Tenho pensado muito, ultimamente,
acerca dos problemas que envolvem os seres humanos e que muitas vezes os deixa
submersos no mundo das lamentações. Não é raro conversar com as pessoas e
ficarmos grande parte do tempo apenas reclamando disso ou daquilo, sem que nada
de novo seja apresentado para a busca das soluções adequadas.
Às vezes, dedicamos muito tempo às
reclamações, sem fazermos proposições, logo avançamos pouco e progredimos menos
ainda. Quando estou em um evento discutindo seja que assunto for, tenho a
sensação de perda de tempo, pois as pessoas estacionam no patamar das reclamações
e não discutem propostas que poderiam evoluir para a solução dos graves
problemas que são os motivos das constantes queixas.
Parece que as manifestações
individuais não nos deixam lembrar que a diferença se dá, quando fazemos algo
visando à coletividade de que somos parte. Se permanecermos apenas nas queixas individuais,
perderemos a oportunidade de somarmos forças com outras pessoas, para a
construção de alternativas de interesse coletivo.
A sensação que tenho, quando vejo as
reuniões se esvaziarem, em seus objetivos, pelo excesso de lamentações, é que
as pessoas esquecem a importância das mobilizações e da força coletiva, a fim
de garantirem suas conquistas, pelo aprimoramento do exercício democrático. Fica
cada uma em seu canto, numa atitude egoísta, esperando o melhor para si e não
soma esforços com outros em busca do bem comum. Aí fico em dúvida, pensando que
essa atitude passiva se manifesta, de modo consciente, a fim de que as pessoas não
se comprometam com o trabalho.
Seja o que for, é importante lembrar
que permanecermos no vazio das lamentações significa não assumirmos
responsabilidades e, numa atitude cômoda, transferi-las para outrem. A partir
do momento em que somos propositivos, ficamos comprometidos com as propostas
que discutimos e aprovamos. E se as aprovamos, precisamos encaminhá-las de
forma organizada em nome de um grupo ou de uma coletividade que as reconhece como
legítimas, uma vez que refletem não um benefício simplesmente, mas uma
conquista, um direito e um exercício de cidadania.
A impressão que fica, a partir dessas
reflexões, é que nós conquistamos a democracia, mas abrimos mão de exercitá-la.
E se não a exercitamos, ficamos sempre esperando que outros o façam por nós, concedendo
a cada um aquilo que julgam ter direito. Mas a realidade não é bem assim. A garantia
de um direito implica muitas ações, trabalho e comprometimento. Por isso, em
vez de ficarmos lamentando, procurando culpados por algo que não acontece,
precisamos agir, sair da cômoda posição de apenas reclamar, clarear nossos
objetivos, e lutar para conquistá-los. Enfim, nós só vamos mudar a realidade,
quando cada um fizer a sua parte, sem transferir para o outro aquilo que é de
sua responsabilidade.
Não resta dúvida de que esse exercício
é deveras trabalhoso, razão por que muitos dele se esquivam. Mas não podemos
parar nas lamentações, no individualismo, pois sempre haverá um alvo em comum a
ser alcançado. Por isso, se queremos, nesse ano, viver uma vida nova, precisamos começar mudando a nós mesmos. Somente praticando a sinceridade, a honestidade e o amor em favor dos nossos semelhantes e aplicando o espírito de bondade a serviço do bem comum, chegaremos a uma sociedade melhor para todos.
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