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terça-feira, 3 de julho de 2012

Literatura brasileira - Romantismo


6) Romantismo (século XIX)

Contexto

            O marco inicial do Romantismo no Brasil foi a publicação do livro “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães, em 1836. Nesse período, houve uma intensa produção literária marcada por diversos movimentos de grande riqueza para a literatura brasileira.
            O momento histórico em que ocorre o Romantismo, no Brasil, pode ser observado a partir da vinda da corte portuguesa que, fugindo de Napoleão Bonaparte, chegou ao Rio de Janeiro, em 1808. Com a vinda da família real, o Rio de Janeiro viveu um processo de urbanização, tornando-se um campo favorável à divulgação das novas ideias do velho mundo, fazendo a então colônia caminhar na direção da sua independência.
            Após o ano de 1822, o sentimento de nacionalismo cresceu, buscou-se o passado histórico, exaltando-se a natureza da pátria. Na realidade, foi um ufanismo herdado da Europa que se encaixava perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar as profundas crises sociais, financeiras e econômicas. Apenas para ilustrar, de 1823 a 1831, o Brasil experimentou um período conturbado como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I. Ou seja: a dissolução da Assembléia Constituinte, a constituição outorgada; a Confederação do Equador; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado assassinar Líbero Badaró; e, finalmente, a abdicação, seguida do período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. Justamente, nesse ambiente confuso, surgiu o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e de nacionalismo.
            Didaticamente falando, o período romântico no Brasil, durou 45 anos, desde a publicação do livro “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães, em 1836, até a publicação de “Memórias Póstuma de Brás Cubas”, de Machado de Assis, em 1881, obra esta que marca o início do Realismo no Brasil.
            A Revolução Industrial ocorrida na segunda metade do século XVII trouxe consigo a necessidade de especialização e, consequentemente, o surgimento de novas universidades e o fortalecimento da imprensa. Nesse contexto, o desenvolvimento da indústria se acelera, fazendo crescer o capitalismo no mundo, elevando assim a burguesia ao poder que passa a ser a nova classe patrocinadora das artes.
            Outrossim, a Revolução Francesa (1788 e 1789) influenciou sobremaneira a produção literária do romantismo, uma vez que os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade inspiravam toda a classe artística a se manifestar, livremente.
No Brasil, a Independência do país em de 1822, despertou a consciência nacional, evidenciando a necessidade de uma divulgação positiva da realidade brasileira, o que se fez, para o mundo inteiro, por meio da valorização dos elementos naturais (fauna e flora) em detrimento da problemática social e econômica do Brasil Império. Desse modo, na Corte, Rio de Janeiro, em 1808, surgem as primeiras manifestações jornalísticas, exibindo diariamente, em folhetins, capítulos dos romances dos nossos principais autores da época.



Características


  1. Destaque para a personalidade do autor que coloca em evidência uma visão particular da sociedade em que vive, ou seja, o seu modo de vê-la, de contemplá-la e de descrevê-la. Subjetivismo.
  2. Foco no sentimento dos personagens, com a exploração da temática amorosa e os dramas do amor. O autor usa a literatura para evidenciar os sentimentos comuns como o amor, a cólera, a paixão e outros. Sentimentalismo. 
  3. Necessidade de criação de uma cultura genuinamente brasileira. Os autores procuravam autenticidade na expressão literária, distanciando-se dos traços da literatura europeia. Nacionalismo, ufanismo.
  4. O autor poderia ficar livre para criar suas obras, dando ênfase à expressão, sem preocupação com a estrutura do verso, da frase ou do texto. Liberdade formal. 
  5. O espírito de brasilidade deveria prevalecer, logo os autores se inspiravam nas raízes pré-coloniais, utilizando palavras da cultura indígena e do regionalismo brasileiro para a criação de uma linguagem com a feição nacional. Nacionalismo.
  6. A literatura romântilca evidencia a fé, como meio de mostrar austeridade e espiritualidade, expressando aspectos da divindade no ambiente natural. Religiosidade.
  7. A figura do índio era fonte de inspiração na criação literária romântica brasileira. Ele foi tomado como herói nacional (bom selvagem), símbolo de patriotismo e brasilidade. Indianismo.
  8. Pertencem a essa geração poética do romantismo autores que utilizavam em suas criações literárias temas como a morte, a dor, a solidão, o sofrimento pelos amores impossíveis e outros. Essa geração é também denominada byroniana e ultrarromântica. Mal do século
  9. A realidade era vista de forma pessoal e superficial, logo era idealizada, imaginada. O autor partia de seus sonhos e desejos para pintar a realidade, conforme o mundo da subjetividade e das fantasias. Idealização da realidade.
  10. Os artistas, no período romântico, fugiam da opressão gerada pela revolução industrial. Eles não podiam criticar abertamente a burguesia, pois eram os burgueses mercenários de sua literatura. Logo evadiam para o mundo da fantasia, fugindo da realidade. Assim, o escapismo compreendia a fuga no tempo, no sonho, na imaginação, na loucura, no espaço e na morte. Escapismo.
  11. Os elementos do ambiente natural, cultuados pelos índios, eram observados como algo divino e puro, por isso eram valorizados e compunham o cenário e a temática do idealismo romântico que apareciam com liberdade e criatividade nas obras dos autores. Culto à natureza
  12. A figura feminina era concebida como um ser especial, sobrenatural, intocável. A mulher era retratada como o ser puro, angelical fonte de toda a inspiração dos autores românticos. Idealização da mulher.
  13. 1ª geração - nacionalista, indianista e religiosa; 2ª geração (Mal do Século, Ultrarromântica. byroniana): Culto da dor, da solidão,das trevas e da morte; 3ª geração (condoreira): engajamento nas causas sociais, abolicionistas. As gerações românticas.
  14. José de Alencar, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Castro Alves. Autores destaques.

Literatura brasileira - Arcadismo


5) Arcadismo Brasileiro (século XVIII)

Contexto

O arcadismo brasileiro foi uma escola literária que se realizou basicamente em terras mineiras. Com a descoberta do ouro, o foco econômico do país se deslocou do nordeste para Minas Gerais. A base da economia brasileira deixou de ser o cultivo da cana-de-açúcar e passou a ser a extração mineral.
Os principais representantes do arcadismo brasileiro participaram ativamente dos grandes acontecimentos das minas de então. Influenciados pelo pensamento liberal europeu, o Iluminismo, os intelectuais mineiros de Vila Rica se organizaram em torno dos ideais de Liberdade. O lema, “Liberdade ainda que tardia”, estava presente nas ações de todos que lutavam por uma nação independente e por uma profunda mudança social, política e econômica da Colônia.
Vila Rica se agitou com a intensa exploração do ouro que, por conseqüência, promovia a exploração humana e do país. As injustiças decorrentes da ambição dos colonizadores portugueses, dos traficantes e donos de escravos, da tirania das autoridades portuguesas no Brasil reforçavam o sentimento nacionalista de parte da elite intelectual mineira.
Assim surge a revolta dos Inconfidentes, movimento político de resistência contra as arbitrariedades do governo português no Brasil. Dentre os articuladores da Inconfidência Mineira destacam-se seus mentores intelectuais, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. Estes dois poetas são os expoentes do arcadismo brasileiro que tem ainda como representes Alvarenga Peixoto, Basílio da Gama, Santa Rita Durão e Silva Alvarenga.
“Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa, marca o início do arcadismo brasileiro. Além desta, destacamos ainda o lirismo de “Marília de Dirceu” e a sátira de “Cartas Chilenas”, de Tomás Antônio Gonzaga, “O Uraguai” e “Caramuru”, poemas épicos de Basílio da Gama e de Frei José de Santa Rita Durão.

