sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Ano novo, vida nova

Tenho pensado muito, ultimamente, acerca dos problemas que envolvem os seres humanos e que muitas vezes os deixa submersos no mundo das lamentações. Não é raro conversar com as pessoas e ficarmos grande parte do tempo apenas reclamando disso ou daquilo, sem que nada de novo seja apresentado para a busca das soluções adequadas.
Às vezes, dedicamos muito tempo às reclamações, sem fazermos proposições, logo avançamos pouco e progredimos menos ainda. Quando estou em um evento discutindo seja que assunto for, tenho a sensação de perda de tempo, pois as pessoas estacionam no patamar das reclamações e não discutem propostas que poderiam evoluir para a solução dos graves problemas que são os motivos das constantes queixas.
Parece que as manifestações individuais não nos deixam lembrar que a diferença se dá, quando fazemos algo visando à coletividade de que somos parte. Se permanecermos apenas nas queixas individuais, perderemos a oportunidade de somarmos forças com outras pessoas, para a construção de alternativas de interesse coletivo.
A sensação que tenho, quando vejo as reuniões se esvaziarem, em seus objetivos, pelo excesso de lamentações, é que as pessoas esquecem a importância das mobilizações e da força coletiva, a fim de garantirem suas conquistas, pelo aprimoramento do exercício democrático. Fica cada uma em seu canto, numa atitude egoísta, esperando o melhor para si e não soma esforços com outros em busca do bem comum. Aí fico em dúvida, pensando que essa atitude passiva se manifesta, de modo consciente, a fim de que as pessoas não se comprometam com o trabalho.
Seja o que for, é importante lembrar que permanecermos no vazio das lamentações significa não assumirmos responsabilidades e, numa atitude cômoda, transferi-las para outrem. A partir do momento em que somos propositivos, ficamos comprometidos com as propostas que discutimos e aprovamos. E se as aprovamos, precisamos encaminhá-las de forma organizada em nome de um grupo ou de uma coletividade que as reconhece como legítimas, uma vez que refletem não um benefício simplesmente, mas uma conquista, um direito e um exercício de cidadania.
A impressão que fica, a partir dessas reflexões, é que nós conquistamos a democracia, mas abrimos mão de exercitá-la. E se não a exercitamos, ficamos sempre esperando que outros o façam por nós, concedendo a cada um aquilo que julgam ter direito. Mas a realidade não é bem assim. A garantia de um direito implica muitas ações, trabalho e comprometimento. Por isso, em vez de ficarmos lamentando, procurando culpados por algo que não acontece, precisamos agir, sair da cômoda posição de apenas reclamar, clarear nossos objetivos, e lutar para conquistá-los. Enfim, nós só vamos mudar a realidade, quando cada um fizer a sua parte, sem transferir para o outro aquilo que é de sua responsabilidade.
Não resta dúvida de que esse exercício é deveras trabalhoso, razão por que muitos dele se esquivam. Mas não podemos parar nas lamentações, no individualismo, pois sempre haverá um alvo em comum a ser alcançado. Por isso, se queremos, nesse ano, viver uma vida nova, precisamos começar mudando a nós mesmos. Somente praticando a sinceridade, a honestidade e o amor em favor dos nossos semelhantes e aplicando o espírito de bondade a serviço do bem comum, chegaremos a uma sociedade melhor para todos.

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