quarta-feira, 17 de julho de 2013

Proposta salarial justa


No contexto do debate sobre a reforma política, é importante refletirmos sobre a necessidade de revermos as injustiças envolvendo as questões salariais. Não quero aqui questionar o salário de um político, seja este parlamentar, presidente da república, governador de estado, prefeito, ou um magistrado. Se atentarmos para a realidade dos executivos das grandes empresas, vamos perceber que eles têm vencimentos nominais superiores aos de nossas autoridades das esferas municipal, estadual e federal. Todavia o que deixa o povo chateado são os privilégios, o tratamento diferenciado que se dá às autoridades ocupantes dos altos cargos da vida pública brasileira.
A maioria dos trabalhadores, no Brasil, recebe baixos salários, sobrevivendo com grandes dificuldades, tendo que arcar com todas as despesas, sem nenhuma outra ajuda. Assim, os gastos com alimentação, aluguel, tarifas de água, luz, telefone, remédios, planos de saúde, mensalidades escolares, prestação da casa própria, impostos, combustíveis e outras mais são custeados apenas com a remuneração mensal.
O que não podemos entender é o fato de os trabalhadores em geral sobreviverem apenas com o seu salário, enquanto nossas autoridades vivem cercadas de privilégios, gozando de inúmeros benefícios. Tomando como exemplo, os deputados e senadores, além do salário, eles recebem ajuda de custo, auxílio moradia, cotão 2, ressarcimento ilimitado de despesas médicas e verba de gabinete para 25 funcionários. É como se tivéssemos 594 empresas (513 deputados e 81 senadores) sendo mantidas com o dinheiro público.
Se indagarmos ao cidadão sobre os gastos que o país tem com as duas instâncias de poder no Congresso Nacional, gastando em média R$135,000,00 por mês com cada parlamentar, R$1,8 milhão por ano, isso multiplicado por 81 senadores, mais 513 deputados, daria cerca de R$1,1 bilhão por ano. Realmente um absurdo, um desperdício de dinheiro público para garantir privilégios a congressistas, cuja maioria pouco importa com as condições em que vivem as camadas populares e sofridas do povo brasileiro.
Uma proposta salarial razoável deverá garantir um tratamento igualitário a todos os trabalhadores brasileiros. Penso que nenhum assalariado, seja no exercício de mandato político, da magistratura, ou do poder executivo poderia receber mais de 30 vezes o valor do menor salário pago nacionalmente. E o reajuste salarial, independente da categoria profissional e do valor da remuneração, deveria ser com base na evolução do salário mínimo, o que evitaria o sentimento de injustiça. De igual modo, os direitos deveriam ser os mesmos para todos, sem privilégios, sem diferenças e sem injustiças.
Essa é uma mudança ousada e importante. Ela traz consigo o princípio da igualdade de direitos tão reclamados atualmente, um pilar indispensável à construção de uma sociedade verdadeiramente justa. Agindo assim, concedendo às nossas autoridades, seja do executivo, do legislativo, ou do judiciário, os mesmos direitos dos demais trabalhadores do Brasil, sem privilégios e com o teto salarial, no máximo, 30 vezes superior à remuneração básica, que hoje é de R$678,00 reais por mês, resgataríamos a credibilidade na política, nos políticos e na justiça. Desse modo, as pessoas interessadas em trabalhar pelo bem do país concorreriam a essas vagas com maiores chances de serem bem sucedidas.
Por fim, enquanto esses cargos forem cercados de privilégios, o exercício das atividades inerentes a eles continuará sendo um balcão de negócios. Por isso, o que tem que vir à frente do debate sobre a reforma política é a disposição de nossas autoridades em abrir mão de seus privilégios

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