O período eleitoral chegou. É hora de convivermos com os habituais discursos
políticos, falaciosos e oportunistas. Tudo ocorrerá como de costume: muitas
mentiras, críticas sem fundamento, promessas mil e total falta de
credibilidade. Muitos problemas serão levantados. Certamente, os principais
serão saúde, educação, segurança e mobilidade urbana.
Como sempre, o eleitor se cansará das cenas de outrora, que se repetem a
cada dois anos. Nada de novo: veremos de volta os mesmos personagens, com seus
velhos esquemas e artimanhas. Tudo como dantes. Apenas a possibilidade do ensaio
de novos discursos que, no fundo, não são novos, são paráfrases de tantos já
encenados. É a vida sendo violada,
desrespeitada e massacrada, no exercício da política. Ou melhor, dos políticos.
Parece que habitamos dois mundos: o da política e do poder, e o mundo
dos abnegados cidadãos que resistem, bravamente, na luta pela sobrevivência. Mundo
dos trabalhadores, dos contribuintes sinceros que, a cada dia, se doam um pouco
mais para sustentar os privilégios dos poderosos.
Estes, na rotina do dia a dia, não precisam de transporte público, não acordam
de madrugada, não tomam ônibus, não ficam presos em tráfego caótico. Não
precisam cumprir horário. Se não trabalham, não perdem o emprego. Serviço não é
importante, trabalham como e quando querem. Levam uma vida de rei, cercados de
prestígio, poder e dinheiro. Vivem um mundo diferente, uma vergonha para o
cidadão honesto que, diante de tudo isso, ainda se vê obrigado a votar. E pior,
votar certo. Missão essa muito difícil, já que o atual modelo político fecha as
portas para a igualdade de direitos, a transparência, a lisura, a justiça e a
probidade.
Certamente, todo eleitor comparece às urnas, querendo escolher o melhor.
E escolhe. Porém os bons se misturam com outros, são pressionados e vencidos.
São peixes ofegantes, nadando contra a maré, tentando livramento as garras
dos tubarões. Por isso, enquanto não eliminarmos os gigantes da política, os
bons que passarem pelo filtro das eleições vão esmaecer nas armadilhas dos poderosos.
Não há muitas alternativas para a conquista de melhorias. Todavia,
sabemos que o foco da mudança está no legislativo. Ali, tudo acontece. As
barganhas, as trocas de favores, a venda de voto e as pressões contra o
executivo. O apoio de um parlamentar custa caro. Seu poder de negociar tem a
dimensão de seu caráter.
Sabendo disso, o eleitor pode se valer das ferramentas da internet,
pesquisando as ações dos candidatos. Aqueles que estiverem no poder há mais de
dois mandatos, se não mostrarem trabalho e uma conduta que justifiquem suas
funções, devem ser descartados. Se forem reconduzidos, continuarão fazendo do
cargo um grande negócio, legislando em causa própria e não em favor da
sociedade.
Sem uma reforma política verdadeiramente democrática, o voto certo será
sempre uma aposta, um tiro na escuridão. Por isso uma grande renovação no
legislativo se faz necessária e urgente. Precisamos trocar as peças viciadas,
inúteis e corruptas, por outras que nos tragam um pouco de alívio e de
esperança. O eleitor não pode continuar refém do sistema político, nem dos
caprichos de políticos oportunistas. Chega de discursos sobre problemas da
saúde, educação, segurança e mobilidade urbana. Isso já virou clichê. Não precisamos
de parasitas, usurpadores, ou corruptos, queremos seriedade, atitude e ação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário