quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Carnaval

O carnaval chega com seus embalos e seus personagens típicos para todos aqueles que desejam aproveitar esses momentos das formas mais variadas. Para uns, é tempo de meditação, para outros, de louvor, adoração, diversão ou descanso.
Trata-se de uma festa popular, animada e das mais representativas do mundo. Sua origem remonta há cerca de três mil anos, quando surgiu em forma de culto a Dionísio, deus pagão, também conhecido, pelos romanos daquela época, como Baco.
As manifestações profanas do carnaval, festa da carne, se espalharam rapidamente pelos países neolatinos, influenciando culturas, gerações e comportamentos.
Segundo a lenda, Dionísio (ou Baco) era um deus bastardo que vivia sem rumo certo pela Ásia Menor. Era um deus que não sabia a que veio, logo não tinha o que fazer. Com pena do pobre deus, um sacerdote de nome Melampo, levou-o para as terras gregas, onde se tornou famoso, pois as pessoas atribuíam a ele o sucesso das plantações, razão por que o celebravam cada vez mais.
Nas celebrações que faziam, homenageando a Baco ou Dionísio, as pessoas representavam-no de modo estranho: era uma figura de homem com chifres, barbas e pés de bode. Seu aspecto era de um ser melancólico que se mostrava recaído pelos efeitos ferinos da embriaguez.
As mulheres foram as primeiras seguidoras do deus Dionísio. Elas fugiam dos maridos, dos pais e dos irmãos, caindo na folia, dançando, gritando e aprontando tudo que era recriminado pela sociedade greco-romana. Era uma festa: as mulheres saíam em bandos, com roupas rasgadas, fantasiadas, os rostos cobertos de pó, cantando e gritando, pelas montanhas do mundo grego. Os homens, gostando da farra, transfigurados, mascarados, acompanhavam as procissões de mulheres no frenesi dionisíaco.
Os festejos carnavalescos eram uma oportunidade de afrontar a igreja, a corte e os ricos, já que prevalecia a inversão total de valores. Nos festejos, os machos vestiam-se de fêmeas, o libertino, de religioso, o miserável, de rei e o pobretão, de ricaço. A farra era livre, sem regras, sem limites, pois Dionísio permitia a todos total liberdade.
O carnaval chegou ao Brasil, vindo do entrudo português, que consistia em brincadeiras como jogar água, ovos e farinha nas pessoas. O uso de máscaras, de fantasias e a incorporação de personagens como o Rei-Momo, o Pierrô e a Colombina, tornaram-se realidade devido às influências européias.
As imagens suntuosas dos carros alegóricos têm origem no final do século XIX e início do século XX, quando começaram os blocos carnavalescos e a ornamentação dos carros que, em grupos, desfilavam pelas ruas. E as famosas marchinhas carnavalescas que, pela simplicidade temática, estilo popular e ritmo animado, a partir de meados de século XX, tornaram os festejos cada vez mais animados.
O carnaval hoje não é mais um culto a Dionísio (Baco), deus grego, mas preserva o sentido profano de suas origens. Talvez por isso, em muitos momentos, as pessoas se excedem, esquecendo-se dos cuidados indispensáveis à proteção e à preservação da própria vida. Assim, aquilo que poderia ser alegria ou divertimento vira dor e sofrimento.

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