Características

As principais características deste estilo de época se relacionam ao próprio sentido do substantivo que o nomeia. A palavra arcadismo se origina de Arcádia, região da Grécia onde se dizia que os pastores e os poetas viviam, sob o domínio do deus Pan, em paz com a natureza com a vida e com o amor. Daí a preferência pelos temas ligados à natureza, ao campo e à vida simples.
Enfim, o Arcadismo representou e representa a busca da simplicidade e do equilíbrio. Para isso, valorizava a convivência saudável com a natureza, buscava a harmonia em ambientes bucólicos, utilizava uma linguagem comedida em oposição aos exageros do Barroco. Segundo os ideais clássicos e de liberdade dos árcades, a fuga na natureza, convivência com o bucolismo, era a melhor saída para uma vida plena, feliz, simples e equilibrada.

Lieratura brasileira - Barroco


4) Barroco Brasileiro (século XVII)

  Contexto
            Somente podemos falar em literatura brasileira a partir dos anos 1600, quando começa a surgir uma literatura feita no Brasil, sobre o Brasil e para os brasileiros. Enquanto a nobreza perdia espaço em Portugal, com o fortalecimento da burguesia, o Barroco brasileiro se desenvolveu, no período em que se consolidava a aristocracia nacional. A base da economia nacional era a cana-de-açúcar, cuja exploração era também cobiçada por holandeses e franceses que acabaram invadindo o país, mexendo com a vida da sociedade brasileira, ainda fragilizada no processo de consolidação social.
            O início do Barroco no Brasil se deu com a publicação do poema épico, Prosopopéia, de Bento Teixeira. O surgimento de uma poesia com características brasileiras ocorreu na 2ª fase, com a participação do grupo baiano, constituído por Gregório de Matos Guerra, Eusébio de Matos, Domingos Barbosa e outros. Destes, Gregório de Matos merece maior destaque por ter escrito poemas líricos, satíricos e religiosos. Foi como poeta satírico que ganhou notoriedade, criticando, em seus poemas, os costumes sociais da época, o clero e os colonizadores. Na 3ª fase, aparecem algumas academias literárias e os autores Manuel Botelho de Oliveira, Frei Manuel de Santa Maria Itaparica, entre outros, também importantes nesse processo de afirmação da Literatura Brasileira.
            O jesuíta português, Padre Antônio Vieira, teve também importante participação no Barroco Brasileiro. Atuou ativamente na busca de soluções para os problemas sociais da época, no Brasil. Notável intelectual, exímio orador sacro, deixou sua marca indelével na estética barroca tanto no Brasil como em Portugal. Ele e Gregório de Matos são os dois expoentes desta escola literária baiana que tão bem representa a literatura do Brasil daquela época.

Características

            As principais características são o cultismo e o conceptismo. O primeiro pode ser observado pela linguagem cheia de ornatos, enfeites, obscura, com inversões sintáticas, pelas metáforas excessivas e exageradas, pelo vocabulário sofisticado, pouco comum e pela presença de trocadilhos, de figuras como hipérbato, hipérbole e antítese. O segundo se caracteriza pela preocupação com o desenvolvimento lógico das idéias, com o uso de uma linguagem explicativa, reinterativa, e valorização mais do pensamento que da forma. A linguagem extravagante, carregada de metáforas (dizer uma coisa com outras palavras), paradoxos (contradições lógicas) e antíteses (idéias opostas) revelam os conflitos entre e alma e corpo, espírito e matéria, enfim, o dualismo entre o cristianismo e o paganismo. 

Literatura brasileira - Quinhentismo


3) Origens da literatura brasileira (século XVI)
  
Com a chegada dos portugueses ao Brasil, no ano de 1500 d.C., surgiram as primeiras manifestações literárias em terras brasileiras. Nesse período, não se pode dizer em literatura brasileira, pois os textos eram escritos pelos cronistas europeus, num primeiro momento, depois, pelos jesuítas. No primeiro caso, a finalidade era informar à Coroa portuguesa sobre o Brasil, sua fauna e flora e sobre o homem brasileiro. Essa literatura de informação sobre a realidade do país tupiniquim recém-descoberto prevaleceu na primeira metade do século XVI, até a chegada dos jesuítas em 1548. A partir de então surge a literatura de catequese praticada pelos missionários portugueses, com finalidade religiosa e pedagógica. Era preciso ensinar o idioma português aos índios e incuti-lhes os valores religiosos.
Merecem destaques, na literatura do Quinhentismo brasileiro, os seguintes autores e obras: A Carta a El-Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha; Diário de Navegação, de Pero Lopes de Sousa; Tratado da Terra do Brasil, de Pero Magalhães Gândavo; Narrativa epistolar e tratados da Terra e da Gente do Brasil, do jesuíta Fernão Cardim; Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa ;História do Brasil, de Frei Vicente de Salvador; Cartas dos missionários jesuítas enviadas à Europa.

Literatura - Humanismo e Classicismo


Humanismo (século XV)

Contexto

O século XV foi o período de transição entre as idéias teocentristas da era medieval e as idéias antropocentristas do Renascimento. Essa transição coincide com a expansão marítima portuguesa e início do mercantilismo europeu. Foi uma época importante para o desenvolvimento comercial e material, para ampliação do conhecimento do mundo e dos costumes de outros povos por meio das grandes navegações. Nesse período, desenvolveram-se a historiografia, com Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurra e Rui de Pina, a poesia palaciana, com João Ruiz de Castelo Branco e o teatro, com o criador do teatro popular português, Gil Vicente, cujas obras principais são "Monólogo do Vaqueiro", ou  "Auto da Visitação" (1502), "Auto da Barca do Inferno" (1517), "Auto da Barca do Purgatório" (1518), "Auto da Barca da Glória" (1519), "Farsa de Inês Pereira" (1523) e "O Velho da Horta" (1512).
A obra de Gil Vicente reflete a passagem da Idade Média para o Renascimento, época em que as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis. Era o início da subversão da ordem instituída, que colocava em xeque o poder da aristocracia portuguesa e marcava o início da ascensão da burguesia. Gil Vicente foi o principal representante da literatura lusitana, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita e influenciando a cultura popular de Portugal.

Características


Classicismo (século XVI)

Contexto

No século XVI, dentro do movimento renascentista, surge, na Europa, o Classicismo, corroborando as idéias humanistas de valorização e autoafirmação do homem. De certa forma, foi o resgate dos ideais da antiguidade clássica e assimilação da cultura Greco-latina. Foi um período de turbulência religiosa, marcado pelas idéias reformista, de Martinho Lutero, que provocaram a cisão da igreja, originando o protestantismo. Curioso é que ao mesmo tempo em que o renascimento procurava valorizar a razão humana, a igreja criava o tribunal da inquisição para julgar e condenar aqueles que discordavam da sua orientação religiosa.
Figuram como principais autores do classicismo português Sá de Miranda, João de Barros, Bernadim Ribeiro, Antônio Ferreira, Fernão Mendes Pinto, Fernão Cadim e Luiz Vaz de Camões, o mais importante de todos. Camões se destacou como autor lírico e épico, sendo sua obra mais conhecida, Os Lusíadas.

