A Copa do Mundo avança para as quartas
de final. Daqui a pouco termina, vem o fim das férias escolares, das
comemorações, do choro e das frustrações. Por isso dedico esse momento para
refletir sobre a educação, já que ela é a base do desenvolvimento humano e,
consequentemente, do progresso das nações.
O educador Paulo Freire falou muito, e
nos fala ainda, da importância de práticas educacionais que valorizem as
experiências dos sujeitos da educação. Não há dúvida de que a partir do momento
em que se trabalham os diversos saberes em sala de aula, há mais envolvimento e
melhor aprendizagem.
O desenvolvimento de um programa
solidário nos ensina a partilhar o que há de essencial em nós para melhorarmos
a convivência com o outro, dando um melhor sentido à nossa vida e, por
conseguinte, a vida de nosso semelhante. Vários educadores já trabalham nessa
linha, respeitando as diferenças de cada aluno e suas experiências. Porém são
práticas não contempladas ainda nos currículos escolares, razão por que não se
refletem no sistema educacional como um todo.
Uma proposta pedagógica que leve em
conta as diferenças de idade, de experiências de vida e de saber acumulado de
cada sujeito contribui sobremaneira para o crescimento de todos. Uns aprendem
com os outros, os que têm facilidades ajudam os demais e todos crescem no processo
de ensino e aprendizagem.
Muitos são os educadores que procuram
inovar, buscando alternativas para um trabalho e ensino qualificado. Contudo
isso só não basta. O reconhecimento do outro como ser humano que merece
respeito pelo que é, e não pelo que tem, precisa fazer-se presente nos
programas e práticas educacionais.
Não me parece nenhum absurdo, nem
exagero, trabalhar numa mesma turma com diferentes grupos, na abordagem de um
determinado assunto. Pelo contrário, não vejo razão para que as aulas sejam quase
sempre padronizadas como se o resultado da aprendizagem pudesse se aferido de
igual modo. Numa aula de leitura e redação, por exemplo, podemos ter grupos de
alunos trabalhando com poemas, contos, crônicas, artigos, reportagens e outros.
Imagine a riqueza cultural de uma sala de aula com essa diversidade de ensino!
A prática educacional solidária possibilita
o surgimento de interessados em ajudar os colegas com mais dificuldade, sendo
também uma oportunidade para a formação de líderes. Todos ensinam e aprendem, fazendo
melhorar a autoestima, o entusiasmo e a motivação, criando assim um ambiente
propício à busca de conhecimentos.
Desse modo, será possível fomentar uma
educação respeitosa, qualificada, que leve em consideração os interesses e
necessidades dos alunos. Essa convivência saudável favorece o crescimento de
todos, na caminhada educacional, uma vez que quebra a monotonia que normalmente
impera nas escolas.
Sabemos que fazer educação, segundo
tais pressupostos, não é fácil, mas é uma questão que deve ser pensada. Não
adianta aplicarmos métodos antigos numa realidade diferenciada, com
características desafiadoras e criativas. Devemos, pois, buscar outros caminhos
para a grandeza dos nossos alunos, da nossa sociedade e do nosso país.
Precisamos aprender a praticar uma educação realmente para a vida.
Não podemos esquecer que a Copa do
Mundo vai passar, mas a luta por uma boa educação deve continuar. Se nossas
autoridades são capazes de realizar um evento mundial, de tamanha envergadura,
devem ter também a competência de oferecer um ensino melhor para todos. Assim
como o esporte, a educação merece um tratamento de qualidade.
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