Até há pouco, víamos o 2014 como uma oportunidade de
significativas mudanças. Muito se falou sobre avanços em todas as áreas na
preparação do Brasil para a Copa do Mundo e que o país ganharia muito com a
realização desse monumental evento. Mas, infelizmente, a realidade não é bem
essa.
As obras de infraestrutura tão esperadas continuam a passos
de tartaruga, sem nenhuma perspectiva animadora. Basta vermos as condições em
que se encontra nossa malha rodoviária. Muitas estradas, em péssimas condições, necessitando de reformas,
de duplicação, de fiscalização e de segurança.
Outro problema sério são as obras dos aeroportos que
certamente não ficarão concluídas até junho de 2014, devido ao atraso no
cronograma de execução. Além disso, podemos citar as falhas de logística, comprometendo
a dinâmica de embarque e desembarque de passageiros, o extravio de malas, que
trazem sérias consequências às pessoas, o tráfico de drogas e de armas que
passam clandestinamente como se fossem bagagens normais.
A mobilidade urbana
também, um tema tão explorado, continua na mesmice, sem inovação. Os projetos de
melhoria do trânsito nas grandes cidades que não saíram do papel, ou, se
saíram, não avançaram. As cidades continuam com o trânsito caótico, em grande
parte do tempo, quase paradas. Além disso, trens e ônibus superlotados
transportando pessoas em condições precárias. Os altos preços das tarifas, os
riscos de assaltos, de sequestros e de depredação dos coletivos que culminam
com muitas vítimas aterrorizadas, violentadas ou mortas.
Essas coisas continuam acontecendo como se estivéssemos numa
situação de normalidade. Nada se fez de significativo em consideração a
excepcionalidade desse primeiro semestre de 2014. Apesar das manifestações
populares de 2013, nossas autoridades não saíram da zona de conforto,
permanecendo nas penumbras vergonhosas da omissão. Cada uma vai deixando
acontecer para ver como é que fica.
Assim, nesse clima de total insegurança, vamos sediar a Copa
do Mundo. Em vez de felizes, motivados, ficaremos apreensivos. Em vez de planejarmos uma verdadeira festa,
colorindo a vida das cidades, permaneceremos em casa, temendo os atos de
violência que tendem a se sucederem no período de realização dos jogos. Depois da Copa, os
brasileiros herdarão os mesmos problemas de sempre. Terão que enfrentar ônibus
e trens superlotados, tarifas altas, estradas precárias, altos índices de
acidentes no transito, falta de atendimento na saúde, precariedade na educação,
falta de valorização dos professores, de policiais, altos impostos, violência, sequestros, roubos, latrocínios, ou seja, total insegurança. De positivo mesmo, só a melhoria de alguns estádios
de futebol e a comemoração do título, caso o Brasil seja campeão.
Essa será a triste realidade. Poderemos pagar um alto preço
pela omissão de todos, em especial, de nossas autoridades, que não se
empenharam o suficiente para preparar o alicerce desse grande acontecimento.
Logo quem aqui estiver, quem aqui vier, será lançado à própria sorte. Uma pena,
pois isso nos tira a credibilidade perante o mundo. Enfim, só nos resta esperar
que o espírito da bondade vença os ímpetos de violência, no período da Copa,
para que atrocidades maiores não aconteçam. Que Deus nos abençoe e nos proteja!
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