Características

Literatura - Trovadorismo


Trovadorismo (século XII ao XIV)

Contexto

A literatura na língua portuguesa surge em Portugal, no século XII. Os primeiros estilos foram o trovadorismo (século XII, XIII e XIV), o humanismo (século XV) e o classicismo (renascimento – século XVI). O primeiro foi marcado pela presença da poesia trovadoresca, que era cantada ao som do instrumento musical. Era uma literatura de qualidade discutível, com características lingüísticas próximas da oralidade, que apresentava uma visão teocêntrica do mundo e trazia a mulher como fonte de lirismo. Havia dois tipos de cantigas, as líricas e as satíricas. Tanto estas como aquelas poderiam ser de dois tipos, sendo as primeiras de amigo e de amor e as últimas de escárnio e de maldizer.

Características das cantigas

Nas cantigas de amigo, o trovador interpretava os sentimentos femininos, como se fosse uma mulher fazendo uma confissão amorosa à mãe, à amiga, ou aos elementos da natureza. A mulher se queixava pela ausência do namorado (amigo). A canção apresentava estrutura simples com poucas variações de versos. Já as cantigas de amor revelavam o sentimento do trovador por uma dama que lhe era indiferente, por ser comprometida, ou por pertencer a uma classe social elevada, diferente da sua. Prevalece, nessa cantiga, o caráter idealista do amor, também conhecido como amor platônico.
As cantigas satíricas, de escárnio e de maldizer, fazem uma crítica contra alguém ou alguma coisa, procurando ridicularizar pessoas, organizações, ou costumes sociais. A diferença entre uma e outra é que, na primeira, faz-se uma sátira indireta que se observa nas entrelinhas, enquanto, na segunda, utiliza-se uma linguagem agressiva, com expressões grosseiras, com a intenção de denegrir a imagem, ou diminuir a importância do ser, dos costumes, ou dos hábitos sociais, objeto da sátira.

Literatura - Gêneros literários


Nossa viagem pelos estudos literários parte do século V a.C. com os filósofos gregos Platão e Aristóteles. Inicialmente, Platão apresentou uma definição literária restrita, dividindo a poesia em três partes, épica, mimética e dramática, uma relacionada ao aspecto narrativo, outra aos recursos visuais e outra à representatividade. Podemos compreender essa definição platônica, quando recitamos uma poesia, pois este exercício nos leva a expressão do sentido da mensagem, que exprime uma força emotiva, realçada com a combinação dos gestos e das expressões indispensáveis à arte da representação de todo e qualquer texto.
Aristóteles, por sua vez, procurou ampliar a definição, já que, na sua concepção, os estudos literários não se restringiam à poesia. Assim qualquer tentativa de conceituação deveria levar em conta as outras espécies literárias. Para ele, as obras de arte em literatura poderiam ser agrupadas em dois gêneros, o épico e o dramático. No primeiro estariam as obras narrativas, caso das epopéias, e no segundo, as representativas, caso das tragédias, comédias e outras em que personagens, em cena, vivenciassem, naquele contexto, a tensão entre o homem e os problemas do mundo.
Essa conceituação permaneceu até a era cristã, quando o poeta latino, Horácio, nos anos 60 d.C., acrescentou o gênero lírico à teoria aristotélica, entendo que as obras de conteúdo sentimental, intimista, não estavam contempladas. De lá para cá, como pressuposto metodológico, o agrupamento das obras literárias, pelas suas características análogas ou semelhantes nos gêneros épico, lírico, ou dramático é o que prevalece.
A título de ilustração, salientamos que pertencem, dentre outros, ao gênero épico a epopéia, o romance, o conto, a crônica, a novela, a fábula; ao lírico pertencem a ode (poesia de exaltação, alegre), a elegia (poema de tom terno e triste), o idílio (poema pequeno de qualquer natureza), as canções, o acalanto, balada (ritmo lento), acróstico (a 1ª letra formando  nome, palavra ou frase) e soneto, a espécie mais importante em toda história poética da humanidade. E como exemplo do gênero dramático, citamos a tragédia, a comédia, a tragicomédia (drama), o auto (representação teatral de um ato) e a farsa (humor a partir das situações do cotidiano).

sábado, 6 de novembro de 2010

Conceitos de literatura

São três as principais dificuldades que enfrentamos ao elaborarmos um conceito de literatura. A primeira diz respeito à época; a segunda, ao tipo de sociedade; e a terceira, às classes sociais. Logo a elaboração de tais conceitos deve levar em conta toda essa diversidade que interfere na nossa compreensão do universo literário.
            De um período para outro, o conceito de literatura se modifica. No século XVI, período do Renascimento nas artes, de um modo geral, a palavra Literatura não apresentava a mesma acepção que no Romantismo, século XVIII. Nas sociedades desenvolvidas, o significado de Literatura pode ser diferente das sociedades de terceiro mundo. O sentido de Literatura pode variar ainda, conforme sua prática nas diferentes camadas sociais de uma mesma sociedade.  Seu conceito, portanto, se modifica em função das variantes socioculturais, do contexto, ou da situação em que ocorre.
            A literatura é uma manifestação artística como outra qualquer. A arte da música se manifesta através do som; a do teatro, através dos gestos; da pintura, através de cores; da escultura, por meio de formas; da dança, através do ritmo; do cinema, por meio de movimentos; e a da literatura, através das letras. Daí a razão de concebermos a literatura como arte da expressão dos sentimentos e desejos por meio de palavras que denotam impressões subjetivas, sensíveis e sensitivas.
            A literatura, arte literária, pode ser criada em prosa ou em versos. Em prosa, quando o texto apresenta uma formatação, ocupando normalmente a folha de papel. O texto em versos é aquele que tem uma disposição especial na folha de papel, explorando rima, métrica, estrofe e outros recursos como aliteração, assonância, figuras e imagens próprias do estilo literário. Assim, a literatura se reveste de muita sutileza decorrente dos efeitos de sentido que permeiam a mensagem.
            Se indagarmos a diferentes pessoas sobre o que significa literatura, vamos encontrar diversas respostas. Uns dirão que literatura é a arte de representar ou de recriar a realidade do mundo; outros, a arte da palavra; outros, ainda, o modo especial de cada um exprimir sentimentos através da subjetividade da mensagem.
Deixando de lado as dificuldades que interferem na sua conceituação, simplificamos dizendo que Literatura é a arte de compor trabalhos em prosa ou em versos, seja através da linguagem oral ou escrita. Nesse sentido, nem tudo que se diz ou se escreve é literatura. Somente há literatura, quando ocorre uma elaboração estética da linguagem. Além disso, é preciso conferir um caráter ficcional ao texto. Ou seja: é preciso haver uma recriação da realidade, com sugestividade e verossimilhança. Literatura é, pois, uma representação da realidade, sem ser realidade.

A literatura no vestibular

Muitos candidatos ao depararem com as obras literárias indicadas para os vestibulares ficam sem saber por onde começar seus estudos. Um amontoado de idéias surge e junto com elas as dúvidas para dificultar mais ainda a vida daqueles que buscam um bom aproveitamento nas questões sobre a literatura do vestibular.

De início, o aluno pensa que um bom exercício de concentração para se compreender bem o enredo da história ou os detalhes dos personagens basta para a realização de uma boa prova. No entanto, as expectativas das instituições de ensino superior vão muito além desta análise preliminar que representa o ponto de chegada da maioria dos candidatos.

