A escola, para alcançar satisfação na
prática do ensino, precisa descobrir formas inovadoras a fim de envolver os diversos
sujeitos que interagem no processo de aprendizagem. Sem isso, ela perde o
fôlego da sobrevivência e os resultados podem acabar provocando instantes de
infindáveis frustrações.
O educador Paulo Freire falou muito, e
nos fala ainda, da importância de práticas educacionais que valorizem as
experiências dos sujeitos da educação. Não há dúvida de que a partir do momento
em que se trabalham os diversos saberes em sala de aula, há mais envolvimento e
melhor aprendizagem.
Muitos são os educadores que procuram
seguir esses ensinamentos do mestre; contudo, isso só não basta. O
reconhecimento do outro como ser humano que merece respeito pelo que é, e não
pelo que tem, precisa estar presente nos programas, ou práticas educacionais.
O desenvolvimento de um programa
solidário nos propicia condições de aprendermos a partilhar o que há de
essencial em nós para melhorarmos a convivência com o outro, dando um melhor
sentido à nossa vida e, por conseguinte, à vida do nosso semelhante.
A presença de um espírito solidário no
conteúdo dos programas educacionais possibilita uma prática igualmente
solidária. Vários educadores já trabalham nessa linha, respeitando as
diferenças de cada aluno e respeitando suas experiências. Porém isso não basta, precisamos avançar no sentido de trazermos essas práticas para os currículos currículos escolares, a fim de elas reflitam no sistema educacional como um todo.
Uma proposta pedagógica que leve em
conta as diferenças de idade, de experiências de vida e de saberes acumulados
dos alunos deve partir de uma estratégia alternativa de trabalho. Numa mesma
turma, é possível identificar, de acordo com cada aula, necessidades ou
dificuldades comuns a um determinado grupo de alunos. Sendo diferentes as
pessoas, diferentes também são os interesses. Logo, a realização de um trabalho
com pessoas que se agrupam, conforme seus desejos, preferências, aspirações e
habilidades, possibilita maior
envolvimento e participação efetiva, no cumprimento das tarefas apresentadas.
Não me parece nenhum absurdo, nem
exagero, trabalharmos numa mesma turma com cinco ou seis grupos diferentes, na
abordagem de um determinado assunto. Pelo contrário, seria por demais
enriquecedor. Não há razão para que as aulas sejam sempre padronizadas, como se o resultado da aprendizagem pudesse ser aferido de igual
modo para todos. Parafraseando Mário Quintana, lembramos que a todos deve ser
dado o mesmo ponto de partida, mas o ponto de chegada vai depender do percurso
trilhado por cada um. E sendo o ponto de chegada que cada um espera diferente,
as estratégias pedagógicas também devem ser diferenciadas, para que os alunos
não fiquem predispostos ao desinteresse pelos estudos.
A construção desse espaço de educação
criativa e respeitosa aos interesses e necessidades dos alunos passa pelo
desenvolvimento do espírito solidário de todos que praticam a educação escolar,
seja nos níveis da pré-escola, Ensino Fundamental, Médio ou Superior.
Além disso, é preciso vontade política
dos gestores dos sistemas de ensino, que devem assegurar as condições
necessárias a essas significativas mudanças. Mesmo sabendo que educar, segundo
tais pressupostos, requer força, empenho, mudança de postura e dedicação, vale
a pena enfrentar tal desafio, pensando sempre na construção de uma boa educação
para o país. Não adianta aplicarmos métodos antigos numa realidade nova, com
características desafiadoras e criativas. Precisamos inovar para que os alunos
se sintam motivados na busca de conhecimento e de uma boa formação no ambiente
escolar.
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