Primavera Árabe é o
nome dado às manifestações de protestos e revoluções ocorridas no Oriente
Médio e norte da África contra os ditadores que se mantiveram no
poder durante décadas. Trata-se de um movimento que se iniciou na Tunísia, em
dezembro de 2010, culminando com a queda, naquele país, do ditador Zine
El Abidini Ben Ali, em janeiro de 2011, após 23 anos no poder.
A causa dos
protestos, na Tunísia, também chamados de Revolução de Jasmin foi a morte do
jovem Mohamed Bouazizi, um vendedor de frutas, que teve seus
produtos confiscados pela polícia, por se recusar a pagar propina aos
policiais. Revoltado, ele ateou fogo em seu próprio corpo, fomentando, com esse
ato, a revolta popular pelo fim da ditadura na Tunísia, movimento que teve consequências importantes em outros países.
Sob a influência das revoltas na Tunísia, vieram a
Guerra Civil Líbia, a
Revolução do Egito, os protestos na Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria,
Jordânia e Omã, com o objetivo de por fim aos regimes ditatoriais e de buscar
melhores condições de vida para todos.
Na Líbia, após
intensos combates, numa das revoluções mais sangrentas da Primavera Árabe, o general Muammar Kadhafi, acabou morto pelos rebeldes em 20
de outubro de 2011, pondo fim aos 42 anos de ditadura libanesa.
No Egito, a
Revolução também conhecida por Dias de Fúria, Revolução de Lótus e Revolução do
Nilo, foi de 25 de janeiro a 11 de fevereiro de 2011. O ditador Hosni Mubarak,
depois de 30 anos no poder, anunciou que não se candidataria ao cargo, sendo
eleito Mohammed Morsi, em junho de 2011, presidente do Egito.
Buscando derrubar o
presidente da Argélia, Abdlaziz Bouteflika, no poder há 12 anos, os protestos
se espalharam pelo país. Diante das intensas manifestações, o ditador
Bouteflika organizou novas eleições no país, mas acabou vencendo o pleito, que
teve um elevado número de abstenções. Lá ainda há protestos, atentados
terroristas, o que revela a insatisfação da população com o governo.
Outro país marcado
por protestos, guerra e mortes é a Síria. Foi grande a luta do povo pela
deposição do ditador Bashar al-Assad, há 13 anos no comando do país, sendo 46
anos de governo em poder de sua família. O resultado desses combates já contabiliza cerca de 100 mil mortes, desde que o governo decidiu reprimir os
manifestantes, de forma vil e truculenta.
A comunidade
internacional, pressionada pela ONU, tem interesse na deposição do ditador
sírio, mas a Rússia, que tem o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU e
interesses na manutenção do poder de Assad, tem dificultado essa ação. Enquanto
isso, os indícios de que o governo sírio utiliza armas químicas e biológicas
para combater a revolução no país continuam.
Em Bahrein, a queda
do rei Hamad bin Isa al-Khalifa, no poder há 8 anos, é o objetivo
dos protestos, iniciados em 2011, influenciados pelos efeitos da Revolução de
Jasmin, na Tunísia. Devido à truculência do governo e à violência de suas
milícias contra os manifestantes, centenas de mortos são registrados na
história do movimento.
A Primavera Árabe
em Marrocos foi um pouco diferente. Neste país, os manifestantes reivindicavam
melhores condições de vida para a população marroquina e menos poderes para o
Rei Mohammed VI, no poder há 14 anos, sucessor numa dinastia que manda no país
desde de 1966. Como o objetivo principal não era tirá-lo do poder, o rei
marroquino, mediante os protestos, atendeu partes das reivindicações, inclusive
permitindo a eleição para o cargo de Primeiro-Ministro. Apesar disso, o grande
poder do Rei ainda existe, o que gera uma onda de insatisfação no país.
Os protestos foram
importantes também para a população do Iêmen, pois através deles, findou-se a
ditadura de Ali Abdullah Saleh, que durou 33 anos. O anúncio do fim do regime
se deu em novembro de 2011, por meio de de eleições diretas.
Mesmo com a proposta de transição pacífica, o governo reprimiu os
manifestantes, acirrando os conflitos. A organização terrorista Al-Qaeda,
aproveitando a situação, fez alguns acordos com os rebeldes iemenitas em alguns
momentos da revolução.
Um dos últimos
países a ser influenciado pela Primavera Árabe foi a Jordânia. Os protestos
começaram em meados de 2012, contra o governo do Rei Abdullah II, que anunciou
no início de 2013 a realização de novas eleições. Mas a Irmandade Muçulmana,
partido mais popular do país, boicotou o processo eleitoral devido às denúncias
de fraudes e compra de votos pelos partidários do Rei.
Omã, a exemplo de
Marrocos, não exigia o fim da ditadura do sultão Qaboosbin Said e sim melhores
condições de vida, reforma política e aumento de salários. Temendo os efeitos
da Primavera Árabe, o monarca optou pela realização das primeiras eleições
municipais em 2012. Mesmo com a tentativa do sultão de controlar a revolta da
população, por meio de benesses e favores, vários protestos e greves gerais
aconteceram em 2011.
Como se vê, o
movimento iniciado na Tunísia, em 2010, influenciou os manifestantes de outras
nações, que combatiam as ditaduras, o desemprego, a corrupção, a falta de moradia, a violência policial e as péssimas condições de vida da população. Com a onda de protestos, houve a queda de alguns tiranos, outros se enfraqueceram, abrindo perspectivas de democratização nos países atingidos pela Primavera Árabe. Esperamos que o cunho religioso dos protestos não prevaleça sobre os direitos sociais, políticos, sobre a liberdade de expressão e de culto, a fim de que os avanços continuem trazendo esperanças de dias melhores para todos.