Outros candidatos pensam que pesquisar sobre a vida do autor e sobre o movimento literário em que ele se insere já lhe garante uma boa nota. Mas não é bem assim: mais importante é compreender a construção e a linguagem da obra, parâmetro de comparações e/ou analogias com outras situações ou realidades. Tendo esse preparo, o candidato terá condições de entender a perspectiva a partir da qual o narrador e personagem observam o mundo da ficção e da realidade.

É fundamental que os vestibulandos façam relações das obras com outras disciplinas, com outras épocas e outras obras, buscando as interfaces possíveis, pois a interdisciplinaridade e a intertextualidade são recursos importantes que permitem aos examinadores analisarem a fundo o conhecimento de cada aluno. Além disso, o conhecimento do contexto da obra e dos personagens, a atenção aos assuntos da atualidade, aos movimentos sociais e culturais, às políticas públicas do país são ingredientes indispensáveis ao estudo das obras dos vestibulares, já que permitem associações, comparações e relações diversas.

O aluno atento a essas coisas terá condições de perceber a forma como o autor desenvolve sua obra. A percepção da visão do autor permite ao aluno ampliar a experiência de mundo que possui. Justamente por isso, a literatura se torna imprescindível a todos os candidatos, independente do curso escolhido, já que se espera que eles sejam capazes de absorver tal conhecimento como uma experiência diferente daquelas que vivenciam cotidianamente.

Outros pontos que os alunos devem observar são o foco narrativo e a estrutura da obra, pois a partir destes é possível captar o espaço, o momento e o modo como narrador e personagens lançam o olhar sobre o mundo. Por esse olhar, é possível perceber, por meio da descrição do espaço, dos objetos e das atitudes dos personagens, se o lugar retratado reflete uma ideologia revolucionária, conservadora ou preconceituosa.

O aluno desenvolvendo essas habilidades terá dado um passo importante em busca de seu sucesso nas questões sobre os livros do vestibular. Mas é preciso também conhecer as escolas literárias, as concepções de arte, de literatura, as características e o contexto histórico-social de cada uma. Só a partir desse conhecimento, o aluno compreenderá o movimento literário em que o autor se encaixa para proceder às devidas associações entre obras do mesmo período ou de épocas diferentes.

A análise das obras dos vestibulares passa por todos esses caminhos que levam à compreensão da sociedade a que elas se referem, principalmente pelas ações dos personagens nelas constituídos. Por isso é muito importante captar a visão do autor, prestar atenção no ponto de vista do narrador, nas atitudes dos personagens e na construção da linguagem. Cada época, cada autor, cada estilo têm suas peculiaridades que revelam o essencial, aquilo que o aluno deve aprender para alcançar o êxito desejado em seus exames.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Conto, novela e romance

Caros alunos! A síntese abaixo vai ajudar vocês nos estudos sobre o conto, a novela e o romance.
Um abraço a todos!


Conto

  1. O conto é uma narrativa curta, que dá o seu recado em reduzido número de páginas ou linhas.
  2. Apresenta como sua maior qualidade os fatores concisão e brevidade.
  3. O Conto é de uma narrativa unívoca, univalente. Constitui uma unidade dramática, uma célula dramática.
  4. Portanto, contém um só conflito, um só drama, uma só ação.
  5. Todos os ingredientes do conto levam a um mesmo objetivo, convergem para o mesmo ponto.
  6. O conto exige que todos os seus componentes estejam numa única direção e ao redor de um só drama, um só conflito.

Características do conto

  1. Unidade de ação, de tempo e de espaço.
  2. O lugar geográfico, por onde as personagens circulam , é sempre de âmbito restrito.
  3. Os acontecimentos narrados no conto podem dar-se em pouco tempo: já que não interessam o passado e o futuro, as coisas se passam em horas, ou dias.
  4. Se a narrativa leva anos, esse longo tempo referido aparece na forma de síntese dramática, pois esta envolve, habitualmente, o passado da personagem.
  5. O conto é objetivo, atual, vai diretamente ao ponto, sem deter-se em pormenores secundários.
  6. A objetividade se direciona para as três unidades: de ação, lugar e tempo.
  7. Poucas personagens intervém no conto, como decorrência natural das características apontadas: as unidades de ação, tempo e espaço.
  8. O conto apresenta a ação de mais de uma personagem: ainda que uma só apareça, outra figura atua, na formulação do conflito de que nasce a história.

A linguagem do conto

  1. A linguagem do conto também deve ser objetiva, plástica e utilizar metáforas de curto espectro, de imediata compreensão para o leitor.
  2. O conto é narrado em linguagem direta, concreta, objetiva.
  3. O conto por ser eminentemente dramático, deve ser, tanto quanto possível dialogado.
  4. O conto, pela sua brevidade e concisão, é a narrativa mais eficaz de comunicação, que revela facilmente a intenção nuclear do autor.

Novela

  1. Novela: «Do it. “novella”, do lat. “nova”, novidade. Termo que designa, na generalidade, um relato ficcional, de dimensão média, entre o conto e o romance.
  2. Apresenta intriga menos complexa que o romance.
  3. Apresenta uma estratégia narrativa e discursiva mais directa, com poucos ou nenhuns episódios dispersivos e autônomos (encaixe).
  4. Apresenta maior vivacidade rítmica e sintáctica (mais elipses, menos cenas).
    apresenta menos estudo psicológico das personagens, intenção mais explícita do autor.

Romance

  1. Romance: «Do lat. “romanice”, à maneira de Roma, pelo fr. “roman” e ingl. “romance”.
  2. Designação da forma poética da tradição popular, que canta feitos épicos, em medida velha (versos heptassilábicos), geralmente em rima assonante, como forma mais extensa do relato ficcional.

Diferença da novela:

  1. Maior complexidade e variedade da técnica narrativa;
  2. Maior profundidade do estudo psicológico das personagens;
  3. Maior lentidão do ritmo narrativo (cenas, episódios);
  4. Encaixe de episódios autônomos e dispersivos;
  5. Reflexão filosófico-cultural imprimida pelo narrador, como instância privilegiada do autor.»
  6. Pluralidade de ação, tempo e espaço;
  7. Presença de vários personagens compondo a história.

Romance e novela

  1. A diferença entre romance e novela não é clara.
  2. No romance há um paralelo de várias ações.
  3. Na novela há uma concatenação de ações individualizadas.
  4. No romance uma personagem pode surgir em meio a história e desaparecer depois de cumprir sua função.
  5. Outra distinção importante é que no romance o final é um enfraquecimento de uma combinação e ligação de elementos heterogêneos, não o clímax.

