Na abertura da copa do
mundo, dia 12 de junho de 2014, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada por
parte dos torcedores que presenciavam o evento. Muita gente engrossou o coral
de vaias, achando que estava demonstrando altivez. Na verdade, quem assim o fez
contribuiu para revelar ao mundo que, no Brasil, há pessoas que desconhecem a
educação e o respeito.
Como brasileiro, sempre
defendi o direito à liberdade, todavia sem ofender moralmente quem quer que
seja. Todos devem fazer suas escolhas, professar suas crenças e trilhar os
caminhos que lhes parecer mais adequado, todavia sem perder a compostura humana
e civilizada.
Há trinta anos, a abertura
da Copa do mundo se faz com o discurso inaugural dos chefes de estado. No
Brasil, foi diferente; perdemos a oportunidade de elevarmos a voz brasileira
aos quatro cantos do mundo, numa demonstração de força e grandeza da nação. O
mundo deve estar surpreso com esse silêncio que nos tornou menores do que
realmente somos. Fomos antipatriotas, em vez de agirmos como brasileiros
respeitosos e educados.
Sei que as vaias e os
xingamentos do Itaquerão não devem ser atribuídas ao povo brasileiro.
Brasileiros de verdade amam sua pátria, logo gostariam de ter ouvido a voz de
alguém se levantando para dar boas-vindas a todos que vieram passar conosco
essa temporada festiva de campeonato mundial. Perdemos a chance de mostrar ao
mundo a nossa força, elegância e hospitalidade.
As oportunidades surgem e
se não forem bem aproveitadas não voltam mais. Essa se foi e ficará marcada
pelo silêncio de nossas autoridades que receberam o maior evento desportivo do
planeta, sem anunciar publicamente sua abertura oficial. Um evento que chegará
ao final com a sensação de que ainda não começou. Algo estranho que o
brasileiro de bem não conseguiu entender, nem poderá aceitar.
Numa ocasião como essa,
independente de quem esteja no poder, o país precisa de uma voz que se faça
ouvir. Sem dúvida, a presença de jornalistas qualificados das nações mais
importantes do mundo a faria propagar, com vibração e simpatia. Se tivesse
havido o discurso oficial brasileiro, seríamos mais respeitados por muitos que
hoje nos ignoram. Uma pena, pois ficamos sem a visibilidade que o mundo
esperava do país do futebol. Um silêncio desnecessário, ridículo, provocado por
um comportamento antidesportivo que não condiz com o espírito festivo,
respeitoso, solidário e acolhedor do povo brasileiro.
Dificuldades, o Brasil tem
muitas, mas se não estivéssemos sediando essa Copa, elas nos atormentariam do
mesmo jeito. O Brasil tem governos de diferentes partidos e de Norte a Sul os
problemas persistem e se agravam cada vez mais. Por isso os argumentos de que
os culpados são as pessoas ou os partidos não se sustentam. Não consigo ver um
estado brasileiro, embora com governos de ideologias ou partidos diferentes,
que esteja livre dos problemas de infraestrutura, de saneamento básico, de
habitação, de mobilidade urbana, de educação, saúde e segurança. Isso mostra
que trocar pessoas ou partidos, sem uma transformação de base é apenas um
paliativo, uma ilusão, para frustrar as expectativas das pessoas bem intencionadas.
Portanto, abaixo os xingamentos, a falta de educação e o desrespeito dessa
gente oportunista que, com soberba, manchou a imagem do Brasil perante o mundo.
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