A onda de violência por
que passa o Brasil é uma demonstração clara de que o estado e a
sociedade estão perdendo a guerra para a criminalidade. Parece
que estamos em um país sem lei, pois o sentimento é de que vivemos
entregues à própria sorte. Os crimes se repetem e os bandidos
continuam livres, sem uma punição justa, à altura dos atos que
praticam.
Ao ligarmos o rádio, a
televisão, ao abrimos um jornal, deparamos sempre com notícias
estarrecedoras, causando-nos cada vez mais inquietação. À medida
que as coisas acontecem, aumenta a nossa descrença, já que nenhuma
medida se toma para proteger as pessoas de bem. Nossos deputados e
senadores não se movem, permanecem tranquilos como se o Brasil fosse
o país das maravilhas.
Essa indiferença de
nossas autoridades alimenta o sentimento de revolta da população,
que está, em muitos casos, procurando fazer justiça com as próprias
mãos. Ninguém aguenta mais a ironia dos bandidos, que se comportam
como donos da situação, desafiando as autoridades policiais, a
justiça, numa clara demonstração de profundo desrespeito à
sociedade. Eles sabem que se forem presos, logo estarão nas ruas
para a prática de outros crimes. Os menores apreendidos esbanjam
arrogância, colecionam crimes, ostentam prepotência, pois sabem que
ficarão impunes, uma vez que serão julgados pela idade e não pela
gravidade dos crimes que cometem.
A insegurança no país a
cada dia eleva o número de vítimas numa proporção assustadora. E
por não acreditarem nas leis, nem nas autoridades, a população
está reagindo, com veemência e de modo preocupante. O resultado
disso são as atrapalhadas que presenciamos nos últimos dias. Às
vezes, uma bala perdida, um inocente confundido com criminoso, um
linchamento por engano. Fato é que essa conta está sendo paga por
quem não tem culpa alguma.
Por outro lado, acuados,
os policiais sabem que eles e seus familiares correm perigo. Eles se
tornam presas fáceis dos bandidos que os recebem munidos de
verdadeiros arsenais de guerra. São muitos os confrontos, trocas de
tiros e vidas ceifadas. Vários são os relatos de pessoas presas por
um mesmo policial, o que o torna mais vulnerável, pois este sabe que
um bandido, mesmo que preso, logo será liberado pela justiça, indo
para as ruas guerrear novamente contra ele.
E os nossos legisladores,
onde estão? Infelizmente, nossos deputados e senadores, no
Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas, há 10, 15, 20, 30
ou 40 anos, não se esforçam para mudar essa realidade. Fazem belos
discursos, em épocas de eleições, atacam adversários, se elegem e
fim. Cada um usa a força do cargo para barganhas, troca de favores,
adversários viram aliados e tudo se acomoda. E o povo continua
abandonado, desiludido e com a consciência pesada, achando que uma
vez mais não soube votar.
Portanto é hora de
acordar. Em anos de eleições, temos uma arma na mão, o voto.
Aliás, a única que nos é possível. Por isso, é importante que
todos pesquisem a vida de cada parlamentar e a sua atuação no
legislativo. É lá que as coisas acontecem, que as barganhas são
feitas. É de lá que vêm as pressões contra o executivo, é lá
que se armam os palanques e as peças políticas. É hora de darmos o
troco. Já que não há limites para a reeleição no legislativo, o
eleitor pode descartar os políticos que estão no poder, há mais de
8 anos, advogando em causa própria. Se eles não querem reforma,
essa o eleitor pode fazer. Tomara que o voto de cada um, no próximo
pleito eleitoral, possa acordar o Brasil! Assim esperamos.
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