Romance, novela e conto

  1. A novela apresenta uma maior economia de recursos narrativos.
  2. O conto apresenta um maior desenvolvimento de enredo e personagens.
  3. A novela é uma narrativa de extensão média na qual toda a ação acompanha a trajetória de um único personagem.
  4. O romance, em geral, apresenta diversas tramas e linhas narrativas.
  5. A novela apresenta uma maior economia de recursos narrativos.
  6. O conto apresenta um maior desenvolvimento de enredo e personagens.
  7. A novela é uma narrativa de extensão média na qual toda a ação acompanha a trajetória de um único personagem.
  8. O romance, em geral, apresenta diversas tramas e linhas narrativas.
  9. O romance possui um núcleo principal, não apenas um núcleo.
  10. Outras tramas vão se desenrolando ao longo do tempo em que a trama principal acontece.
  11. O Romance se subdivide em diversos outros tipos: Romance policial, Romance romântico, etc.
  12. É um texto longo, tanto na quantidade de acontecimentos narrados quanto no tempo em que se desenrola o enredo.
  13. A novela é uma narrativa menos longa que o Romance, possui apenas um núcleo, a narrativa acompanha a trajetória de apenas uma personagem.
  14. A novela utiliza de menos recursos narrativos que o romance e apresenta uma quantidade maior de personagens e maior extensão que o conto.
  15. O conto é uma narrativa curta, que ocorre em tempo reduzido, com a participação de poucas personagens.
  16. As personagens, no conto só existem em função de um núcleo, uma ação, um só drama, um só conflito, uma "célula dramática".
  17. Uma célula dramática contém uma só ação, uma só história.
  18. O conto é o relato de uma situação que pode acontecer na vida das personagens, porém não é comum que ocorra com todo mundo.
  19. Pode ter um caráter real ou fantástico e o tempo pode ser cronológico ou psicológico.

Observações

  1. A telenovela é um tipo diferente de narrativa que advém dos folhetins, que em um passado não muito distante eram publicados em jornais.
  2. O Romance provém da história, das narrativas de viagem, é herdeiro da epopéia.
  3. A novela, por sua vez, provém de um conto, de uma anedota, e tudo nela se encaminha para a conclusão.
  4. No conto, o passado e o futuro são irrelevantes para o contexto do drama, objeto do conto.
  5. Nele, o espaço da ação é restrito; a ação não muda de lugar e quando eventualmente muda, perde dramaticidade.
  6. Um conto é um relâmpago na vida dos personagens.
  7. O objetivo do conto é proporcionar uma impressão única no leitor.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Pré-modernismo/Modernismo

Queridos alunos!
Segue a síntese dos estudos sobre o Pré-modernismo e Modernismo, para a orientação de seus estudos.
Um abraço!


Pré-modernismo

Contexto histórico (até 1920)

 A primeira guerra mundial.
 Revolução russa.
 Revolta da vacina e revolta da chibata no Rio.
 Greves operárias em São Paulo.
 Agitações sociais, transformações sociais (urbanização, vinda de imigrantes, marginalização de antigos escravos.
 Política do café com leite.

Características

 Crítica à sociedade brasileira.
 Literatura problematizadora.
 Rompimento com o passado. Interesse pelos marginalizados.
 Redescoberta do interior, sem ufanismo
 Nacionalismo.

Principais autores

 Euclides da Cunha, Graça Aranha, Lima Barreto, Monteiro Lobato, Coelho Neto, Afonso Arinos, Simões Lopes Neto, Afrânio Peixoto, Farias Brito, Nestor Victor.

Modernismo (Século XX)

Contexto histórico

 Profundas mudanças na sociedade européia: progresso tecnológico, disputas das grandes potências por mercados, movimentos nacionalistas. Primeira Guerra Mundial (1914), Estado Novo (1937),Segunda Guerra Mundial (1939).
 Semana de Arte Moderna (1922).
 Surgimento das correntes de vanguarda (futurismo, Cubismo, Dadaísmo, Expressionismo, Surrealismo) que defendiam a liberdade artística, interpretação pessoal da realidade, rebeldia, ilogicidade, busca de novas formas de expressão.

Características

 Valorização das coisas simples e da linguagem do cotidiano.
 Ausência de rimas convencionais.
 Interesse pelo homem comum, pela ordem social.
 Ausência de pontuação convencional.
 Valorização do homem integral (espírito e matéria).
 Valorização dos espaços vazios na obra de arte.
 Pesquisa de novos meios de expressão.
 Integração do homem à civilização.
 Luta contra o tradicionalismo.
 Originalidade, liberação da imaginação, uso do verso livre.
 Espírito nacionalista e abordagem de temas do cotidiano.

Principais autores – primeira fase: de 1922 a 1930

 Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida, Cassiano Ricardo, Plínio Salgado.

Principais autores – segunda fase: de 1930 a 1945

 Carlos Drumond de Andrade, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Cecília Meireles, Vinícius de Morais, José Américo de Almeida, Jorge Amado, Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Érico Veríssimo, Cassiano Ricardo.

Principais autores – terceira fase: pós 1945

 João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Décio Pignatari e outros.

Novas tendências – características

 Análise psicológica dos personagens, o realismo fantástico, o imaginário, o humor, a crítica social e humana, a poesia concreta.

Principais autores

 Lygia Fagundes Telles, Autran Dourado, Osman Lins, Mário Palmério, Josué Montelo, Fernando Sabino, Luís Fernando Veríssimo, Paulo Mendes Campos, Dalton Trevisan, Mario Prata, João UbaldoRibeiro, Affonso Romano de Sant’Ana, Thiago de Mello, Haroldo e Augusto de Campos.

A arte literária dos tempos modernos

Os modernistas preconizam a liberdade de expressão, exploram o poder sugestivo das palavras, defendem a libertação do idioma para uma produção literária sem o rigor das convenções clássicas. Eles procuram seguir as ideias anunciadas e defendidas pelos expoentes da primeira fase moderna, Mário e Oswald de Andrade. Na poesia, uma das principais inovações dos modernistas foi a instituição do verso livre, acentuando a libertação do ritmo, mostrando que este não depende de uma metrificação rígida.
Depois da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, que debateu profundamente as novas diretrizes para a implantação de um projeto artístico nacional, baseado nas inovações das vanguardas européias, surgiu uma geração de poetas e romancistas que contribuíram sobremaneira para o fortalecimento e afirmação definitiva da literatura brasileira do século XX.

Mário de Andrade e Oswald de Andrade e os demais modernistas da primeira fase desbravaram as trilhas literárias para que as novas gerações de escritores pudessem avançar, à margem das exigências acadêmicas, preocupando-se única e exclusivamente com os novos pressupostos das correntes de vanguarda e com a realidade brasileira.

Assim, na década de 30, surgiram escritores importantes como Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado e Raquel de Queiroz, que abordaram, em suas obras, temas relacionados aos problemas sociais dos lugares mais pobres do país, praticando sempre uma linguagem simples e carregada de matizes regionais.

Dentre os poetas da geração de 30, destacam-se: Carlos Drummond de Andrade, sendo que o seu poema "No meio do caminho", representa e exemplifica o rompimento total com as tendências literárias do passado; Cecília Meireles, com sua doce sensibilidade, exprimindo os nobres sentimentos humanos, especialmente os femininos; Vinicius de Moraes, com o encantamento de seu romantismo poético; e Jorge de Lima, com sua expressão moderna revelando os matizes da influência parnasiana e religiosa.

O modernismo pela sua diversidade estética representa a síntese da riqueza cultural, política e social por que passou o mundo, a partir da segunda metade do século XIX até os dias atuais. As transformações tecnológicas contribuíram decisivamente para a mudança do olhar humano sobre a realidade.

Com o surgimento do automóvel, do avião, com a invenção e evolução do cinema e com os avanços científicos do final de século XIX e início do XX, surgiram as manifestações artísticas influenciadas pelos movimentos de vanguarda vindos da Europa. Estas correntes vanguardistas, conhecidas como Impressionismo, Expressionismo, Futurismo, Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo, no conjunto, formam toda a beleza, a diversidade e a complexidade da arte literária dos tempos modernos.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Literatura -conceitos

Caros alunos!
A discussão a respeito dos conceitos de literatura apresenta algumas dificuldades. No texto seguinte, abordo o assunto para que vocês possam aprofundar suas reflexões sobre ele. Bons estudos!

