convivermos com as diferenças. Desse modo, poderemos mudar nosso olhar sobre a realidade, apagando em nós a mancha do preconceito, da ambição, da auto-suficiência e do individualismo.
Saber conviver com as diferenças significa cumprir um dever e garantir o direito do outro, independente de sua aparência física, de sua experiência, de sua capacidade visual, auditiva, tátil e de seus atributos psicológicos e cognitivos. Não podemos continuar sendo iguais, querendo conviver somente com os iguais. Precisamos construir um mundo melhor, fazendo alguma coisa em favor daqueles que precisam de apoio para conquistar uma vida com amor e dignidade.
Está legal a redação
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