A sociedade brasileira não sabe mais
o que fazer, nem pra onde ir. O sentimento de abandono é imenso e a
insegurança, total. A cada dia, a situação se agrava, sem que
nossas autoridades se sensibilizem com as necessidades do povo. São
décadas de discursos políticos, de promessas não cumpridas e de
espetáculos nas instâncias legislativas.
Todo ano de eleições os candidatos
protagonizam peças impressionantes, fazendo de conta que estão
preocupados com os nossos problemas. Esse ano não é diferente, mais
um espetáculo acontece. A oposição bateu pé, insistindo na
criação da CPI da Petrobrás. Agora que conseguiu, passou para o
próximo capítulo: já não é mais CPI, querem CPMI. É a forma
encontrada para não perder as cenas dos próximos capítulos.
Esses candidatos não se preocupam com
os problemas que realmente interessam ao povo brasileiro. O país
sofre com a precariedade da saúde, da educação e com a falta de
segurança. Mas a gente não vê propostas concretas dos candidatos,
demonstrando interesse em enfrentar com seriedade essas questões.
Enquanto isso, o povo padece. As
pessoas são abandonadas à própria sorte. Diariamente, presenciamos
cenas de doentes nos colos de familiares, outros, em corredores de
hospitais, jogados, por falta de leitos, gente morrendo sem
atendimento médico; médicos reclamando da falta de condições de
trabalho; enfermos desesperados por falta de medicamentos.
Na área educacional, não é
diferente. Há anos que o setor reivindica melhorias e nada. Nos
centros mais desenvolvidos, ocorre uma maquiagem aqui outra ali e
fica por isso mesmo. E quando os educadores tentam discutir essas
questões, são tratados com ironia por nossas autoridades.
Na segurança pública, o tamanho
descaso dispensa comentários. Os bandidos não temem mais nada e vão
tomando conta da situação. Os policiais estão desestimulados,
sentindo falta de apoio institucional. Eles sabem que seu trabalho é
ridicularizado por bandidos que têm como suporte a impunidade. Com
isso, a sociedade fica exposta a perigos de toda ordem. Os
latrocínios acontecem, inocentes morrem, famílias choram em vão e
nenhum legislador sai de sua zona de conforto, nem se sensibiliza com
a dor do outro.
Mas o que nos entristece é o fato de
os candidatos não discutirem essas questões. Eles só querem
espetáculos. Usam de subterfúgio como CPIs, CPMIs, para desviar a
atenção do povo. Se eles quisessem apurações sérias, não
reivindicariam para si o direito de investigar os colegas do
legislativo, deixariam isso por conta da polícia federal, para que a
investigação ocorresse com imparcialidade.
Não quero avaliar o mérito da
negociação, envolvendo a Petrobrás. Porém não entendo por que
essas denúncias apareceram somente agora. Se é verdade que essa
transação lesou o país, essas denúncias deveriam ter sido feitas
anteriormente. O surgimento delas somente às vésperas do período
eleitoral pode sinalizar opotunismo dos denunciantes ou falha no
exercício parlamentar, que só detectou o rombo com mais de uma
década de atraso. No fundo, é muito barulho e pouco trabalho; é
muita gente querendo tirar proveito da situação, tentando
colecionar votos com esses espetáculos.
Em razão disso, o eleitor deve
aproveitar as eleições para dar o troco, não votando em candidatos
oportunistas, que depois de eleitos, não querem saber de problema
algum. Quem ocupa um cargo no legislativo há anos e não tem o que
apresentar à sociedade, deve ser riscado da lista. Esse é o momento
de o eleitor fazer a reforma que os políticos não querem. Ou seja,
votando pela mudança, pela não eleição de quem só sabe fazer
discursos e dar espetáculos.
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