Conceitos de literatura


São três as principais dificuldades que enfrentamos ao elaborarmos um conceito de literatura. A primeira diz respeito à época; a segunda, ao tipo de sociedade; e a terceira, às classes sociais.

De um período para outro, o conceito de literatura se modifica. No século XVI, período do Renascimento nas artes, de um modo geral, a palavra Literatura não apresenta a mesma acepção que no Romantismo, século XVIII. Nas sociedades desenvolvidas, o significado de literatura pode ser diferente das sociedades de terceiro mundo. O sentido de literatura pode variar ainda, conforme sua prática nas diferentes camadas sociais de uma mesma sociedade. Seu conceito, portanto, se modifica em função dessas e outras variantes do contexto, ou da situação em que ocorre.

A literatura é uma manifestação artística como outra qualquer. A arte da música se manifesta através do som; a do teatro, através dos gestos; da pintura, através de cores; da escultura, por meio de formas; da dança, através do ritmo; do cinema, por meio de movimentos; e a da literatura, através das letras. Daí a razão de concebermos a literatura como arte de jogar com as palavras para a produção de efeitos de sentido especiais na linguagem.

A literatura, arte literária, pode ser criada em prosa ou em versos. Em prosa, quando o texto apresenta uma formatação, ocupando normalmente a folha de papel, respeitando apenas o espaçamento das margens esquerda e direita. O texto em versos é aquele que tem uma disposição especial na folha de papel, explorando rima, métrica, estrofe e outros recursos como aliteração, assonância, figuras e imagens próprias do estilo literário. Assim, a literatura se reveste de muita sugestividade decorrente dos efeitos de sentido que permeiam a mensagem.

Se indagarmos a diferentes pessoas sobre o que significa literatura, vamos encontrar diversas respostas. Uns dirão que literatura é a arte de representar ou de recriar a realidade do mundo; outros, a arte da palavra; outros, ainda, o modo especial de cada um exprimir sentimentos através da subjetividade da mensagem.

Simplificando, podemos dizer que literatura é a arte de compor trabalhos em prosa ou em versos, por meio da linguagem oral ou escrita. Nesse sentido, nem tudo que se diz ou se escreve é literatura. Somente há literatura, quando ocorre uma elaboração estética da linguagem. Além disso, é preciso conferir um caráter ficcional ao texto. Ou seja: é preciso haver uma recriação da realidade, com sugestividade e verossimilhança. Literatura é, pois, uma representação da realidade, sem ser realidade.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Escolas literárias brasileiras

Queridos alunos, segue uma síntese dos estudos literários. Fiquem atentos, pois é muito importante para o êxito nos exames diversos e nos concursos vestibulares. Um abraço do professor Doniseti.

1) Origens da literatura brasileira (século XVI)
Com a chegada dos portugueses ao Brasil, no ano de 1500 d.C., surgiram as primeiras manifestações literárias em terras brasileiras. Considerando  esse período, não é correto falar em literatura brasileira, pois os textos foram escritos pelos cronistas europeus, num primeiro momento, depois, pelos jesuítas. No primeiro caso, a finalidade era informar à Coroa portuguesa sobre o Brasil, sua fauna e flora e sobre o homem brasileiro.
Essa literatura de informação sobre a realidade do país tupiniquim recém-descoberto prevaleceu na primeira metade do século XVI, até a chegada dos jesuítas em 1548. A partir de então surge a literatura de catequese praticada pelos missionários portugueses, com finalidade religiosa e pedagógica. Era preciso ensinar o idioma português aos índios e incuti-lhes os valores religiosos, a fim de que eles pudessem ser usados nos trabalhos de colonização do país.
Merecem destaques, na literatura do Quinhentismo brasileiro, os seguintes autores e obras: A Carta a El-Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha; Diário de Navegação, de Pero Lopes de Sousa; Tratado da Terra do Brasil, de Pero Magalhães Gândavo; Narrativa epistolar e tratados da Terra e da Gente do Brasil, do jesuíta Fernão Cardim; Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa; História do Brasil, de Frei Vicente de Salvador; Cartas dos missionários jesuítas enviadas à Europa.

2) Barroco Brasileiro (século XVII)
Somente podemos falar em literatura brasileira a partir dos anos 1600, quando começa a surgir uma literatura feita no Brasil, sobre o Brasil e para os brasileiros. Enquanto a nobreza perdia espaço em Portugal, com o fortalecimento da burguesia, o Barroco brasileiro se desenvolveu, no período em que se consolidava a aristocracia nacional. A base da economia nacional, a cana-de-açúcar, cuja exploração era também cobiçada por holandeses e franceses, que acabaram invadindo o país, mexia com a vida da sociedade brasileira, ainda fragilizada no processo de consolidação social.
O início do Barroco no Brasil se deu com a publicação do poema épico, Prosopopéia, de Bento Teixeira Pinto. O surgimento de uma poesia com características brasileiras ocorreu na 2ª fase, com a participação do grupo baiano, constituído por Gregório de Matos Guerra, Eusébio de Matos, Domingos Barbosa e outros. Destes, Gregório de Matos merece maior destaque por ter escrito poemas líricos, satíricos e religiosos. Foi como poeta satírico, criticando, em seus poemas, os costumes sociais da época, o clero e os colonizadores,  que ganhou notoriedade. Na 3ª fase, apareceram algumas academias literárias e os autores Manuel Botelho de Oliveira, Frei Manuel de Santa Maria Itaparica, entre outros, também importantes nesse processo de afirmação da Literatura Brasileira.
O jesuíta português, Padre Antônio Vieira, teve também importante participação no Barroco Brasileiro. Atuou ativamente na busca de soluções para os problemas sociais da época, no Brasil. Notável intelectual, exímio orador sacro, deixou sua marca indelével na estética barroca tanto no Brasil como em Portugal. Ele e Gregório de Matos são os dois expoentes desta escola literária baiana que tão bem representa a literatura do Brasil daquela época.
O cultismo e o conceptismo são as principais características do Barroco. O primeiro pode ser observado pela linguagem obscura, cheia de ornatos, de enfeites, com inversões sintáticas, pelas metáforas excessivas e exageradas, pelo vocabulário sofisticado, pouco comum e pela presença de trocadilhos, de figuras como hipérbato, hipérbole e antítese. O segundo se caracteriza pela preocupação com o desenvolvimento lógico das idéias, com o uso de uma linguagem explicativa, reinterativa, e valorização mais do pensamento que da forma. A linguagem extravagante, carregada de metáforas (dizer uma coisa com outras palavras), paradoxos (contradições lógicas) e antíteses (idéias opostas) revelam os conflitos entre e alma e corpo, espírito e matéria, enfim, o dualismo entre o cristianismo e o paganismo.

