quinta-feira, 19 de junho de 2014

Copa do mundo e política

Na abertura da copa do mundo, dia 12 de junho de 2014, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada por parte dos torcedores que presenciavam o evento. Muita gente engrossou o coral de vaias, achando que estava demonstrando altivez. Na verdade, quem assim o fez contribuiu para revelar ao mundo que, no Brasil, há pessoas que desconhecem a educação e o respeito.
Como brasileiro, sempre defendi o direito à liberdade, todavia sem ofender moralmente quem quer que seja. Todos devem fazer suas escolhas, professar suas crenças e trilhar os caminhos que lhes parecer mais adequado, todavia sem perder a compostura humana e civilizada.
Há trinta anos, a abertura da Copa do mundo se faz com o discurso inaugural dos chefes de estado. No Brasil, foi diferente; perdemos a oportunidade de elevarmos a voz brasileira aos quatro cantos do mundo, numa demonstração de força e grandeza da nação. O mundo deve estar surpreso com esse silêncio que nos tornou menores do que realmente somos. Fomos antipatriotas, em vez de agirmos como brasileiros respeitosos e educados.
Sei que as vaias e os xingamentos do Itaquerão não devem ser atribuídas ao povo brasileiro. Brasileiros de verdade amam sua pátria, logo gostariam de ter ouvido a voz de alguém se levantando para dar boas-vindas a todos que vieram passar conosco essa temporada festiva de campeonato mundial. Perdemos a chance de mostrar ao mundo a nossa força, elegância e hospitalidade.
As oportunidades surgem e se não forem bem aproveitadas não voltam mais. Essa se foi e ficará marcada pelo silêncio de nossas autoridades que receberam o maior evento desportivo do planeta, sem anunciar publicamente sua abertura oficial. Um evento que chegará ao final com a sensação de que ainda não começou. Algo estranho que o brasileiro de bem não conseguiu entender, nem poderá aceitar.
Numa ocasião como essa, independente de quem esteja no poder, o país precisa de uma voz que se faça ouvir. Sem dúvida, a presença de jornalistas qualificados das nações mais importantes do mundo a faria propagar, com vibração e simpatia. Se tivesse havido o discurso oficial brasileiro, seríamos mais respeitados por muitos que hoje nos ignoram. Uma pena, pois ficamos sem a visibilidade que o mundo esperava do país do futebol. Um silêncio desnecessário, ridículo, provocado por um comportamento antidesportivo que não condiz com o espírito festivo, respeitoso, solidário e acolhedor do povo brasileiro.
Dificuldades, o Brasil tem muitas, mas se não estivéssemos sediando essa Copa, elas nos atormentariam do mesmo jeito. O Brasil tem governos de diferentes partidos e de Norte a Sul os problemas persistem e se agravam cada vez mais. Por isso os argumentos de que os culpados são as pessoas ou os partidos não se sustentam. Não consigo ver um estado brasileiro, embora com governos de ideologias ou partidos diferentes, que esteja livre dos problemas de infraestrutura, de saneamento básico, de habitação, de mobilidade urbana, de educação, saúde e segurança. Isso mostra que trocar pessoas ou partidos, sem uma transformação de base é apenas um paliativo, uma ilusão, para frustrar as expectativas das pessoas bem intencionadas. Portanto, abaixo os xingamentos, a falta de educação e o desrespeito dessa gente oportunista que, com soberba, manchou a imagem do Brasil perante o mundo.

   

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