Seria
importante que o Brasil aproveitasse os momentos de CPIs para ser passado a
limpo, mas nossas autoridades fecham os olhos, não querendo enxergar essa
realidade. Pelo contrário, aproveitam a oportunidade para impressionar os
brasileiros como se estes não percebessem os fundamentos das encenações que
representam.
São
muitas as situações que vivenciamos, com o sentimento de indignação e tristeza.
A cada episódio, a impunidade fica mais cristalina, ganhando cada vez mais
força diante dos holofotes da vida brasileira. A hipocrisia dos acusadores e
acusados dominam as cenas e os espetáculos.
Felizmente,
o povo brasileiro não acredita mais no que vê, pois sabe que, se nossas
autoridades quisessem combater os diversos esquemas criminosos que afetam a
sociedade, discutiriam leis para assinalar o fim deles. Se quisessem mesmo
seriedade, honestidade e justiça, abririam mão de seus privilégios, favorecendo
a transparência das investigações.
A CPI
do Cachoeira, à medida que exibe um ato novo, nos enoja, fazendo-nos constatar
que nada avança, pois há sempre um “foro privilegiado” para emperrar os
julgamentos. Nossas autoridades são blindadas, não podem ser julgadas como
cidadãos comuns, são tratadas com diferença, devido ao poder que ostenta.
A CPI
acaba virando um expediente para uns protegerem os outros, já que a condenação
de um pode desencadear processos de condenação de outros. Talvez, por isso, a
maioria das pessoas de boa índole foge da política, pois sem compactuar com
algum esquema de natureza duvidosa, conforme se vê hoje, jamais conseguirão
êxito.
A
história nos mostra que aqueles que participam da vida pública, procurando não
se contaminar com as coisas ilícitas, rapidamente, perdem espaços e acabam
excluídos. Por outro lado, quem é hábil na organização de seus esquemas
dificilmente sai derrotado. Para estes, o mais importante é preservar o poder,
a fama e o dinheiro, mesmo que seja por meios suspeitos, razão por que os
esquemas continuam.
O
esquema Cachoeira / Demóstenes Torres é apenas a demonstração de que interessa
às nossas autoridades apenas o espetáculo. Um parlamentar julgar o outro é
apenas uma forma de buscarem coletivamente as saídas que menos prejuízo
acarreta a todos, já que, de um modo ou de outro, a maioria se sustenta por
meio de diferentes esquemas, cada qual mais comprometedor que o outro.
Se a
função de investigar é da polícia, para que CPI? O tratamento deveria ser
igual, independente de o investigado ter mandato político, pertencer ao poder
judiciário, ou ao executivo. O princípio da igualdade, Art. 5º da constituição
brasileira já assegura isso. Não adianta a polícia apresentar provas e a
justiça não condenar, por que o cidadão goza de “foro privilegiado”. Um país
que julga as pessoas com base nesse pressuposto ainda está longe de ser um país
justo.
Enquanto
isso, Cachoeira e seus seguidores vão depor e ficam mudos; Demóstenes Torres
dramatiza, tentando impressionar a todos que o cercam, com belas palavras. Ele
sabe que a situação dos demais não é diferente da sua, pois todos têm seus
esquemas. A própria CPI se transforma num esquema que no final vai garantir a
sobrevivência de todos. Lamentável!
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