sábado, 17 de agosto de 2013

Importância das cartas familiares

Muitas coisas acontecem na vida da gente, deixando-nos uma imensa saudade. Uma destas coisas de que me lembro agora era o hábito que muitas pessoas tinham de escrever suas amáveis cartinhas a amigos e familiares.
Essa troca de informações por meio de cartas acontecia, com frequência, antes da proliferação de emissoras de rádio, de canais de televisão, linhas telefônicas, computadores e outros equipamentos da atualidade.
Em algumas localidades, havia aquelas pessoas que ajudavam a quem tinha dificuldades nas redações, ou não sabia escrever por falta de escolaridade. Era uma atividade gostosa, pois matinha acesa a expectativa da chegada de um mensageiro com uma correspondência, trazendo notícias de um parente ou de um amigo distante. Quanto mais carta a pessoa enviava, mais chances ela tinha de receber o “feedback” daqueles com os quais correspondia.
Hoje, não é comum as pessoas, movidas pelo sentimento de saudade, amor ou amizade, dispensarem parte do seu tempo, para a produção de carinhosas mensagens a serem endereçadas a um amigo, ou a um ente querido. Uma pena, pois perdemos a oportunidade de expressarmos e de partilharmos com o outro o que pensamos e sentimos.
A linguagem das correspondências era, muitas vezes, simples, porém carregada de significados, tanto para quem escrevia quanto para quem as recebia. Independente do nível de elaboração, ela refletia os apelos sentimentais, presentes nos relacionamentos sociais, culturais e humanos, pois brotava da sinceridade e do íntimo de cada emissor. Era uma viagem gostosa que este fazia para tocar o imaginário do receptor, fazendo-o viajar também, no momento mágico da leitura.
Na redação das correspondências familiares, valia a criatividade. As ilustrações, fotos, desenhos, ou outras imagens comunicativas, eram recursos utilizados por muitos para despertar a atenção do destinatário. Assim, associando a força da mensagem verbal (escrita) com a não verbal (imagens, fotos, desenhos e outros), a viagem pela leitura se tornava ainda mais gostosa.
Penso que o desenvolvimento tecnológico e o poder da era digital contribuem sobremaneira para o fim das manifestações carinhosas advindas das amáveis cartinhas. Penso ainda que os professores, nas escolas, poderiam ajudar no resgate das correspondências familiares, conscientizando os alunos sobre a importância de se eles dedicarem um pouco do tempo para pensar no outro, escrevendo-lhe algumas mensagens. Esse exercício, além de trabalhar o sentimento humano, a amizade, o respeito e o espírito solidário, contribui para o desenvolvimento linguístico de cada um, já que resulta na expressão escrita.
Desse modo, o aluno aprenderá a dar importância ao seu semelhante e a pensar estratégias para despertar-lhe a atenção. Juntamente com as estratégias, vem o esforço para o planejamento do texto, a ordenação das idéias de forma coerente, a escolha do vocabulário, a correção ortográfica e o próprio exercício da escrita. Dominando bem esses aspectos, o aluno saberá aplicá-los com eficiência em prol da boa qualidade de construção de outros gêneros textuais. Assim, ele crescerá sempre, relacionando-se melhor com o outro e modelando sua maneira de pensar, de agir e de sentir o mundo por meio da linguagem. Sem dúvida, um aprendizado que não tem preço.



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