3) Arcadismo Brasileiro (século XVIII)
O arcadismo brasileiro foi uma escola literária que se realizou basicamente em terras mineiras. Com a descoberta do ouro, o foco econômico do país se deslocou do nordeste para Minas Gerais. A base da economia brasileira deixou de ser o cultivo da cana-de-açúcar e passou a ser a extração mineral.
Os principais representantes do arcadismo brasileiro participaram ativamente dos grandes acontecimentos das minas de então. Influenciados pelo pensamento liberal europeu, o Iluminismo, os intelectuais mineiros de Vila Rica se organizaram em torno dos ideais de Liberdade. O lema, “Liberdade ainda que tardia”, estava presente nas ações de todos que lutavam por uma nação independente e por uma profunda mudança social, política e econômica da Colônia.
Vila Rica se agitou com a intensa exploração do ouro que, por conseqüência, promoveu a exploração humana e do país. As injustiças decorrentes da ambição dos colonizadores portugueses, dos traficantes e donos de escravos, da tirania das autoridades portuguesas no Brasil reforçavam o sentimento nacionalista de parte da elite intelectual mineira.
Assim surge a revolta dos Inconfidentes, movimento político de resistência contra as arbitrariedades do governo português no Brasil. Dentre os articuladores da Inconfidência Mineira destacam-se seus mentores intelectuais, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. Estes dois poetas são os expoentes do arcadismo brasileiro que tem ainda como representes Alvarenga Peixoto, Basílio da Gama, Santa Rita Durão e Silva Alvarenga.
“Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa, marca o início do arcadismo brasileiro. Além desta, destacamos ainda o lirismo de “Marília de Dirceu” e a sátira de “Cartas Chilenas”, de Tomás Antônio Gonzaga, “O Uraguai” e “Caramuru”, poemas épicos de Basílio da Gama e de Frei José de Santa Rita Durão.
As principais características deste estilo de época se relacionam ao próprio sentido do substantivo que o nomeia. A palavra arcadismo se origina de Arcádia, região da Grécia onde se dizia que os pastores e os poetas viviam em paz com a natureza, com a vida e com o amor. Daí a preferência pelos temas ligados à natureza, ao campo e à vida simples.
Enfim, o Arcadismo representou e representa a busca da simplicidade e do equilíbrio. Para isso, valorizava a convivência saudável com a natureza, buscava a harmonia em ambientes bucólicos, utilizava uma linguagem comedida em oposição aos exageros do Barroco. Segundo os ideais clássicos e de liberdade dos árcades, a fuga na natureza, convivência com o bucolismo, era a melhor saída para uma vida plena, feliz, simples e equilibrada.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Literatura

Queridos alunos!
Abaixo segue uma pequena exposição sobre as questões aos gêneros literários, trovadorismo, humanismo e classicismo. Façam bom proveito!


LITERATURA

1) Gêneros literários

Nossa viagem pelos estudos literários parte do século V a.C. com os filósofos gregos Platão e Aristóteles. Inicialmente, Platão apresentou uma definição literária restrita, dividindo a poesia em três partes, épica, mimética e dramática, uma relacionada ao aspecto narrativo, outra aos recursos visuais e outra à representatividade.

Podemos compreender essa definição platônica, quando recitamos uma poesia, pois este exercício nos leva a expressão do sentido da mensagem, que exprime uma força emotiva, realçada com a combinação dos gestos e das expressões indispensáveis à arte da representação de todo e qualquer texto.

Aristóteles, por sua vez, procurou ampliar a definição, já que, na sua concepção, os estudos literários não se restringiam à poesia. Assim qualquer tentativa de conceituação deveria levar em conta as outras espécies literárias. Para ele, as obras de arte em literatura poderiam ser agrupadas em dois gêneros, o épico e o dramático. No primeiro estariam as obras narrativas, caso das epopéias, e no segundo, aquelas para serem encenadas, caso das tragédias, comédias e outras em que personagens, em cena, vivenciavam, naquele contexto, a tensão entre o homem e os problemas do mundo.

Essa conceituação permaneceu até a era cristã, quando o poeta latino, Horácio, nos anos 60 d.C., acrescentou o gênero lírico à teoria aristotélica, entendo que as obras de conteúdo sentimental, intimista, não estavam contempladas. De lá para cá, como pressuposto metodológico, o agrupamento das obras literárias, pelas suas características análogas ou semelhantes, nos gêneros épico, lírico, ou dramático é o que prevalece.

A título de ilustração, salientamos que pertencem, dentre outros, ao gênero épico a epopéia, o romance, o conto, a crônica, a novela, a fábula; ao lírico pertencem a ode (poesia de exaltação, alegre), a elegia (poema de tom terno e triste), o idílio (poema pequeno de qualquer natureza), as canções, o acalanto, balada (ritmo lento), acróstico (a 1ª letra forma palavra ou frase) e soneto, a espécie mais importante em toda história poética da humanidade. E como exemplo do gênero dramático, citamos a tragédia, a comédia, a tragicomédia (drama), o auto (representação teatral de um ato) e a farsa (humor a partir das situações do cotidiano).

2) Antecedentes da Literatura Brasileira

Trovadorismo (século XII ao XIV)

A literatura na língua portuguesa surge em Portugal, no século XII. Os primeiros estilos foram o trovadorismo (século XII, XIII e XIV), o humanismo (século XV) e o classicismo (renascimento – século XVI). O primeiro foi marcado pela presença da poesia trovadoresca, que era cantada ao som do instrumento musical. Era uma literatura de qualidade discutível, com características lingüísticas próximas da oralidade, que apresentava uma visão teocêntrica do mundo e trazia a mulher como fonte de lirismo. Havia dois tipos de cantigas, as líricas e as satíricas. Tantos estas como aquelas poderiam ser de dois tipos, sendo as primeiras de amigo e de amor e as últimas de escárnio e de maldizer.

Nas cantigas de amigo, o trovador interpretava os sentimentos femininos, como se fosse uma mulher fazendo uma confissão amorosa à mãe, à amiga, ou aos elementos da natureza. A mulher se queixava pela ausência do namorado (amigo). A canção apresentava estrutura simples com poucas variações de versos. Já as cantigas de amor revelam o sentimento do trovador por uma dama que lhe é indiferente, por ser comprometida, ou por pertencer a uma classe social elevada, diferente da sua. Prevalece, nessa cantiga, o caráter idealista do amor, também conhecido como amor platônico.

As cantigas satíricas, de escárnio e de maldizer, fazem uma crítica contra alguém ou alguma coisa, procurando ridicularizar pessoas, organizações, ou costumes sociais. A diferença entre uma e outra é que, na primeira, faz-se uma sátira indireta que se observa nas entrelinhas, enquanto, na segunda, utiliza-se uma linguagem agressiva, com expressões grosseiras, com a intenção de denegrir a imagem, ou diminuir a importância do alvo temático, objeto da sátira.

Humanismo (século XV)

O humanismo, século XV, período de transição entre as idéias teocentristas do medievo e as idéias antropocentristas do Renascimento, coincide com a expansão marítima e início do mercantilismo europeu. Foi uma época importante para o desenvolvimento comercial e material, para ampliação do conhecimento do mundo e dos costumes de outros povos por meio das grandes navegações. Nesse período, desenvolveram-se a historiografia, com Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurra e Rui de Pina, a poesia palaciana, com João Ruiz de Castelo Branco e o teatro, com o criador do teatro popular português, Gil Vicente, cujas obras principais são o Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação (1502, Auto da Barca do Inferno (1517), Auto da Barca do Purgatório(1518), Auto da Barca da Glória (1519), Farsa de Inês Pereira (1523), O Velho da Horta (1512).

A obra de Gil Vicente reflete a mudança dos tempos, passagem da Idade Média para o Renascimento, época em que as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis. Era o início da subversão da ordem instituída, que colocava em xeque o poder da aristocracia portuguesa e marcava o início da ascensão da burguesia. Gil Vicente foi o principal representante da literatura lusitana, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita e influenciando a cultura popular portuguesa.

Classicismo (século XVI)

No século XVI, na Europa, dentro do movimento renascentista, surge o Classicismo, corroborando as idéias humanistas de valorização e autoafirmação do homem. De certa forma, foi o resgate dos ideais da antiguidade clássica e assimilação da cultura Greco-latina. Foi um período de turbulência religiosa, marcado pelas idéias reformista, de Martinho Lutero, que provocaram a cisão da igreja, originando o protestantismo. Curioso é que ao mesmo tempo em que o renascimento procurava valorizar a razão humana, a igreja criava o tribunal da inquisição para julgar e condenar aqueles que discordavam da sua orientação religiosa.

Figuram como principais autores do classicismo português Sá de Miranda, João de Barros, Bernadim Ribeiro, Antônio Ferreira, Fernão Mendes Pinto, Fernão Cadim e Luiz Vaz de Camões, o mais importante de todos. Camões se destacou como autor lírico e épico, sendo sua obra mais conhecida, Os Lusíadas.

Gêneros literários

Queridos alunos! Seguem abaixo esclarecimentos das dúvidas em relação aos estudos literários. Façam bom proveito!


LITERATURA

1) Gêneros literários

Nossa viagem pelos estudos literários parte do século V a.C. com os filósofos gregos Platão e Aristóteles. Inicialmente, Platão apresenta uma definição literária restrita, dividindo a poesia em três partes, épica, mimética e dramática, uma relacionada ao aspecto narrativo, outra aos recursos visuais e outra à representatividade. Podemos compreender essa definição platônica, quando recitamos uma poesia, pois este exercício nos leva a expressão do sentido da mensagem, que exprime uma força emotiva, realçada com a combinação dos gestos e das expressões indispensáveis à arte da representação de todo e qualquer texto.

Aristóteles, por sua vez, procurou ampliar a definição, já que, na sua concepção, os estudos literários não se restringiam à poesia. Assim qualquer tentativa de conceituação deveria levar em conta as outras espécies literárias. Para ele, as obras de arte em literatura poderiam ser agrupadas em dois gêneros, o épico e o dramático. No primeiro estariam as obras narrativas, caso das epopéias, e no segundo, as representativas, caso das tragédias, comédias e outras em que personagens, em cena, vivenciavam, naquele contexto, a tensão entre o homem e os problemas do mundo.
Essa conceituação permaneceu até a era cristã, quando o poeta latino, Horácio, nos anos 60 d.C., acrescentou o gênero lírico à teoria aristotélica, entendo que as obras de conteúdo sentimental, intimista, não estavam contempladas. De lá para cá, como pressuposto metodológico, o agrupamento das obras literárias, pelas suas características análogas ou semelhantes nos gêneros épico, lírico, ou dramático é o que prevalece.

A título de ilustração, salientamos que pertencem, dentre outros, ao gênero épico a epopéia, o romance, o conto, a crônica, a novela, a fábula; ao lírico pertencem a ode (poesia de exaltação, alegre), a elegia (poema de tom terno e triste), o idílio (poema pequeno de qualquer natureza), as canções, o acalanto, balada (ritmo lento), acróstico (a 1ª letra forma palavra ou frase) e soneto, a espécie mais importante em toda história poética da humanidade. E como exemplo do gênero dramático, citamos a tragédia, a comédia, a tragicomédia (drama), o auto (representação teatral de um ato) e a farsa (humor a partir das situações do cotidiano).

2) Antecedentes da Literatura Brasileira

Trovadorismo (século XII ao XIV)

A literatura na língua portuguesa surge em Portugal, no século XII. Os primeiros estilos foram o trovadorismo (século XII, XIII e XIV), o humanismo (século XV) e o classicismo (renascimento – século XVI). O primeiro foi marcado pela presença da poesia trovadoresca, que era cantada ao som do instrumento musical. Era uma literatura de qualidade discutível, com características lingüísticas próximas da oralidade, que apresentava uma visão teocêntrica do mundo e trazia a mulher como fonte de lirismo. Havia dois tipos de cantigas, as líricas e as satíricas. Tantos estas como aquelas poderiam ser de dois tipos, sendo as primeiras de amigo e de amor e as últimas de escárnio e de maldizer.

Nas cantigas de amigo, o trovador interpretava os sentimentos femininos, como se fosse uma mulher fazendo uma confissão amorosa à mãe, à amiga, ou aos elementos da natureza. A mulher se queixava pela ausência do namorado (amigo). A canção apresentava estrutura simples com poucas variações de versos. Já as cantigas de amor revelam o sentimento do trovador por uma dama que lhe é indiferente, por ser comprometida, ou por pertencer a uma classe social elevada, diferente da sua. Prevalece, nessa cantiga, o caráter idealista do amor, também conhecido como amor platônico.

As cantigas satíricas, de escárnio e de maldizer, fazem uma crítica contra alguém ou alguma coisa, procurando ridicularizar pessoas, organizações, ou costumes sociais. A diferença entre uma e outra é que, na primeira, faz-se uma sátira indireta que se observa nas entrelinhas, enquanto, na segunda, utiliza-se uma linguagem agressiva, com expressões grosseiras, com a intenção de denegrir a imagem, ou diminuir a importância do alvo temático, objeto da sátira.

Humanismo (século XV)

O humanismo, século XV, período de transição entre as idéias teocentristas do medievo e as idéias antropocentristas do Renascimento, coincide com a expansão marítima e início do mercantilismo europeu. Foi uma época importante para o desenvolvimento comercial e material, para ampliação do conhecimento do mundo e dos costumes de outros povos por meio das grandes navegações. Nesse período, desenvolveram-se a historiografia, com Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurra e Rui de Pina, a poesia palaciana, com João Ruiz de Castelo Branco e o teatro, com o criador do teatro popular português, Gil Vicente, cujas obras principais são o Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação (1502, Auto da Barca do Inferno (1517), Auto da Barca do Purgatório(1518), Auto da Barca da Glória (1519), Farsa de Inês Pereira (1523), O Velho da Horta (1512).

A obra de Gil Vicente reflete a mudança dos tempos, passagem da Idade Média para o Renascimento, época em que as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis. Era o início da subversão da ordem instituída, que colocava em xeque o poder da aristocracia portuguesa e marcava o início da ascensão da burguesia. Gil Vicente foi o principal representante da literatura lusitana, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita e influenciando a cultura popular portuguesa.

Classicismo (século XVI)

No século XVI, na Europa, dentro do movimento renascentista, surge o Classicismo, corroborando as idéias humanistas de valorização e autoafirmação do homem. De certa forma, foi o resgate dos ideais da antiguidade clássica e assimilação da cultura Greco-latina. Foi um período de turbulência religiosa, marcado pelas idéias reformista, de Martinho Lutero, que provocaram a cisão da igreja, originando o protestantismo. Curioso é que ao mesmo tempo em que o renascimento procurava valorizar a razão humana, a igreja criava o tribunal da inquisição para julgar e condenar aqueles que discordavam da sua orientação religiosa.

Figuram como principais autores do classicismo português Sá de Miranda, João de Barros, Bernadim Ribeiro, Antônio Ferreira, Fernão Mendes Pinto, Fernão Cadim e Luiz Vaz de Camões, o mais importante de todos. Camões se destacou como autor lírico e épico, sendo sua obra mais conhecida, Os Lusíadas.